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Expectativa com fusão do Ethereum já mexe com mercado – é hora de comprar ETH?

Em três meses, segunda maior cripto valorizou 60%; processo de atualização deve ser concluído nesta quinta-feira

Foto: Shutterstock

Caso tudo saia conforme o combinado, a atualização da blockchain Ethereum será concluída nesta quinta-feira (15) e entrará para a história como a grande primeira mudança no universo cripto em pouco mais de uma década de atividade.

A expectativa é que a fusão (the merge, em inglês) seja concluída na madrugada desta quinta-feira, no horário de Brasília. Por volta das 16h15, o ETH tinha queda de 1,3%, negociado a US$ 1.588.

A atualização da Ethereum muda a forma de validação dos blocos minerados na blockchain. O sistema atual, chamado de prova de trabalho (PoW), será substituído pelo modelo de prova de participação (PoS).

No PoW, novas unidades de Ether (ETH) são validadas na rede por meio do uso massivo de computadores para a realização de contas que garantam que aquele token é real.

Este processo, que é igual ao usado para a mineração do Bitcoin, é cercado de críticas por demandar máquinas potentes e o consumo excessivo de energia elétrica – ou seja, é mais danoso ao meio ambiente.

Já o PoS funciona como uma forma de “caução” dos usuários. O investidor precisa depositar 32 unidades de Ether para fazer parte do processo de validação. O valor é colocado como uma garantia para que o processo seja feito de forma correta, sendo confiscado do usuário caso ele seja flagrado fazendo alguma operação irregular.

Na prática, a atualização da Ethereum é quase invisível aos usuários – atualizações que mexem com a escalabilidade da rede e diminuição de taxas são esperadas para os próximos meses ou anos. Porém, o processo de fusão já afeta os preços do mercado.

A expectativa com o sucesso da mudança embalou altas seguidas do Ether nos últimos meses. Desde que bateu o fundo do poço, em junho, a segunda maior cripto em capitalização do mercado valorizou quase 60%, segundo a cotação desta quarta-feira (14). Para comparação, o Bitcoin (BTC) recuperou apenas 4% do valor no mesmo período.

Segundo analistas, é muito difícil antecipar a reação do mercado no curto prazo após o processo de fusão. Além de depender do sucesso ou fracasso da atualização, o ETH – e o mercado cripto inteiro – está bastante contaminado pela onda de pessimismo global após dados da inflação americana virem maiores que o esperado.

Mesmo em meio ao clima de incerteza, as visões de médio e longo prazo convergem para uma valorização significativa do token, o que faz deste momento uma oportunidade para lucros futuros.

“O curto prazo tende a não ter uma disparada, já que todo o movimento já foi precificado”, afirma Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos. “Faz sentido comprar agora. Olhando para o médio prazo, a moeda vai valorizar, independente dessa especulação dos primeiros dias.”

O processo de fusão embute todos os riscos que uma disrupção apresenta. Leia-se: a chance de fracassar é algo bastante relevante. A despeito disso, Alexandre Ludolf, CIO QR Asset, destaca o potencial de inovação que a atualização representa ao mercado como incentivo para a compra de tokens agora.

“Muita gente achava que era como trocar as asas de um avião em pleno voo. As redes de testes foram bem, e hoje o mercado não precifica que vá ter problema, mas identifica haver riscos”, afirma.

Entrada de novos investidores

A entrada de investidores institucionais no ETH é um dos grandes pilares desse otimismo com a valorização futura. A mudança do sistema de validação derruba um dos principais argumentos de críticos dos criptoativos, que é o elevado consumo de energia para a mineração das moedas e a alta emissão de carbono envolvida neste processo.

Com um novo rótulo de “investimento limpo”, a expectativa é que a moeda digital tenha acesso a fundos de investimentos, bancos e empresas que priorizam os seus aportes em ativos que respeitem a agenda ESG, sigla em inglês para meio ambiente, social e governança.

Segundo Carlos Eduardo Gomes, head de research da Hashdex, a queda na demanda por energia pós-atualização chega a 99%. “O consumo da rede cresceu muito ao longo dos anos, e é uma questão relevante. Na prova de trabalho, toda essa discussão de o Ethereum ser limpo ou não vai morrer”, afirma.

Moeda menos inflacionada

Além da questão ambiental, a novo modelo tende a diminuir a inflação de Ethereum no mercado. Como o processo de prova de trabalho é mais caro, cada validador recebe duas unidades do token para cada bloco verificado. No novo modelo, o pagamento cai para próximo de uma fração de 0,2 de ETH.

No médio e longo prazo, essa redução vai estancar a entrada de novas moedas no mercado, valorizando as que já estão disponíveis. “A estimativa é emitir 90% menos, e dependendo do uso da rede, essa inflação pode chegar a zero. Pode haver até um processo de deflação do Ethereum, o que é positivo para o investidor”, afirma Medeiros.

Saiba mais:
Ethereum: veja o que muda com a atualização da rede esperada para quinta-feira

A redução de moedas disponíveis no mercado também pode ser impactada com a mudança do perfil dos mineradores. Devido aos altos custos com máquinas mais equipadas e a conta de energia, atualmente a mineração é dominada por empresas, que usam a recompensa para cobrir os custos e gerar lucro.

A prova de participação abre espaço para que mais investidores façam parte do processo, desde que tenham o aporte inicial de 32 unidades para entrar no jogo. “O minerador não vai vender instantaneamente porque não tem essa necessidade de cobrir custos, além de ter outro perfil de lucro no longo prazo”, diz Gomes.

Ethereum vai desbancar o Bitcoin?

O processo de fusão também abre caminho para outras atualizações da rede, mesmo que as datas ainda não estejam confirmadas. Olhando o processo como um todo, analistas afirmam que o Ethereum tem potencial para desbancar a hegemonia do Bitcoin.

Atualmente, o BTC representa 38,5% do mercado, enquanto o ETH tem uma fatia de 18,5%. A diferença, porém, já foi muito maior. Em novembro de 2020, o primeiro correspondia a 67% do bolo, contra 11% do Ethereum.

Para Ludolf, a dominância da blockchain em projetos de contratos inteligentes é o grande diferencial que pode levar o ETH a superar o BTC no futuro. “Pela ótica de utilidade, as plataformas de contrato inteligente se destacam. Se o principal vetor for o valor de utilidade, o Ethereum está posicionado para ser maior ou até passar o Bitcoin”.

Também citando o potencial de crescimento da rede nos próximos anos, Medeiros diz que o ETH pode não ter o mesmo valor de mercado que o BTC, mas sim superar a dominância de usuários a partir do momento que novas tecnologias de DeFi, entre outras opções oferecidas pela blockchain, se tornarem mais populares.

“Todo banqueiro do mundo hoje admite que o DeFi é inevitável. E isso já é possível dentro do Ethereum, mas não no Bitcoin”, diz.

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