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Títulos atrelados ao IPCA chegam a subir mais de 7% e lideram ganhos no Tesouro Direto em março; ainda vale a pena?

Papéis indexados ao IPCA continuam atrativos diante da aproximação do fim do ciclo de alta da Selic e do patamar elevado da inflação

Foto: Shutterstock

A alta da inflação e a queda das taxas dos títulos do Tesouro Direto, que recuaram com a sinalização de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim, contribuíram para a valorização dos papéis Tesouro IPCA+, que lideraram os ganhos em março.

Para os próximos meses, analistas ainda veem os títulos indexados à inflação como investimentos  interessantes, dada a aproximação do fim de ciclo de alta da taxa Selic, que vinha beneficiando os papéis pós-fixados, e do patamar ainda elevado do IPCA.

A média das projeções dos analistas do último Boletim Focus aponta para um IPCA de 6,86% em 2022 e de 3,8%, em 2023.

O título Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 liderou os ganhos em março, com valorização de 7,54%.

Confira a seguir o desempenho de todos os títulos públicos, disponíveis ou não para compra, no Tesouro Direto, em março.

Fonte: Tesouro Direto. * Posição em 31/03/2022 referente aos últimos 30 dias
Título Vencimento Retorno em março* (em %)
Tesouro IPCA+ 15/05/2045 7,54
Tesouro IPCA+ 15/05/2035 5,04
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2040 4,18
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2035 4,06
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais 01/01/2031 3,86
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2032 3,67
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2030 3,39
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2050 3,35
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2045 3,32
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/05/2055 3,28
Tesouro IPCA+ 15/08/2024 2,81
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2024 2,8
Tesouro IPCA+ 15/08/2026 2,78
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 15/08/2026 2,76
Tesouro Selic 01/03/2025 0,94
Tesouro Selic 01/03/2023 0,93
Tesouro Selic 01/09/2024 0,93
Tesouro Selic 01/03/2027 0,77
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2023 0,75
Tesouro Prefixado 01/01/2023 0,72
Tesouro Prefixado 01/01/2029 0,59
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2029 0,51
Tesouro Prefixado 01/01/2025 0,5
Tesouro Prefixado 01/01/2026 0,5
Tesouro Prefixado 01/07/2024 0,48
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2033 0,44
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2025 0,37
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2027 0,04
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 01/01/2031 -0,24

De forma geral, os papéis Tesouro IPCA+ com vencimentos mais longos tiveram melhor desempenho no mês passado, com a forte entrada de investimentos estrangeiros ajudando a reduzir os prêmios de risco no Brasil.

O índice que acompanha o desempenho dos papéis atrelados à inflação com vencimento acima de cinco anos, o IMA-B5+, subiu 3,56% em março, enquanto o índice que acompanha uma carteira com todos os títulos indexados ao IPCA, o IMA-B, avançou 1,57%.

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O Brasil tem sido beneficiado pela valorização dos preços das commodities e pela alta da taxa básica de juros. O país tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, descontada a inflação, só perdendo para a Rússia.

Na ata da última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou mais uma elevação de 1 ponto percentual da Selic em maio, levantando a possibilidade de que poderia encerrar o ciclo de aperto monetário na próxima reunião se a inflação para 2023 continuar abaixo da meta, de 3,25% em sua projeção.

Isso fez com que o mercado ajustasse as apostas, prevendo o encerramento do ciclo de alta da Selic no primeiro semestre, o que contribuiu para a queda das taxas de juros. Vale lembrar que, quando a taxa do título público cai, o preço se valoriza, mas o investidor só realiza o ganho ou a perda se vender o papel antes do prazo final do investimento.

Proteção contra a alta da inflação

Com o ciclo de alta de juros se aproximando do fim, os títulos indexados ao IPCA passam a ser uma alternativa interessante, ao oferecerem uma proteção contra a inflação. “As taxas desses títulos parecem já ter chegado a um limite e, de agora em diante, esses papéis oferecem boa perspectiva de ganho com o fechamento [queda] dessas taxas”, diz Blanco, sinalizando oportunidade de ganho em caso de venda antecipada dos papéis.

Entre os ativos atrelados ao IPCA, a estrategista da Órama sugere os papéis do Tesouro IPCA+ com prazos mais curtos. O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2026 está pagando uma taxa prefixada de 5,18% mais a variação da inflação.

A Órama espera taxa Selic de 12,75% no fim do ciclo de aperto monetário, que deve terminar no primeiro semestre, e projeta um IPCA de 6,90% para 2022.

Já os títulos atrelados à inflação com prazos mais longos podem sofrer com a alta das taxas de juros nos Estados Unidos, apontou o BTG Pactual, no relatório de Macro & Estratégia divulgado em 24 de março.

Em março, o banco central americano iniciou o ciclo de alta de juros, elevando a taxa básica americana em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 0,25% e 0,50%.

Nesse cenário, o BTG tem preferido os títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+) com vencimentos mais curtos, entre 2024 e 2028. “Embora se aproximando do ciclo final de altas da Selic, ainda enfrentamos um cenário de elevada incerteza de inflação local e global, que usualmente vem acompanhada de maior volatilidade na curva de juros – amplificada por uma discussão eleitoral que ganha cada vez mais peso”, disse o banco, em relatório.

O BTG também continua a ver oportunidade em papéis pós-fixados (Tesouro Selic), diante da expectativa de manutenção da taxa básica em patamar elevado por mais tempo.

O banco prevê alta da taxa Selic até 13,25% em junho, com manutenção da taxa em patamar elevado por mais tempo, que cairia para 9% em 2023 (ante 8% na estimativa anterior).

Títulos prefixados para 2031 lideram perdas

Na ponta contrária, os títulos prefixados do Tesouro lideraram as perdas do Tesouro Direto no mês passado, principalmente os com vencimento mais longos, que são mais voláteis. O título Tesouro prefixado com pagamento de juros semestrais com vencimento em 2031 teve a pior performance, com leve baixa de 0,24%.

Esses papéis são mais vulneráveis a movimentos de aversão a risco e sofreram o impacto da expectativa de uma aceleração da alta taxa de juros nos EUA, diante do aumento da pressão inflacionária com a subida do preço do petróleo diante da guerra na Ucrânia.

Os títulos do Tesouro americano (Treasuries) são considerados um porto seguro no mercado e uma alta das taxas desses papéis faz com os investidores saiam de mercados emergentes para comprar esses ativos.

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