Ibovespa quebra sequência de perdas e sobe com empurrãozinho da Petrobras (PETR4)

Índice fechou o pregão com alta de 0,54%, aos 118.862 pontos

Foto: Shutterstock

Com uma forcinha das ações da Petrobras, que subiram forte depois das novas indicações do governo os cargos de CEO e presidente do conselho, o Ibovespa quebrou a sequência de três dias de perdas e fechou o pregão em alta de 0,54%%, aos 118.862 pontos, com R$ 22,09 bilhões em volume negociado.

O avanço de hoje não foi suficiente para reverter o saldo do mês de abril, que segue em baixa de 0,95%. Desde o início do ano, porém, o Ibovespa acumula ganhos de 13,39%.

No exterior, as Bolsas continuaram a repercutir a ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) e as novas sanções à Rússia. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 0,44%, o Dow Jones subiu 0,25% e o Nasdaq avançou 0,06%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 0,59%.

Empurrãozinho da Petrobras

Por aqui, apesar da alta no exterior, o que realmente ajudou a sustentar o sinal positivo do Ibovespa foram as ações da Petrobras: os papéis preferenciais (PETR4) tiveram a segunda maior alta do Ibovespa, de 5,19%, e os ordinários (PETR3) ocuparam o terceiro lugar, com ganhos de 5,01%.

O mercado recebeu de forma positiva as indicações de José Mauro Coelho e Márcio Weber para os cargos de CEO e presidente do conselho da Petrobras, anunciadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME) na noite de quarta-feira (6), principalmente porque os nomes devem garantir estabilidade e dar continuidade às estratégias da estatal.

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Em Brasília, o governo liberou a bandeira tarifária verde para todos os consumidores e eliminou a bandeira de escassez hídrica, em vigor desde setembro de 2021, quando os reservatórios das hidrelétricas registraram o pior nível em 91 anos. A iniciativa tem eficácia a partir de 16 de abril.

O preço da energia deve cair cerca de 13% até maio, quando as consequências do fim do custo extra na conta de energia serão totalmente sentidos, de acordo com cálculo do economista André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Apesar disso, a avaliação é que o alívio não deve mexer com as estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022.

Essa decisão, na análise da equipe da Ativa Research, é positiva para as distribuidoras de energia, “uma vez que retira pressão sobre a sua liquidez e melhora as perspectivas no consumo”.

Fed e Ucrânia no radar

A alta de Wall Street veio depois de dois dias de perdas. Ontem, os mercados repercutiram a ata do Fed, que deu sinais de que uma política monetária mais agressiva está por vir.

O documento mostrou que o banco central deve reduzir seu balanço patrimonial por meio da venda de títulos em um ritmo de até US$ 95 bilhões por mês, retirando liquidez dos mercados e refreando o ritmo da atividade econômica.

Cada vez mais, analistas e os próprios membros do colegiado indicam a possibilidade de aceleração do ritmo de aumento de juros para 0,5 ponto percentual como forma de combater a disparada da inflação, que vem sendo pressionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Juros mais elevados nos EUA tendem a reduzir a atratividade de investimentos mais arriscados, como os ativos de países emergentes, no qual o Brasil se encaixa. Com a perspectiva de alta de juros nos Estados Unidos, o dólar teve mais um dia de alta, subindo 0,56%, a R$ 4,7409, e pressionando os juros futuros por aqui.

Além disso, o mercado segue observando os acontecimentos no leste europeu, de olho em novas sanções do Ocidente à economia russa, em retaliação à morte de centenas de civis ucranianos.

Seguindo a escalada de preços do petróleo, impulsionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, a AIE (Agência Internacional de Energia) anunciou nesta quinta-feira (7) que os países membros irão liberar mais 120 milhões de barris pelos próximos meses, totalizando 240 milhões de barris. Com a notícia, o petróleo tipo Brent fechou em baixa de 0,48%, a US$ 100,58.

Do outro lado do planeta, na China, os investidores monitoram as consequências das medidas de restrição adotadas para combater a recente escalada nos casos de Covid-19. O temor é que os novos bloqueios possam causar mais interrupções às cadeias de suprimento globais.

Destaques do pregão

À frente da Petrobras, as ações da Braskem (BRKM5) lideraram as altas do Ibovespa, subindo 6,96%, após notícias de que a empresa recebeu uma proposta de R$ 13,6 bilhões da gestora americana Apollo Capital pela fatia da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem.

Segundo o jornal Valor Econômico, a oferta é de R$ 44,57 por ação da petroquímica, e abrangeria os 38,3% do capital social da Braskem que é da Novonor. O jornal disse ainda que a Unipar e a J&F, holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista, também estão de olho na fatia da Novonor.

Depois de fecharem nas maiores altas do Ibovespa no pregão de ontem, as ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) tiveram altas de 3,14% e 2,79%, respectivamente, reagindo à venda da participação da companha na CEEE-T para a CPFL (CPFE3) por R$ 1,12 bilhão. O papel da CPFL teve alta de 0,6%.

A Vale (VALE3) também deu continuidade a sua trajetória de alta e subiu 0,6%, seguindo o anúncio de venda do Sistema Centro-Oeste para a J&F Investimentos.

Na contramão da Vale, as siderúrgicas caíram seguindo a queda do minério de ferro na China, com destaque para Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Gerdau (GGBR4), com quedas de 2,67% e 2,43%, respectivamente. Na Bolsa de Dalian, a commodity recuou 3,02% na comparação intradia.

As maiores baixas do dia, porém, foram de IRB (IRBR3), Hapvida (HAPV3) e MRV (MRVE3), com perdas de 3,54%, 3,23% e 2,82%, respectivamente.

A queda da MRV, acompanhada pelo setor de construção civil como um todo, segue as perspectivas de um cenário macroeconômico mais desafiador, de acordo com analistas da Ativa Research.

Fora do Ibovespa, a CBA (CBAV3) caiu 4,82% depois da Votorantim vender mais uma parte da fatia que detinha na companhia por R$ 904 milhões, aproveitando a valorização acumulada pelas ações da empresa neste ano.

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