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Boletim Focus: projeções de inflação para 2022 e 2023 voltam a subir

Ontem, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, reafirmou que o BC trabalha com fim do ciclo em 12,75%

Gabriel Tomé

Gabriel Tomé

Foto: Shutterstock

Apesar da indicação do Banco Central de que só deve subir a taxa básica de juros (Selic) mais uma vez, a 12,75% ao ano, o que seria suficiente para levar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para a meta em 2023, analistas ouvidos semanalmente no Boletim Focus continuam esperando uma inflação cada vez maior para este ano e o próximo.

O levantamento semanal mostra que o mercado espera uma alta de preços de 6,86% em 2022 e 3,8% em 2023, acima do centro dos objetivos para os dois anos (de 3,5% e 3,25%, respectivamente, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo).

Atualmente, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) já está mirando totalmente a meta de inflação de 2023 nas suas decisões sobre juros. Na ata da última reunião, divulgada na semana passada, o BC já havia indicado que projeta um IPCA ao redor da meta para o ano que vem, levando em consideração um cenário alternativo para o preço do petróleo.

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Ou seja, o BC trabalha com perspectivas mais favoráveis do que analistas de mercado para a alta de preços no ano que vem.

Na noite deste domingo (27) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou, em entrevista ao programa Canal Livre, da Band, que um novo aumento de 1 ponto na Selic (que levaria a taxa a 12,75% ao ano) é suficiente para levar a inflação à meta em 2023.

Como sempre, ponderou que o BC pode mudar de ideia se necessário. “Se houver impacto da guerra, podemos mudar. Mas entendemos que 12,75% seria taxa capaz de levar a inflação à meta no horizonte relevante”.

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Apesar disso, o Focus, divulgado nesta segunda (28), mostrou que o mercado manteve a aposta em uma taxa básica de juros de 13% no final deste ano e de 9% em 2023.

As expectativas para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) para os dois anos foram mantidas. Em 2022, os analistas de mercado apostam em um crescimento da atividade econômica de 0,50%, e para o ano que vem de 1,30%.

A forte entrada de recursos estrangeiros no Brasil, consequência da alta nas cotações de commodities e elevação dos juros, levaram os analistas a mudarem as expectativas para a cotação do dólar. As apostas agora se concentram em um dólar de R$ 5,25 no final deste ano (contra expectativa anterior de R$ 5,30) e de R$ 5,20 no ano que vem (a projeção anterior era de R$ 5,22).

Boletim Focus

O que é a pesquisa Focus?

O Boletim Focus é uma publicação divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central às 8h25, contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, como taxa de juros básica, inflação, câmbio e juros.

O relatório apresenta resultados de uma pesquisa feita diariamente com as previsões de bancos, gestoras de recursos e corretoras, entre outros participantes do mercado, e faz parte do arcabouço da política monetária. O objetivo é monitorar a evolução das expectativas do mercado para as principais variáveis macroeconômicas, dando assim elementos ao Banco Central para decidir sobre a taxa básica da economia, a Selic.

O levantamento foi criado em 1999 como parte da transição brasileira para o regime de metas de inflação, no qual o BC se compromete a atuar para garantir que a variação de preços medida pelo IPCA esteja em linha com um objetivo pré-estabelecido.

Um dos propósitos do BC é exatamente ancorar (ou guiar) as expectativas do mercado financeiro. A razão para isso é que, quanto mais previsíveis forem as condições macroeconômicas de um país, menores tendem a ser as contrapartidas pedidas pelos investidores.

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