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Teto para os juros, inflação desacelerando e dólar a R$ 4,78; o que marcou a semana

Saldo do cenário da semana foi positivo para a Bolsa brasileira

Gustavo Nicoletta

Gustavo Nicoletta

Foto: Shutterstock

Só mais uma vez, mais uma alta no ano. Esta é a previsão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a respeito do cenário mais provável para a trajetória das taxas de juros no Brasil. A expectativa é de que em maio a taxa suba para 12,75% e lá permaneça, pelo menos até o final de 2022.

Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano – nível equiparável ao da prévia da inflação de março, que indicou desaceleração no ritmo de alta dos preços.

Os investidores internacionais, que há alguns meses redescobriram o Brasil e passaram a enviar bilhões de dólares para cá, estão de olho nisso.

Para entender o motivo, basta fazer uma comparação com os Estados Unidos, onde as taxas de juros estão entre 0,25% e 0,50% ao ano, enquanto a inflação está em 7,9%.

Quem aplica na renda fixa por lá hoje perde para a inflação – e vai continuar perdendo por um bom tempo. Além disso, a expectativa é a de que os juros americanos sigam aumentando e prejudicando os resultados das empresas, enquanto no Brasil as companhias já absorveram boa parte deste efeito negativo e há luz no fim do túnel.

Esse quadro aumentou e muito o apelo do Brasil no exterior. O volume de dólares entrando no mercado é tão grande que empurrou a taxa de câmbio oficial para R$ 4,78 – o menor nível desde 13 de março de 2020.

Histórico da taxa de câmbio oficial, a Ptax, de julho de 2019 até quinta-feira (24). Fonte: Banco Central / Agência TradeMap

O cenário, porém, continua incerto, principalmente por causa da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. O conflito completou quatro semanas na última quinta-feira (25), sem sinal de avanço nas negociações diplomáticas para encerrar o confronto.

Uma coisa está cada vez mais clara: a relutância da União Europeia em embargar produtos da Rússia para punir o país por ter invadido a Ucrânia. Isso ajudou a manter os preços do petróleo mais comportados – a diferença entre o menor e o maior valor de fechamento do barril nesta semana foi de US$ 6. Na semana anterior, chegou a quase US$ 10.

O saldo deste cenário para a Bolsa brasileira foi positivo. O Ibovespa fechou em alta todos os dias da semana, acumulando oito valorizações seguidas.

Veja os destaques do noticiário da Agência TradeMap na semana.

Teto para juros ainda é dúvida, dizem ex-diretores do BC

Ainda há uma ala do mercado que duvida da possibilidade de a Selic estacionar em 12,75%, e acha que a taxa precisará subir mais. Neste grupo, estão Rodrigo Azevedo e Alexandre Schwartsman, ex-diretores da instituição.

O primeiro acha que para chegar mais perto da meta de inflação de 2023, a Selic terá que terminar este ano em pelo menos 13,25%, enquanto o segundo aponta que o Banco Central terceirizou parte do controle inflacionário aos preços do petróleo ao contar com a queda no valor do barril – algo que pode não ocorrer.

Nem todo o varejo está com mau desempenho

O consenso do mercado é o de que o setor de varejo será um dos mais atingidos pela inflação elevada, o desemprego em níveis altos e a economia desacelerando, mas na comparação com um ano atrás há algumas empresas que apresentaram bons desempenhos.

A TradeMap analisou as chamadas vendas “mesmas lojas”, que consideram o desempenho de lojas existentes há pelo menos um ano, de seis empresas do setor. Um dos destaques foi a Arezzo, que reverteu resultados negativos de 2020. No sentido contrário, Magazine Luiza viu as vendas recuarem no final do ano passado e ficarem praticamente estáveis no acumulado de 2021. Confira a análise completa aqui.

Itaúsa abre o leque e faz proposta por fatia na CCR

A Itaúsa, holding com participações em várias empresas, deu mais um passo em sua estratégia de diversificação e lançou uma oferta por parte da participação da Andrade Gutierrez na CCR.

A transação ainda deve demorar – a expectativa é a de que leve até dois meses para ser concluída – mas demonstra que a Itaúsa, de bolso cheio, segue firme no propósito de reduzir sua dependência dos resultados do Itaú Unibanco.

Marfrig e BRF unidas?

A eleição para o conselho de administração da BRF está marcada para a próxima segunda-feira (28). Desta vez, será um tanto diferente. A Marfrig, que comprou milhões de ações da BRF em maio do ano passado e atualmente possui mais de 30% da companhia, formou uma chapa de candidatos ao colegiado.

Sergio Rial, ex-CEO do Santander Brasil e atual chairman da instituição, integra o grupo. O empresário Marcos Molina, fundador da Marfrig e que liderou a compra de papéis da concorrente em 2021, ocupa o posto de chairman na chapa. Será que BRF e Marfrig estão perto de um casamento definitivo agora?

Manipulação de mercado por meio de aluguel de ações?

O megainvestidor Luiz Barsi chamou a atenção nesta semana ao afirmar que as operações de venda de ações realizadas por meio do aluguel do papel criam distorções no mercado. Mas casos como o que aconteceu com a ação da GameStop, uma tradicional rede de lojas de videogames nos EUA ano passado, por exemplo, são mais difíceis de ocorrer no Brasil.

Aqui, existem regras que limitam as operações de aluguel e venda de ações, de modo a proteger tanto os investidores quanto as empresas listadas de manipulações.

Agenda da semana

A FGV publica o IGP-M de março na quarta-feira. No mesmo dia, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga os preços ao produtor de fevereiro e o Banco Central apresenta dados sobre crédito, também referentes ao segundo mês do ano.

Na quinta-feira. serão divulgados dados sobre consumo e gastos pessoais nos EUA em fevereiro, assim como o índice de inflação PCE para o período – o preferido do banco central do país.

No Brasil, o IBGE informa a taxa de desocupação relativa a fevereiro.

Na sexta, será a vez do relatório sobre mercado de trabalho (payroll) dos EUA referente a março e do índice ISM sobre atividade industrial.

Será publicada também a leitura preliminar da inflação de março da zona do euro.

E por aqui, será divulgada a primeira prévia da nova carteira do Ibovespa e, pelo IBGE, a produção industrial de fevereiro.

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