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Bandeira verde: queda do preço da energia antecipa deflação, mas não muda IPCA do ano

O preço da energia deve cair cerca de 13% até maio, quando as consequências do fim do custo extra na conta de energia serão totalmente sentidos, de acordo com cálculo do economista André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Na noite desta quarta (6), o presidente Jair Bolsonaro anunciou que a bandeira verde começa a vigorar a partir do próximo dia 16, em meio às preocupações com a inflação, que vem disparando por causa da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

A expectativa anterior era que o fim da bandeira de escassez hídrica aconteceria somente em maio.

Somente em abril, a queda será de 6,35%, de acordo com Braz. Apesar disso, a avaliação é que o alívio não deve mexer com as estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022.

“Isso não muda o impacto no IPCA do ano. É somente uma antecipação do que aconteceria em maio, não muda nenhuma previsão nem dá nenhum conforto extra”, pondera o economista da FGV Ibre.

O custo extra na conta foi criado para compensar o aumento do custo de geração de eletricidade decorrente da grave crise hídrica que o país enfrentou, que obrigou o acionamento de termelétricas, mais caras e mais poluentes.

Deflação antecipada

A previsão de Braz encontra eco entre economistas do Citi, que apontam que a redução da tarifa de energia vai ajudar na inflação de abril e de maio, antecipando o processo de deflação, mas sem impacto no ano. Os especialistas estimaram em relatório que, com a medida, o IPCA deve subir 0,47% neste mês (levando o índice de 12 meses a 11,1%) e 0,12% em maio (10,3% em 12 meses).

“É importante ressaltar que estamos entrando na estação seca, e o que realmente vai contar para a inflação do ano é a bandeira vigente em dezembro”, disse o banco em relatório.

Maior nível desde 2008

A inflação é a grande preocupação do momento para a economia mundial, em particular nos países desenvolvidos, onde os índices de preço estão subindo no ritmo mais intenso desde a década de 1980.

Quanto mais tempo a inflação permanece elevada, pior para a economia. Para os consumidores, os preços mais altos reduzem o poder de compra. Para as empresas, elevam os custos e podem diminuir a demanda pelos produtos, que precisarão ficar mais caros.

Dados divulgados pela IHS Markit apontam que este problema ainda está longe de acabar.

Em uma pesquisa com 30 mil empresas dos setores industriais e de serviços em 45 países, a consultoria verificou que a pressão inflacionária continua aumentando e está no maior nível desde julho de 2008.

“Estes custos mais altos estão sendo repassados de forma crescente para os consumidores, levando a taxas recorde de inflação nos Estados Unidos e na Europa”, afirmou Chris Williamson, economista-chefe para empresas na IHS Markit.

Ele ressalta que o indicador usado para medir a pressão inflacionária nas empresas tende a antecipar em três meses as variações dos índices de preço ao consumidor – o que explica, por exemplo, a pressa do banco central dos Estados Unidos em conter a inflação do país.

Os dados mais recentes mostram que a inflação americana atingiu 7,9% no acumulado em 12 meses até fevereiro – a maior taxa desde 1982.

O banco central dos Estados Unidos, por sua vez, indicou que em maio deve dobrar o ritmo de alta dos juros do país – de 0,25 para 0,50 ponto porcentual – e começar a retirar quase US$ 100 bilhões por mês do sistema financeiro.

O objetivo de ambas as medidas é enxugar a oferta de crédito e a quantidade de dinheiro disponível na tentativa de impedir a aceleração da inflação.

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