Nesta quarta-feira (16), o Ibovespa abriu o pregão com queda de 0,17%, aos 135.026 pontos. Refletindo a tensão entre fatores de incertezas locais e externas. A movimentação do índice acompanha a visão dos investidores frente aos desdobramentos da guerra tarifária liderada pelos Estados Unidos e à falta de definição sobre o futuro do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no Brasil. No radar global, dados inflacionários dos EUA e novas ameaças comerciais por parte de Donald Trump mantêm os mercados em alerta.
No cenário internacional, o foco permanece sobre os impactos das tarifas norte-americanas na inflação. Os dados divulgados na véspera mostraram que o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos para junho subiu em linha com o esperado, mas a composição dos dados revelou pressões pontuais em itens diretamente afetados pelas medidas tarifárias. Isso levou o mercado a revisar suas apostas sobre cortes de juros pelo Federal Reserve. Além disso, Trump voltou a prometer novas tarifas para países menores, mantendo a escalada protecionista em curso.
Ainda no campo externo, o governo norte-americano anunciou uma investigação baseada na Seção 301 para apurar se o Brasil adota práticas comerciais que prejudicam empresas americanas. O foco está em áreas como o Pix, comércio digital, tarifas preferenciais e até questões ambientais. A medida aprofunda o mal-estar entre os dois países, especialmente após a ameaça de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A ofensiva representa mais do que um embate econômico, e revela um reposicionamento estratégico dos EUA em relação a economias emergentes.
Do lado brasileiro, o governo trabalha em duas frentes, tentando reverter a tarifa de Trump e buscando uma solução para o impasse do IOF. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil buscará negociar “o mais rápido possível” com os americanos e, se necessário, solicitará mais tempo para a diplomacia. Ao mesmo tempo, o Supremo Tribunal Federal pode acelerar sua decisão sobre a legalidade do decreto que elevou o IOF, após a audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo terminar sem acordo.
Para completar o panorama do dia, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos EUA também trouxe sinalização de moderação inflacionária, ao registrar estabilidade em junho. O dado veio abaixo das projeções e pode oferecer algum alívio momentâneo aos mercados. Ainda assim, o ambiente é de atenção máxima: com tantas frentes sensíveis se abrindo ao mesmo tempo, os investidores operam com prudência redobrada. O comportamento do Ibovespa nos próximos dias dependerá, sobretudo, da capacidade política do Brasil em articular respostas firmes e eficazes sem ampliar a fricção externa.
Por volta das 10h21, as listas das maiores altas e baixas eram dominadas por:
Altas
- Ambev (ABEV3): +2,41%
- Weg (WEGE3): +1,56%
- Eneva (ENEV3): +1,19%
Baixas
- Usiminas (USIM5): -3,10%
- CSN (CSNA3): -1,98%
- MRV (MRVE3): -1,64%
Para acompanhar mais notícias do mercado financeiro, baixe ou acesse o TradeMap.