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ETF ou fundo indexado: qual o melhor para apostar na alta do Ibovespa em 2023?

Bancos e corretoras projetam o Ibovespa em até 150 mil pontos em 2023, com potencial de valorização de 33%

Foto: Shutterstock

Independentemente do resultado das eleições, bancos e corretoras veem um cenário mais positivo para a Bolsa em 2023, diante da expectativa de corte da taxa básica de juros no Brasil e da recuperação de preços muito descontados de alguns papéis.

Nesse cenário, os fundos listados em Bolsa, conhecidos pela sigla ETF, tiveram performance melhor que a de fundos indexados ao Ibovespa neste ano. Mas será que os ETFs são um bom investimento para 2023?

O mercado financeiro projeta uma alta de até 33% para o Ibovespa no próximo ano em relação ao patamar atual, chegando aos 150 mil pontos.

A Guide e o Bradesco BBI preveem o principal índice da Bolsa nesse patamar em dezebro de 2023, enquanto o Santander projeta que o índice alcance 140 mil pontos no período.

“Estamos com uma visão mais construtiva para o Ibovespa em 2023 devido a alguns fatores macroeconômicos, como expectativa de queda da inflação, adequação das cadeias de suprimentos após disrupção vista na pandemia e as alta das taxas de juros chegando a um limite lá fora”, diz Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante.

Cozzolino lembra que o Brasil foi um dos primeiros países a subir a taxa básica de juros e, agora, a queda da inflação abre espaço para cortes no ano que vem, o que deve beneficiar a Bolsa, pois reduz o custo de capital para as empresas.

Já a Genial Investimentos está com uma projeção de 125 mil pontos para o Ibovespa em 2023, mas deve revisar após as eleições e a reunião do banco central americano, o Fed, prevista para 2 de novembro, diz Filipe Villegas, estrategista de ações.

Ao buscar o investimento em um fundo passivo, produto que busca seguir a variação do Ibovespa, o investidor fica exposto à carteira teórica do índice, atualmente composta por 92 papéis.

Hoje o Ibovespa é muito concentrado em ações da Petrobras (PETR3), da Vale (VALE3) e em papéis do setor financeiro e de energia, que, juntos, somam cerca de 60% do índice. Portanto, investir em um ETF ou em um fundo indexado ao Ibovespa significa ficar mais exposto ao risco dessas ações.

Veja a seguir as dez ações com maior peso no Ibovespa:

Recessão traz risco para commodities

Com grande concentração do Ibovespa em empresas de commodities, o desempenho dos preços desses ativos é um dos principais pontos para a Bolsa brasileira.

Neste ano, a Bolsa foi beneficiada pela alta das commodities no mercado internacional, especialmente no primeiro semestre, após a guerra na Ucrânia.

Com a expectativa de desaceleração econômica global e com o risco de recessão, especialmente na Europa, no ano que vem, a demanda por commodities tende a cair, o que pode ter impacto nos preços de alguns papéis do Ibovespa.

No caso da Vale, uma das grandes questões é a demanda por parte da China, responsável por 60% das exportações da mineradora.

A política de zero casos de Covid-19 na China tem impactado o crescimento do país, mas Cozzolino, da Levante, lembra que a Vale pode reduzir sua produção para manter os preços no minério em patamar elevado. Os preços do minério têm caído desde julho, acumulando perda de 26,2% no ano, segundo dado do índice Platts, da S&P Global Commodity Insights.

Além disso, a possibilidade de um IPO (Oferta Pública Inicial) da operação de níquel poderia destravar valor e levar a uma alta das ações da Vale, completa Cozzolino.

No caso do petróleo, o head de análise acredita que o preço ainda deve continuar em patamar elevado, pelo menos ao redor de US$ 100 o barril, por um bom tempo, o que deve beneficiar a Petrobras.

“A Opep+ [Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados] deve continuar cortando a produção, o que deve favorecer o aumento de preços. Além disso, a questão estrutural de desequilíbrio entre demanda e oferta deve permanecer, com as reservas estratégicas dos Estados Unidos hoje nas mínimas desde 1980”, diz.

