A recente avalanche de grandes bancos e instituições financeiras sobre as criptos mostra que a adoção do mercado tradicional aos novos tipos de investimento é um caminho sem volta. Mais do que isso, em um futuro não muito distante, grande parte do trabalho feito hoje no mercado financeiro será transferido para redes de blockchain, eliminando substancialmente a mediação entre investidores e instituições financeiras.
Essas são as opiniões de Roberta Antunes, sócia e CGO da Hashdex, e de Alexandre Ludolf, CIO da QR Asset, que participaram na manhã desta quinta-feira (22) de um painel sobre o futuro dos criptoativos durante o MKBR2022, evento da realizado pela B3 e Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para Antunes, a revolução que a tecnologia de blockchain fará no mercado financeiro se assemelha aos impactos gerados pela disseminação da internet décadas atrás. Entre as mudanças, uma das que mais devem marcar o setor é a maior proximidade entre investidores e os ativos.
“Hoje o mercado possui vários agentes intermediários, e com a blockchain tudo isso pode migrar para smart contracts. Não é uma coisa que vai acontecer do dia para a noite, e precisa de muitos avanços regulatórios, mas é um caminho”, afirmou.
Seguindo na mesma linha, Ludolf disse que o futuro reserva mais opções de investimento por meio dos criptoativos. Essa marcha para frente, destacou, já pode ser vista na recente entrada de instituições em um ambiente que tempos atrás era visto com descrédito e desconfiança.
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“Cada vez mais o mercado tradicional vai entrar em criptoativos. As notícias que vimos nos últimos meses foram brutais, não tem mais volta. Essa infraestrutura vai dominar e no futuro tudo vai ser tokenizado”, disse.
Sobre o processo de seleção entre as milhares de opções disponíveis no universo cripto, os gestores ressaltaram a necessidade de ter foco em ativos que apresentem boa governança, ou seja, que possuam fundamentos sólidos.
“O primeiro filtro passa por projetos que possam ser investidos, que tenham boa custódia e passem por exchanges sólidas e reguladas”, afirmou Ludolf.
Para Antunes, também é fundamental buscar opções que tenham demanda entre os investidores. “É preciso garantir que sejam ativos líquidos para não ficarem presos no mercado, e que também sejam negociados em exchanges que sejam reguladas”, acrescentou.