Mercado reage a acordo EUA-Japão e Petrobras impulsiona Ibovespa

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O Ibovespa encerrou a quarta-feira (23) em alta de 0,99%, aos 135.368 pontos, impulsionado por um cenário externo mais positivo e pelo bom desempenho da Petrobras. O avanço do principal índice da bolsa brasileira refletiu a melhora no humor global após o novo acordo comercial entre Estados Unidos e Japão, além da expectativa por avanços nas negociações entre os EUA e a União Europeia.

O acordo firmado pelos norte-americanos com o Japão prevê a redução das tarifas de 25% para 15% sobre carros e outros produtos japoneses exportados aos EUA. Em contrapartida, o Japão se comprometeu com investimentos e empréstimos da ordem de US$ 550 bilhões em território americano. O presidente dos EUA, Donald Trump também afirmou que representantes da União Europeia estariam em Washington nesta quarta-feira para discutir um acordo semelhante, que pode evitar o início de novas tarifas em 1º de agosto. As conversas seguem em meio ao temor de que produtos europeus passem a ser tarifados em até 30%. Há expectativa de que um entendimento resulte em uma tarifa-base de 15%, replicando o modelo firmado com Tóquio.

O ambiente de maior otimismo internacional influenciou positivamente os mercados, mas o Brasil se posicionou com firmeza na Organização Mundial do Comércio. O governo brasileiro criticou o uso político de tarifas comerciais e alertou sobre os riscos para a estabilidade econômica global. Em discurso na OMC, o embaixador Philip Gough condenou o que chamou de tarifas arbitrárias e caóticas, que ameaçam desestruturar as cadeias globais de valor. Embora sem mencionar diretamente os EUA, o pronunciamento foi interpretado como uma resposta às ameaças de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto. O posicionamento brasileiro recebeu o apoio de cerca de 40 países, incluindo Canadá, União Europeia e membros do Brics.

Gough também ressaltou que o Brasil continuará priorizando soluções negociadas, mas que usará todos os meios legais disponíveis para defender sua economia, inclusive o sistema de disputas da própria OMC, caso as negociações com os Estados Unidos não avancem. Ele ainda reforçou o compromisso do país com o multilateralismo, a separação de poderes e a resolução pacífica de controvérsias.

No setor corporativo, a Petrobras (PETR4) teve um dia de destaque com alta de 2,04%, impulsionada por uma combinação de fatores. O relatório da XP trouxe projeções favoráveis para o desempenho da petroleira, incluindo um lucro líquido de US$ 4,8 bilhões, mesmo com uma queda de 20% em relação ao trimestre anterior. O Ebitda deve se manter estável em US$ 10,5 bilhões, e a expectativa é de que a companhia distribua US$ 2,2 bilhões em dividendos, o que representa um dividend yield de cerca de 3% no trimestre.

Outro fator relevante foi a aprovação, pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Acordo de Individualização da Produção (AIP) da jazida de Jubarte, no pré-sal da Bacia de Campos. O acordo define as participações e as regras de operação conjunta entre Petrobras, Shell, ONGC, Brava Energia e a União. A estatal permanecerá como operadora majoritária com 97,25% de participação. O AIP é considerado essencial para garantir a segurança jurídica e a continuidade das operações em áreas compartilhadas, e representa mais um passo na consolidação da Petrobras como protagonista no desenvolvimento do pré-sal brasileiro.

Na ponta oposta, a WEG (WEGE3) teve a maior queda do dia, com recuo de 8,01%, fechando a R$ 38,01, menor nível desde junho de 2024. A empresa reportou lucro líquido de R$ 1,592 bilhão no segundo trimestre de 2025, resultado 10,4% superior ao do mesmo período do ano anterior, mas abaixo das expectativas do mercado, que esperava R$ 1,76 bilhão. O Ebitda cresceu 6,5%, totalizando R$ 2,260 bilhões, mas a margem Ebitda caiu 0,8 ponto percentual, para 22,1%, o que decepcionou os investidores.

A BRF (BRFS3) também caiu, recuando 1,85%, em meio a dúvidas do mercado sobre o processo de fusão com a Marfrig (MRFG3). A assembleia para aprovar a incorporação da BRF pela Marfrig está no radar dos investidores, e há receio de que o encontro possa ser novamente adiado.

Por fim, a Vale (VALE3) apresentou seus dados operacionais do segundo trimestre, com destaque para o crescimento de 3,7% na produção de minério de ferro. Apesar dos bons números, o mercado reagiu de forma neutra, e a ação da mineradora fechou o dia em queda leve de 0,14%. A produção de níquel e cobre atingiu os maiores níveis para um segundo trimestre desde 2021 e 2019, respectivamente. Segundo analistas, os resultados vieram dentro do esperado, sem grandes surpresas para o mercado.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Raízen (RAIZ4): +5,48%

• CVC (CVCB3): +4,74%

• Natura (NATU3): +4,27%

• MRV (MRVE3): +4,20%

• Magalu (MGLU3): +4,00%


Baixas

• Weg (WEGE3): -8,01%

• BRF (BRFS3): -1,85%

• Vamos (VAMO3): -1,52%

• Santos Brasil (STBP3): -0,36%

• Prio (PRIO3): -0,26%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:

• Dow Jones: +1,14%

• Nasdaq: +0,61%

• S&P 500: +0,78%


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