O risco para a Petrobras, segundo Cozzolino, é de um possível aumento da ingerência política na empresa em um novo governo, o que considera já estar em parte refletido nos preços das ações. “Mas apesar do risco/retorno interessante, devemos ter volatilidade no curto prazo.”

No caso dos bancos, apesar de o aumento esperado da inadimplência poder reduzir lucros e dividendos, Cozzolino ainda vê espaço para os papéis das grandes instituições subirem.

Embora com menor participação no índice, as empresas de varejo também devem enfrentar um cenário ainda desafiador em 2023, com as taxas de juros em patamares elevados, diz Cozzolino.

Apesar de a Bolsa brasileira estar negociando a um múltiplo de preço sobre o lucro de sete vezes, abaixo da média histórica de 12 vezes, Martin Iglesias, especialista líder em investimentos em alocação de ativos do Itaú Unibanco, vê risco relevante para o Ibovespa no curto prazo, com a alta das taxas de juros lá fora, risco de recessão nos EUA e na Europa e desaceleração da China. Por isso, o Itaú está com uma visão neutra (não aumentou e nem reduziu a exposição) na Bolsa brasileira.

ETF ou fundo indexado: qual o mais vantajoso?

O investimento na Bolsa via ETF ou fundo de ações indexado ao Ibovespa é um forma de investidores estarem expostos ao desempenho da Bolsa de forma passiva, sem ter que ficar fazendo o stock picking, ou seja, a seleção de papéis.

Os fundos referenciados, também chamadas de “indexados”, investem no mínimo 95% da carteira em ativos que compõem o índice que eles seguem.

Já os ETFs são fundos cujas cotas são negociadas em bolsa, como se fossem ações. O objetivo é seguir o mais próximo possível o desempenho de um índice ou ativo de referência, como o Ibovespa.

Embora ambos busquem acompanhar a trajetória da carteira teórica do Ibovespa, o custo de um ETF pode ser menor que o de um fundo de ações indexado, dependendo da taxa de administração, como ressalta Iglesias.

Outra vantagem dos ETFs está na liquidez, porque o investidor pode acompanhar o preço da cotação na tela e vender o produto a hora que quiser, diz Caíque Cardoso, especialista de Portfólio da Itaú Asset.

Já em um fundo referenciado, o preço da cota é calculado por dia e o investidor precisa solicitar o resgate para o gestor, que não será necessariamente imediato.

Além disso, os gestores de ETFs podem alugar as ações do Ibovespa que compõem esses fundos e receber uma receita extra, que pode possibilitar um retorno acima do Ibovespa.

Esses fatores acabam fazendo diferença no desempenho dos produtos. Levantamento do TradeMap mostra que os ETFs atrelados ao Ibovespa têm tido um melhor desempenho que os fundos de ações indexados ao índice e até que os fundos Ibovespa Ativo (que buscam superar o índice) no ano, até setembro.

Além disso, os investidores podem alugar a própria cota do ETF e ter retorno extra com a taxa de aluguel.

Como alocar em ETFs de Ibovespa

Na carteira recomendada de ETFs e fundos indexados, o Itaú recomenda uma exposição de 8% do portfólio ao ETF BOVV11 para um investidor com perfil moderado, e de 12% para aqueles com perfil arrojado. “Estamos mantendo essas exposições há algum tempo”, diz Iglesias.

A Genial está com recomendação de alocação de 20% no ETF BOVA11 na carteira ETF Macro de outubro. “Vemos oportunidades no mercado de ações doméstico, mas a volatilidade atual dificulta o stock picking, então a alocação via ETF é uma boa forma de ter exposição à Bolsa de maneira diversificada”, diz Villegas.

Pensando em uma carteira para um investidor com perfil moderado, com alocação de 40% em renda variável, Cozzolino sugere a exposição de 10% em algum ETF atrelado ao Ibovespa.

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