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Ethereum (ETH) surpreende e despenca 20% em uma semana – atualização deu errado?

Correção de preço e cenário global desafiador esvaziam clima de festa observado às vésperas da fusão

Foto: Shutterstock

A atualização da blockchain Ethereum foi concluída com sucesso, mas a primeira semana do novo sistema de validação de tokens passou longe do clima de euforia observado nos últimos meses. Desde o pico de valorização na quinta-feira passada, o ETH já perdeu mais de 24% do seu valor e voltou a ser negociado na faixa de US$ 1,3 mil, o patamar mais baixo em dois meses.

Uma desvalorização da cripto já era esperada no curtíssimo prazo pós-fusão, mas não na magnitude do que acabou se concretizando. O movimento de baixa estava precificado após o forte rali do ETH às vésperas do processo. Além da correção, a tensão no cenário macroeconômico também jogou contra o mercado.

Desde que atingiu o fundo do poço, em junho, a cripto valorizou cerca de 60% até dias antes da atualização. Para comparação, o Bitcoin (BTC) recuperou apenas 4% do valor no mesmo período.

“Não era esperada uma valorização instantânea e já se sabia que poderia haver movimentações negativas, mas a queda foi mais agressiva do que o mercado estava esperando”, afirma Pedro De Luca, head de cripto da Levante Ideias de Investimentos.

Sobe no boato, realiza no fato

A atualização do Ethereum mudou a forma de validação dos blocos minerados na blockchain. O sistema antigo, chamado de prova de trabalho (PoW), foi substituído pelo modelo de prova de participação (PoS). No PoW, novas unidades de Ether (ETH) são validadas na rede por meio do uso massivo de computadores para a realização de contas que garantam que aquele token é real.

Este processo, que é igual ao usado para a mineração do Bitcoin, é cercado de críticas por demandar máquinas potentes e o consumo excessivo de energia elétrica – ou seja, é mais danoso ao meio ambiente.

Já o PoS funciona como uma forma de “caução” dos usuários. O investidor precisa depositar 32 unidades de Ether para fazer parte do processo de validação. O valor é colocado como uma garantia para que o processo seja feito de forma correta.

Apesar de as mudanças não gerarem impactos significativos aos usuários – melhorias na escalabilidade e reduções de tarifas são esperadas apenas em atualizações previstas para os próximos meses ou anos -, o mercado embarcou em uma onda de euforia que se traduziu na disparada do token.

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Para Ayron Ferreira, analista-chefe Titanium Asset, o movimento de desvalorização visto nesta última semana comprova o comportamento que os investidores chamam de “sobe no boato e realiza no fato”, ou seja, quando a expectativa é muito maior do que os resultados.

O clima de fim de festa também trouxe o ETH de volta à realidade do mercado cripto, que desde agosto voltou a operar predominantemente no vermelho com a fuga dos investidores diante de novos temores de desaceleração da economia global.

“A queda leva em consideração a correção dos preços e a piora do ambiente macro”, afirma. “O Ethereum voltou a caminhar em correlação com o mercado, que tem sido impactado pelos temas macro, como inflação e juros”.

Otimismo se mantém no médio e longo prazo

Apesar dos tropeços nos primeiros dias após a fusão, a expectativa de valorização da cripto no médio e longo prazo não foi abalada. O otimismo é sustentado pelo potencial de entrada de novos investidores institucionais e pela diminuição da emissão de novos tokens no mercado.

Com um novo rótulo de “investimento limpo”, a previsão é que a moeda digital tenha acesso a fundos de investimentos, bancos e empresas que priorizam os seus aportes em ativos que respeitem a agenda ESG, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança.

Além da questão ambiental, a novo modelo tende a diminuir a inflação de Ethereum no mercado. Como o processo de validação antigo era mais caro, cada validador recebia duas unidades do token para cada bloco verificado. No novo modelo, o pagamento cai para próximo de uma fração de 0,2 de ETH.

“Até agora, não aconteceu nada para mudar essa percepção. O Ethereum continua relevante para o desenvolvimento de soluções e com a possibilidade de adoção institucional pelo ESG”, diz Ferreira. “Não há nenhum motivo técnico para tirar a cripto do radar como um dos principais ativos do mercado”, afirma.

Para os analistas, o deslanche dos preços está atrelado majoritariamente à melhora do cenário macroeconômico global. Leia-se: a indicação do Federal Reserve, o banco central americano, de que os juros vão parar de subir. O cenário, porém, não indica que isso vá acontecer tão cedo.

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Ao confirmar nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica, nesta quarta-feira (21), a autoridade monetária indicou que os juros deverão permanecer elevados por mais tempo do que se havia inicialmente previsto, estendendo o clima de incertezas e volatilidade aos mercados.

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