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Ibovespa se segura em commodities e sobe 1,91%, mesmo com quedas no exterior; educacionais disparam

Mercados ainda digerem decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Apesar de as Bolsas estrangeiras terem passado o dia no vermelho, o Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (22) em alta de 1,91%, aos 114.070 pontos, com R$ 24,09 em volume negociado, sustentado pelas ações de empresas ligadas ao petróleo e ao minério de ferro.

Com a alta de hoje, o saldo do índice no mês de setembro passou para avanço de 4,15%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano agora soma 8,82%.

O dia não foi tão positivo para o exterior, onde os mercados seguem repercutindo a alta de juros nos Estados Unidos praticada ontem. Em Nova York, o Dow Jones teve leve alta de 0,18%, mas o S&P 500 caiu 0,27% e o Nasdaq reucou 0,81%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve perdas de 1,85%.

Commodities sustentam o Ibovespa

As grandes responsáveis por sustentar a performance positiva do Ibovespa no dia de hoje foram as ações ligadas a commodities, em especial ao minério de ferro e ao petróleo.

O minério de ferro subiu diante de sinais de que a atividade de construção na China está se recuperando. Assim, com a perspectiva de uma demanda mais forte, além da expectativa de mais estímulos para sustentar a economia chinesa, o minério negociado em Dalian teve alta de 3,24%, para US$ 101,45 por tonelada.

Com isso, as ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras tiveram um pregão positivo, com destaque para CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3), que subiram 3,67% e 4,36%, respectivamente. A Vale (VALE3), por sua vez, teve alta de 2,29%.

Na mesma toada, o petróleo tipo Brent teve alta de 0,7%, a US$ 90,46 por barril, impulsionando as ações de petrolíferas brasileiras. As ações da Prio (PRIO3) fecharam em alta de 3,58%, seguidas de Petrobras PN (PETR4), com ganhos de 2,47%, Petrobras ON (PETR3), que subiu 2,05% e 3R Petroleum (RRRP3), com avanço de 0,53%.

Ressaca da superquarta

Ainda assim, as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, anunciadas ontem (21), não saíram do radar – com a alta nos juros americanos fazendo preço nas Bolsas estrangeiras.

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) elevou a taxa de juros americana em 0,75 p.p (ponto porcentual), mas o avanço era esperado pela maior parte dos analistas, após dados piores do que o previsto para a inflação em agosto.

O que azedou o sentimento dos mercados, porém, foi a declaração do presidente do Fed, Jerome Powell, que disse que é preciso trazer a taxa de juros para um patamar restritivo e mantê-la por lá por algum tempo para a inflação voltar à meta de 2%. O banco central acha que este nível será alcançado apenas em 2025.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) encerrou ontem o ciclo de alta da Selic, mantendo a taxa básica de juros no atual patamar de 13,75% ao ano.

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A decisão ficou dentro do que a maioria do mercado esperava, mas o colegiado adotou um tom mais duro do que o visto nas últimas reuniões ao ressaltar que os juros ficarão altos por “período suficientemente prolongado” até assegurar a convergência da inflação para a meta, não descartando voltar a subir os juros.

Na Europa, repercute ainda a escalada das tensões no leste europeu, após a Rússia decidir convocar 300 mil reservistas para intensificar os esforços de guerra na Ucrânia.

Outros destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Cogna (COGN3), Yduqs (YDUQ3) e SLC Agrícola (SLCE3), com avanços de 8,76%, 5,8% e 5,72%, respectivamente.

O setor de educação, de acordo com analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado, ainda repercute a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendendo o aumento dos programas de incentivo ao ensino superior, como o FIES e o ProUni.

Na direção oposta, as ações que mais caíram foram de IRB (IRBR3), Magazine Luiza (MGLU3) e CVC (CVCB3), com perdas de 5,79%, 3,16% e 2,79%, nesta ordem.

A queda do IRB vem depois de o ressegurador comunicar que começou o terceiro trimestre de 2022 com o pé esquerdo, informando que suas operações registraram prejuízo de R$ 58,9 milhões no mês de julho.

O rombo nos cofres da empresa já soma R$ 351,7 milhões de janeiro a julho de 2022, maior que o de R$ 253,7 milhões observado em igual intervalo do ano passado.

O setor de varejo, por sua vez, foi negativamente impactado pela alta de juros no exterior, além da continuidade do cenário macroeconômico desfavorável, explicam os analistas da Ativa.

Além disso, dados divulgados mais cedo pela CNC (Confederação Nacional do Comércio) podem estar por trás da queda do setor. De acordo com a instituição, dados que medem a intenção de consumo das famílias mostraram que os brasileiros estão pouco inclinados a comprar bens duráveis, como geladeiras e automóveis.

Criptomoedas

Acompanhando o clima de ressaca pós-Fed que abateu as Bolsas internacionais nesta quinta-feira, o mercado de criptoativos passou a maior parte do dia no vermelho.

Por volta das 16h50, o Bitcoin (BTC) registrava alta de 0,3%, negociado a US$ 19.350, de acordo com dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

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Para Ayron Ferreira, analista chefe da Titanium Asset Management, o atual patamar deve se manter até a melhora do cenário global, ou seja, quando a autoridade monetária dos EUA indicar o fim da alta de juros.

“Este cenário tende a permanecer pelo menos nos próximos 4 a 6 meses, até que os juros façam um pico, com a inflação baixando e o Fed começar a pensar em voltar a cortar os juros”, afirmou Ferreira.

Impacto pelo cenário macro e passando por uma série de correções, o ETH segue no campo negativo, mesmo que o processo de fusão da blockchain tenha sido considerado um sucesso.

Na mesma hora, a segunda maior cripto do mercado tinha reação de 4%, vendida a US$ 1.325, segundo informações da Binance.

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