Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) pressionam e Ibovespa encerra em queda de quase 2%

Empresas sofrem com recuo do minério de ferro e do petróleo após incertezas com reabertura da China

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

O Ibovespa teve mais um dia de perdas nesta quinta-feira (2), indo na direção oposta às principais Bolsas globais, refletindo a queda em bloco de mineradoras e siderúrgicas e da Petrobras (PETR4; PETR3).

Na ponta positiva, as aéreas dispararam com o recuo do dólar – que chegou a performar abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde junho do ano passado -, com os investidores digerindo as decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Neste cenário, o principal indicador da Bolsa brasileira fechou o pregão em queda de 1,73%, a 110.141 pontos e R$ 23,63 bilhões em volume negociado, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O desempenho faz o Ibovespa registrar queda de 1,93% na semana, enquanto desde o início do ano, a valorização é de 0,37%.

Minério de ferro e petróleo recuam

O grupo de queda foi predominado por empresas expostas ao minério de ferro, que nessa quinta-feira fechou em baixa de 3,33% em Dalian, a US$ 125,16 por tonelada.

O movimento reflete o temor dos investidores da reabertura da economia chinesa após fortes expectativas nas últimas semanas.

O sentimento fez com que a Vale (VALE3) – empresa com maior peso no Ibovespa – recuasse 4,62%. No grupo, CSN Mineração (CMIN3) e CSN (CSNA3) perderam 7,12% e 5,46%, respectivamente, enquanto Usiminas (USIM5) caiu 5,95%.

Vale ressaltar que foi justamente a expectativa de retomada das atividades na China desde o fim do ano passado que elevou a cotação do minério ao atual patamar.

Saiba mais:

Esse movimento de alta visto nos últimos três meses de 2022 impactou fortemente as ações de mineradoras e siderúrgicas na Bolsa brasileira. A Vale viu seus papéis avançarem 36,48% do primeiro dia de novembro até o dia 31 de janeiro. Já a siderúrgica CSN avançou cerca de 64,30% neste intervalo, enquanto a CSN Mineração ganhou quase 80%.

Com isso, o movimento de baixa do dia também pode ser uma realização de lucros, com os investidores que surfaram na onda de alta dessas ações vendendo suas posições.

Assim como o minério, o barril do petróleo tipo Brent recuou na ICE. O contrato mais negociado caiu 0,91%, cotado a US$ 82,08, também repercutindo o temor dos investidores com a economia chinesa.

Com isso, os papéis preferenciais da Petrobras caíram 4,63% e os ordinários perderam 4,74%.

Fora do Ibovespa, as ações da Oi (OIBR3; OIBR4) desabaram após a empresa anunciar que pediu à Justiça do Rio de Janeiro uma liminar para evitar que credores cobrem algumas das dívidas da companhia. O papel ordinário perdeu 31,78%, enquanto o preferencial cedeu 27,56%.

O comunicado, divulgado na noite de ontem, trouxe para o mercado uma possibilidade de a companhia entrar novamente em recuperação judicial. A Oi, vale ressaltar, encerrou um processo de recuperação judicial de quase seis anos em dezembro do ano passado.

Segundo Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos, um pedido para segunda RJ apenas 60 dias depois da saída da primeira demostra a fraqueza no processo de restruturação da Oi.

Dólar cai e aéreas disparam

A Gol (GOLL4) e a Azul (AZUL4) dispararam nesta quinta e fecharam em alta de 13,12% e 7,15%, nesta ordem. O impulso foi dado pelo recuo do dólar, que fechou o dia perdendo 0,12%, cotado a R$ 5,07.

O comportamento da moeda americana reflete as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Por aqui, o Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, e indicou que a Selic deverá ficar nesse patamar por mais tempo que o esperado.

Nos EUA, o Federal Reserve, o banco central americano, aumentou a taxa de juros para a faixa de 4,50% a 4,75% ao ano, mas diminuiu o ritmo de alta da taxa, dados os sinais de arrefecimento da inflação por lá.

A perspectiva de altas de juros menos intensas nos EUA e de manutenção de uma taxa alta por aqui tende a desvalorizar o dólar. Isso porque a diferença entre as taxas favorece a entrada de capital externo no Brasil e o aumento da oferta de moeda estrangeira no mercado doméstico.

“Empresas que tem dívidas em dólar e custos também atrelados ao dólar se beneficiam dessa queda no dia”, explica Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital.

A ponta de cima também teve grande participação de varejistas, com Petz (PETZ3) fechando em alta de 2,74%, enquanto Via Varejo (VIIA3) subiu 3,40%.

Ruídos políticos

Após a decisão do BC de manter a taxa de juros brasileira, aliados junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram o patamar atual, o gerou ruídos no mercado.

Nesta manhã, a deputada e presidente do PT, Gleisi Hoffman, criticou e declarou que “não há economia que resista a uma taxa de juros de mais de 13,5%”.

Segundo Hoffman, o Brasil precisa urgente de crescimento, para gerar empregos e oportunidades. “O país não pode ficar esperando que o Banco caia na real”, disse em sua conta no Twitter.

Mercado global e criptos

As Bolsas internacionais fecharam majoritariamente em alta nesta quinta, em repercussão ao Fed e à decisões monetárias na Inglaterra e Zona do Euro.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve o ritmo de altas visto desde o final de 2022 e elevou suas taxas de juros em 0,5 p.p na reunião de seu comitê de política monetária. Com isso, a taxa básica subiu de 2,50% para 3% ao ano, o maior patamar desde novembro de 2008.

O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) também elevou sua taxa básica de juros em 0,5 p.p, atingindo 4% ao ano.

Ambos os aumentos já eram esperados pelo mercado, assim como foi visto na véspera pelo Fed.

Em Wall Street, o Dow Jones fechou em queda de 0,12%, enquanto S&P 500 subiu 1,47% e a Nasdasq ganhou 3,25%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 teve alta de 1,67%.

A decisão de juros também repercutiu positivamente no mercado de criptoativos. Por volta de 16h55, o Bitcoin (BTC) tinha ganhos próximos de 2% em comparação as últimas 24 horas, ficando acima de US$ 23,5 mil. Já o Ethereum tinha alta de quase 5%, a US$ 1,6 mil.

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