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Ibovespa despenca com risco fiscal no radar; Azul (AZUL4) e Hapvida (HAPV3) recuam forte após balanços

Além da política, as divulgações de balanços do terceiro trimestre das empresas movimentam o Ibovespa nesta quinta-feira

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

A temporada de balanços do terceiro trimestre tem refletido diretamente no movimento das ações das empresas na Bolsa nos últimos dias. Nesta quinta-feira, por exemplo, a Azul (AZUL4) perdia 13% e Hapvida (HAPV3) recuava 10,15%.

Às 13h25, o Ibovespa, principal índice da B3, por sua vez, recuava 2,58% e operava aos 110.536 pontos, refletindo, além dos balanços, as falas do presidente eleito Luiza Inácio Lula da Silva (PT).

No caso da companhia aérea, mesmo com um avanço de 61% na receita em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento dos custos, sobretudo com combustível, impactou os resultados e fez o prejuízo vir acima do que o mercado esperava.

A Azul teve um prejuízo líquido de R$ 1,64 bilhão no terceiro trimestre, queda de 26,7% em comparação as perdas de R$ 2,24 bilhões registradas no ano anterior. Ao mesmo tempo, a receita atingiu R$ 4,4 bilhões e as despesas somaram R$ 4 bilhões.

O BTG Pactual estimava que o prejuízo da companhia seria de R$ 86 milhões, enquanto a XP projetava perdas de R$ 646 milhões e os analistas do Santander estavam com expectativa de um prejuízo na ordem de R$ 393 milhões.

O resultado negativo da Azul contaminou o setor, e a Gol (GOLL4) recuava 10% no mesmo horário.

Já a Hapvida viu seu lucro líquido atribuído aos acionistas recuar 19,5% no terceiro trimestre em comparação com o período equivalente do ano passado, atingindo R$ 35,2 milhões. Além disso, viu um aumento de 187% nas despesas com vendas no período.

Na visão do Goldman Sachs, esse aumento nas despesas, que somaram R$ 485,1 milhões, foi principal ponto fraco do balanço. “Isso ocorreu diante do maior esforço comercial e do impacto do maior reajuste salarial de pessoal. Ao mesmo tempo, as adições líquidas de 122 mil beneficiários ficaram abaixo da nossa projeção de 155 mil”, diz o banco, em relatório publicado nesta manhã.

Ademais, dentre as principais quedas do dia, Carrefour (CRFB3) perdia 9,84%, Yduqs (YDUQ3) caía 9,55%, Ecorodovias (ECOR3) recuava 9,34% e Grupo Soma (SOMA3) se desvalorizava 8,14%.

O Carrefour também divulgou seu balanço na noite de quarta-feira. A supermercadista viu o lucro líquido cair 58% na comparação anual. O montante de R$ 256 milhões veio abaixo do esperado por bancos e corretoras: a XP previa lucro de R$ 351 milhões, o BTG esperava R$ 681 milhões, o Santander, R$ 563 milhões, e o Itaú BBA, R$ 639 milhões.

Política no radar do mercado

Além do noticiário corporativo, ventos políticos sopram contra a Bolsa nesta quinta-feira. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva discursou que pretende focar os gastos governamentais em questões sociais no Brasil.

Lula negocia com o Congresso a abertura de espaço de R$ 175 bilhões no Orçamento de 2023 por meio de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que terá que ser aprovada ainda neste ano.

O receio, além do valor elevado de despesas de fora do teto de gastos, é que a proposta exclua benefícios sociais como o Auxílio Brasil de forma permanente da âncora fiscal, o que poderia configurar um cenário de descontrole fiscal.

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Em relação às empresas, Lula afirmou que as estatais serão “respeitadas” no seu governo, e declarou que a Petrobras (PETR4; PETR3) “não será fatiada”, indicando que a chance de privatização da petrolífera é mínima. Nesta tarde, a ação da empresa recuava 2%, em linha com o Ibovespa.

Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, avalia que o mercado não gostou dos discursos, pois mexeu com questões fiscais, que são um ponto de atenção dos investidores. “Lula sinaliza que um avanço sobre as contas fiscais deve ocorrer. O mercado, que antecipa movimentos futuros, está tomando essa posição nesta quinta”, comenta.

Altas do Ibovespa

Dentre as poucas altas do índice nesta quinta-feira, Qualicorp (QUAL3) ganhava1,75%, Vale (VALE3) subia 2,11%, Rede D’Or (RDOR3) avançava 1,61% e Sulamérica (SULA11) apontava em 1,20% para cima.

Nem mesmo a alta da mineradora, que tem um peso de 15% no Ibovespa, era suficiente para dar um alívio.

A alta da empresa, vale ressaltar, vem na esteira de uma valorização do minério de ferro no mercado internacional nos últimos dias, mesmo com uma baixa de 1,39% no último pregão da Bolsa de Dalian. Por lá, a tonelada da commodity é avaliada a US$ 93.

Além destas, a Ultrapar (UGPA3) subia 0,52% após surpreender o mercado com seu balanço do terceiro trimestre deste ano.

No período, o conglomerado reportou receita líquida de R$ 39,484 bilhões, uma alta de 24% na comparação anual. Em relatório de resultados divulgado na noite de quarta-feira (9), a Ultrapar afirmou que, além do aumento das vendas em todos os negócios, houve compensação pelos desinvestimentos da Oxiteno e da Extrafarma.

O lucro líquido da Ultrapar, por sua vez, foi de R$ 82,6 milhões no terceiro trimestre, queda de 78% em relação ao mesmo período do ano passado.

Bolsas internacionais

Lá fora, os principais índices acionários americanos e europeus avançam com intensidade após dados abaixo do esperado na inflação nos Estados Unidos.

Dados divulgados pelo governo do país mostram que o índice de preços ao consumidor americano (CPI) subiu 0,4% em outubro na comparação com o mês anterior, quando também tinha avançado 0,4%. O mercado esperava um avanço mais intenso, de 0,6%, segundo o Rabobank e o ING.

No acumulado em 12 meses, a inflação foi de 7,7% em outubro – a menor leitura desde janeiro deste ano e inferior à previsão dos especialistas, que era de 7,9%.

O indicador teve resultado imediato nas expectativas dos investidores a respeito dos juros americanos, com o mercado passando a ficar mais convicto de que a alta nas taxas vai desacelerar no mês que vem.

Veja a performance dos principais índices globais nesta quinta-feira:

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