A invasão da Ucrânia pela Rússia derrubou as Bolsas ao redor do mundo – e o Ibovespa não foi exceção. Contudo, um discurso do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na tarde de hoje, anunciando a “maior sanção econômica já vista na história”, ajudou a limitar a queda dos mercados globais.
Com isso, o principal índice da Bolsa de valores brasileira fechou em baixa de 0,37%, depois de chegar a cair 2,4% ao longo do dia, terminando o pregão aos 111.591 pontos, com R$ 31,96 bilhões em volume negociado. Assim, as perdas de fevereiro ampliam para -0,28%, enquanto o saldo do ano segue sendo de alta de 6,46%.
Em Nova York, o S&P 500 fechou em alta de 1,43%, o Dow Jones subiu 0,28% e o Nasdaq teve alta de 0,28%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve recuo de 3,64%.
Na contramão das Bolsas, o dólar, considerado um ativo de proteção, inverteu a tendência dos últimos dias e fechou em alta de 2,02%, a R$ 5,1052.
Putin balança mercados
A Rússia, que vinha negando que invadiria a Ucrânia, mudou de posição e iniciou operações militares no país. O dia começou com grandes explosões em toda a Ucrânia. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que quem tentar interferir militarmente na região sofrerá consequências sem precedentes.
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Em resposta, o presidente americano, Joe Biden, realizou um pronunciamento nesta tarde no qual prometeu uma série de sanções ao governo russo, em especial no âmbito financeiro e econômico.
Biden afirmou que, em acordo com o G-7, organização que reúne as sete maiores economias do mundo, a Rússia está impedida de realizar quaisquer negociações em dólar e euro. O líder americano considera esta como “a maior sanção econômica já vista na história”.
Além disso, um terço de todos os bancos russos será cortado do sistema financeiro. O objetivo, segundo o presidente dos EUA, é impedir que os russos obtenham dinheiro de americanos e empresas americanas.
Em contrapartida, o governo da China se posicionou de forma diferente, dizendo que a Rússia segue sendo um aliado econômico e que a atividade comercial entre os países não deve ser afetada.
Além do dólar, a cotação das commodities também disparou com a escalada do conflito. O petróleo Brent fechou em alta de 2,31%, a US$ 99,08, ajudando as empresas do setor: PetroRio (PRIO3) teve leve baixa de 0,12% e 3R Petroleum (RRRP3) teve avanço de 1,52%.
Exceção, a Petrobras (PETR4) fechou em queda de 2,43%, depois de divulgar balanço abaixo das expectativas do mercado para o quarto trimestre de 2021. A estatal registrou lucro líquido de R$ 31,5 bilhões no trimestre, queda de 47,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com o terceiro trimestre, houve expansão de 1,2%.
A valorização do petróleo e a alta do dólar são fatores que podem prejudicar a economia brasileira. Os preços mais altos da commodity podem fazer os combustíveis ficarem mais caros, aumentar a inflação e prolongar o ciclo de aumento nos juros do país.
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A inflação mais alta aparece nos resultados das empresas como aumento de custos operacionais, enquanto os juros mais altos podem resultar em um crescimento das despesas financeiras – com a exceção notória sendo as companhias do setor financeiro, como bancos e seguradoras, que tendem a se beneficiar deste cenário.
Destaques do pregão
No fechamento, as maiores baixas do Ibovespa eram de Qualicorp (QUAL3), Rede D’Or (RDOR3) e BRF (BRFS3), que recuavam 14,77%, 7,66% e 6,07%, respectivamente. Na ponta oposta, SulAmérica (SULA11), Minerva (BEEF3) e Locaweb (LWSA3) lideravam as altas, com ganhos de 15,19%, 7,04% e 5,61%.
A Azul (AZUL4) caiu 5,85% depois de fechar o quarto trimestre de 2021 com prejuízo líquido de R$ 945,7 milhões, revertendo o lucro de R$ 538,2 milhões apurado no mesmo período de 2020. Junto com a Azul, outras companhias do setor de turismo caíram diante do conflito no leste europeu: Gol (GOLL4) teve baixa de 2,57% e CVC (CVCB3), de 3,52%.
A aversão ao risco nos mercados também derrubou os grandes bancos. Itaú (ITUB4) fechou em baixa de 1,69%; Santander (SANB11), de 3,41%; Bradesco (BBDC4), de 3,02%; e Banco do Brasil (BBAS3), de 3,19%.
Na direção oposta, a SulAmérica disparou depois de ter assinado um acordo para ser incorporada pela Rede D’Or. A companhia também divulgou balanço com os resultados do quarto trimestre na noite de ontem. A empresa registrou prejuízo de R$ 31 milhões no período entre outubro e dezembro. Em igual período do ano anterior, a companhia havia anotado lucro líquido de R$ 42,7 milhões.
Na contramão da adquirida, a ação da Rede D’Or teve forte baixa. Segundo a equipe de analistas da XP Investimentos, em relatório publicado hoje, ainda que a transação amplie a presença da Rede D’Or em toda a cadeia de valor de saúde, há um “alto risco de que esse negócio prejudique o relacionamento com as operadoras de planos de saúde responsáveis pela maior parte das receitas da Rede D’Or”.
A Minerva (BEEF3) também teve forte alta depois de reportar aumento de 30% no lucro do quarto trimestre do ano passado. Segundo o Itaú BBA, os resultados ficaram acima das previsões do mercado.
A Ultrapar (UGPA3) subiu 3,62% depois de divulgar que teve lucro líquido de R$ 390 milhões no quarto trimestre, queda de 10% em relação a igual período do ano passado, mas alta de 4% na comparação com o terceiro trimestre.
O mercado agora aguarda os balanços de Vale (VALE3), JHSF (JHSF3), Hypera (HYPE3), Americanas (AMER3) e CCR (CCRO3), que serão divulgados após o fechamento do pregão.