Queda da Bolsa em abril é boa oportunidade para comprar ações, diz Órama

A queda de 8% do Ibovespa em abril é um bom momento para comprar ações descontadas na Bolsa, na visão da Órama, que acredita que esse movimento recente é uma correção pontual e que os ativos brasileiros ainda continuam atrativos para os investidores estrangeiros. A instituição manteve a previsão para o Ibovespa em 130 mil pontos.

“Vemos o Brasil como um destino confiável, com boas oportunidades para os investidores estrangeiros e achamos que esse movimento de abril foi uma saída pontual”, afirma a estrategista-chefe da Órama, Sandra Blanco.

Em abril, até o dia 26, houve saída de R$ 4,3 bilhões de investidores estrangeiros da Bolsa.

Preocupações sobre o impacto de medidas de lockdown na China em função do aumento dos casos de Covid-19 no crescimento do país asiático e de uma aceleração da taxa de juros nos Estados Unidos aumentaram a aversão a risco e contribuíram para uma realização de lucro nas ações brasileiras que mais tinham subido, diz Blanco.

Esse foi o caso da Vale (VALE3) que acumula perda de 11,33% em abril. A queda, contudo, não foi suficiente para zerar os ganhos no ano, que sobe 9,04% no período. “A gente tinha tirado a Vale da carteira recomendada, mas depois da queda da ação, voltamos a incluir porque achamos que agora é boa oportunidade para comprar o papel e, para quem já tem a ação, não é hora de sair”, afirma.

A mineradora brasileira reportou uma queda de 19,6% do lucro líquido no primeiro trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo US$ 4,46 bilhões, abaixo das expectativas.

O anúncio de um programa de recompra de até 10% das ações em circulação, o que corresponde a 500 milhões de ações, contudo, animou os investidores e o papel subia 3,52% nesta quinta-feira, por volta de 16h18 (de Brasília).

A Órama ainda vê oportunidade em outros papéis que estão com preços descontados como Natura (NTCO3), BRF  (BRFS3), Light (LIGT3), além de bancos como Bradesco (BBDC3) e BTG Pactual (BPAC11).

Eleição traz volatilidade, mas não deve afugentar estrangeiros

Para a estrategista da Órama, as eleições no segundo semestre devem trazer mais volatilidade para os mercados, mas não devem afugentar os investidores estrangeiros. “Vemos uma eleição polarizada, mas os dois candidatos à frente a corrida eleitoral são conhecidos”.

Blanco destaca que a inflação global ainda está em patamar elevado e o investidor estrangeiro precisa buscar retorno e o Brasil oferece taxa de juros atrativa,  tendo o segundo maior juro real do mundo. “O Brasil está em uma posição privilegiada, com taxa de juros alta e condições macroeconômicas mais positivas em relação a outros países do mundo”, diz.