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Vale (VALE3): lockdowns na China podem afetar vendas, mas ainda não são problema

Medidas do governo chinês para estimular a economia devem sustentar a demanda, ao menos por enquanto

Foto: Shutterstock

As medidas de bloqueio adotadas pela China para conter a disseminação da Covid-19 – política que o mercado tem chamado de “tolerância zero” ao vírus – podem afetar as vendas da Vale (VALE3), embora no curto prazo a procura por minério de ferro siga firme, disse Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de ferrosos da mineradora.

Durante teleconferência sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre, na manhã desta quinta-feira (28), o executivo apontou que as medidas anunciadas pelo governo chinês para apoiar a economia, seja por meio de política monetária ou por investimentos na infraestrutura do país, devem manter a demanda aquecida, ao menos por enquanto.

“Vamos ter um impacto. Mas, no curto prazo, não vemos nenhum problema com clientes. A liquidez no mercado está aumentando e os estoques estão declinando. Todos os sinais indicam um apoio na demanda. Eles parecem estar focados no objetivo de crescimento de 5,5% do PIB, e a infraestrutura também está muito aquecida”, afirmou Spinelli.

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Outra consequência dos bloqueios na China temida pelos mercados é a interrupção nas cadeias de suprimento globais – mas também neste quesito a Vale segue confiante com o curto prazo. “Não temos nenhum problema na nossa cadeia de suprimentos, tudo está no mesmo nível do mesmo período do ano passado, e as operações também estão indo muito bem”, disse o executivo.

Apesar da perspectiva positiva para o curto prazo, a Vale apresentou ontem resultados mais fracos do que se previa para o primeiro trimestre. O lucro líquido da mineradora diminuiu 19,6% em comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo US$ 4,46 bilhões.

O principal fator por trás da queda de desempenho foi a redução no volume de vendas de minério de ferro e pelotas devido à intensidade das chuvas e à produção menor do Sistema Norte.

Apesar dos volumes de produção terem contraído no trimestre, a companhia reiterou projeções para a produção anual, uma vez que a retração trimestral foi causada por eventos pontuais.

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Além disso, Spinelli destaca que as principais atividades de manutenção necessárias, principalmente no sistema S11D, já foram realizadas ao longo do trimestre, evitando novas pausas ao longo do ano, assim como uma melhoria em equipamentos e em outros sistemas que ampliou a capacidade de produção. “Preparamos os sistemas para trabalhar com mais disponibilidade de secas”, explica.

“As principais conclusões são que continuamos focados em cumprir os objetivos estratégicos e financeiros, temos um portfólio de ativos que se beneficiará da transição energética, estamos confiantes em entregar volumes de produção dentro do guidance e continuaremos com um processo de alocação de capital muito disciplinado, como evidenciado pelo programa de recompra”, disse Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale.

Recompra de ações

Além de divulgar o balanço, a Vale anunciou na noite de ontem um programa de recompra de até 10% das ações em circulação, o que corresponde a 500 milhões de ações.

O programa, que será implementado ao longo dos próximos 18 meses, foi anunciado perto do fim do programa de recompra anterior da companhia, em que aproximadamente 168 milhões de papéis foram recomprados, de um total de 200 milhões.

“A continuidade do programa de recompra demonstra a confiança dos gestores nas perspectivas de negócio da Vale e no potencial de consistentemente criar e compartilhar valor. Guiados pela nossa disciplina na alocação de capital, consideramos que a recompra de nossas ações seja um dos melhores investimentos disponíveis para a companhia”, afirmou a Vale, em fato relevante.

O que dizem os analistas

A queda nos volumes de produção e de vendas já era amplamente esperada pelos mercados depois da divulgação da prévia operacional da companhia, em 19 de abril, e os resultados apresentados ficaram, na média, em linha com o esperado – levemente acima de algumas estimativas, um pouco abaixo de outras.

O consenso, porém, parece ser que o programa de recompra anunciado pela empresa é visto como positivo e compensa a relativa fraqueza dos números do primeiro trimestre. De fato, o mercado reagiu bem à notícia: por volta das 13h45 desta quinta-feira, as ações da mineradora tinham alta de 2,26% e eram negociados a R$ 84,03.

De acordo com dados da Refinitiv disponíveis no TradeMap, sete das dez instituições financeiras consultadas recomendam a compra da ação, enquanto as outras três indicam a manutenção do ativo em carteira. A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 105,90, o que corresponde a alta de 26% em relação aos níveis atuais.

Análise dos especialistas sobre as ações da Vale
Fonte: TradeMap

Os principais riscos para a performance das ações, na visão dos analistas do Goldman Sachs, em relatório distribuído nesta quinta-feira (28), são: preços abaixo do esperado no minério de ferro caso haja uma desaceleração acelerada na economia chinesa, e valorização do real, que pode afetar a lucratividade.

Os analistas do Bank of America (BofA) acrescentam à lista uma desaceleração nos gastos com infraestrutura ou na produção mundial de aço, sobretudo na China; custos de frete mais altos; uma maior intervenção governamental; e mais custos vindos da tragédia de Brumadinho.

Fatores que podem impulsionar as ações, por outro lado, seriam um cumprimento mais rápido do que o previsto dos planos de aumento de produção da Vale; reversão do cenário inflacionário, diminuindo os custos; crescimento econômico na China; ou uma demanda global positiva apesar da China, diz o Goldman.

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