Todos os olhos do mercado de criptoativos estão voltados para a atualização da blockchain Ethereum, que deve ser concluída até esta quinta-feira (15). A fusão (the merge, em inglês), aguardada há anos e muitas vezes adiada, marca a mudança mais importante do ainda incipiente universo cripto.
A rede é responsável pelo Ether (ETH), a segunda maior moeda digital em capitalização – atrás somente do Bitcoin (BTC) -, além de ser pedra angular para uma infinidade de projetos pautados em contratos inteligentes, desde inciativas de DeFi até armazenamento de dados e NFTs.
A atualização do Ethereum marca a transformação do sistema de validação dos blocos minerados pelos usuários e empresas.
No modelo atual, chamado de prova de trabalho (PoW, na sigla em inglês), novas unidades de ETH são validadas na rede por meio do uso massivo de computadores para a realização de contas que garantam que aquele token é real.
Este processo, que é igual ao usado para a mineração do Bitcoin, é cercado de críticas por demandar máquinas potentes e o consumo excessivo de energia elétrica, ou seja, é mais danoso ao meio ambiente.
Já o PoS funciona como uma forma de “caução” dos usuários. O investidor precisa depositar 32 unidades de Ether para fazer parte do processo de validação. O valor é colocado como uma garantia para que o processo seja feito de forma correta, sendo confiscado do usuário caso ele seja flagrado fazendo alguma operação irregular.
No PoW, o principal inibidor de fraudes é o gasto de energia exigido no processo de validação, já que o custo é elevado demais para arriscar perder os tokens minerados se algum tipo de irregularidade for descoberta no processo.
O modelo PoS começou a ser colocado em prática no fim de 2020, com o lançamento da Beacon Chain, uma das várias redes paralelas criadas pelos programadores do ETH para testar falhas e riscos do programa. A fusão em si será justamente a junção dessa rede com a principal, que então passará a valer para todos os usuários da blockchain.
Ethereum mais limpo
Analistas do mercado cripto afirmam que o novo modelo deve exigir 99% menos consumo de energia para a mineração dos blocos, deixando a rede mais limpa e derrubando uma das principais barreiras de críticos ao processo poluente das criptomoedas.
Além da questão ambiental, a fusão da blockchain democratiza o processo de mineração por não exigir mais que o trabalho seja feito por supermáquinas. Agora, com a PoS, computadores básicos já comportam o processo, já que a grande questão é o aporte da “garantia”, e não mais o trabalho feito para decodificar os cálculos.
Novas atualizações são esperadas
Apesar da importância da fusão, o processo não marca o fim da atualização da blockchain Ethereum. O cronograma para novidades se estende para os próximos anos, mesmo que os passos futuros não sejam considerados tão primordiais quanto este.
Uma das novidades mais aguardadas é a atualização Shangai, prevista para ocorrer entre seis a 12 meses após a fusão. Nesta etapa, os investidores que desde 2020 estão depositando tokens de ETH na Beacon Chain estão liberados a sacar os valores.
Além disso, é esperado novos processos que aumentem a escalabilidade da blockchain, ou seja, a forma de expansão dela para outros meios. A expectativa é que novas atualizações levem à duplicidade da rede, aumentando a sua capacidade de uso.
Assim como tudo que cerca o universo cripto, o sucesso da fusão e das próximas etapas é resultado de uma série de tentativas e erros, o que deixa pelo caminho um grande rastro de frustração e volatilidade no mercado. As próximas etapas, apesar de estarem no radar dos analistas, não possuem datas para serem realizadas.