O rali visto no preço do minério de ferro no mês passado, que levou a commodity a rondar os US$ 130 por tonelada, parece ter dado uma trégua neste início de fevereiro, em meio a receios do mercado com a situação econômica da China, um dos maiores consumidores mundiais da commodity.
No final de janeiro, o governo do país anunciou que adotará medidas para estimular a economia, que cresceu 3% em 2022 – um desempenho abaixo da média para a China, que ao longo da última década registrou expansão de aproximadamente 7% ao ano no Produto Interno Bruto (PIB), desconsiderando os anos da pandemia, segundo dados do Banco Mundial.
O país quer dar mais ênfase ao crescimento baseado no consumo interno, mas antes disso precisa enfrentar problemas que pesam sobre a economia agora, como o enfrentamento das consequências da pandemia de Covid-19 e a esperada fraqueza nas exportações do país, dada a perspectiva de desaceleração na economia mundial.
Yang Yao, diretor do Centro para Pesquisa Econômica da China, afirmou num artigo recente que o consumo interno da China precisaria aumentar mais de 6% neste ano para que o país atinja uma taxa de crescimento potencial de 5,5% em 2023.
Ele ressalta, porém, que isso “de forma alguma será tarefa fácil” dada a queda na demanda interna nos últimos anos, resultado das políticas da China para impedir a circulação de pessoas a fim de combater o Covid-19.
Vale lembrar que o principal suporte ao rali do preço do minério neste começo de ano foi o fato de a China ter feito um relaxamento destas políticas. Agora, a perspectiva mais pessimista para a demanda interna e o crescimento da economia coloca em xeque até quando o rali deve perdurar.
Com isso, o minério de ferro mais negociado em Dalian, que tem vencimento em maio, encerrou em queda de 3,3%, a US$ 125 por tonelada. Durante as negociações desta quinta-feira (2), porém, a commodity chegou a ser negociada abaixo desse valor e voltou a níveis vistos pela última vez em meados de janeiro.
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Ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras
Esse pessimismo vindo do outro lado do planeta bate diretamente nas ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras, tanto que as empresas lideram as quedas do Ibovespa nesta quinta, já que são altamente expostas ao minério de ferro.
Por volta de 13h, a CSN (CSNA3) liderava as quedas do principal índice da bolsa brasileira, recuando 5,6%. Na sequência, apareciam Usiminas (USIM5 -4,0%), CSN Mineração (CMIN3 -3,9%) e Vale (VALE3 -3,9%).