Dados de emprego dos EUA pesam e Ibovespa fecha em baixa de 0,44%

Ainda assim, índice acumula alta de 1,35% na semana

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Apesar de ter passado boa do pregão no verde, o Ibovespa seguiu o mau humor dos mercados globais, que azedaram ao longo da tarde, refletindo a divulgação de dados do mercado de trabalho americano.

O principal índice da B3 encerrou a sessão desta sexta-feira (8) em baixa de 0,44%, aos 100.288 pontos, com R$ 13,39 bilhões em volume negociado. Com isso, o balanço de semana foi de alta de 1,35%. Desde o início do ano, o Ibovespa acumula desvalorização de 4,32%, enquanto o saldo do mês de julho é de alta de 1,77%.

Embora tenha havido perda de fôlego durante a tarde, os mercados americanos fecharam mistos. Em Nova York, o S&P 500 teve queda de 0,08%, o Dow Jones caiu 0,15% e o Nasdaq avançou 0,12%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com valorização de 0,52%.

Payroll: bom, mas ruim

O principal acontecimento do dia foi a divulgação do payroll, que mostrou que no mês passado, foram criadas 372 vagas de emprego nos Estados Unidos, enquanto analistas ouvidos pela Reuters esperavam 268 mil. Já o ganho médio por hora chegou a US$ 32,08, um aumento de 0,3% na comparação com maio e de 5,1% em relação a junho do ano passado.

Isso significa que o mercado de trabalho dos Estados Unidos se comportou de uma forma muito mais positiva do que o imaginado por especialistas em junho, o que representa uma notícia boa e outra ruim para os investidores.

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Por um lado, o número reduz as chances de uma recessão rápida na maior economia do mundo; por outro, aumenta a probabilidade de o Federal Reserve, banco central americano, ter que manter um ritmo agressivo de alta de juros daqui para frente.

Na visão de Lucas Zaniboni, economista da Garde, esse cenário reforça a chance de o Fed continuar elevando juros de forma intensa. “Em resumo, isso deixa o Federal Reserve confortável para prosseguir com seu plano de voo atual.”

Por aqui, inflação segue em alta

Internamente, o dado mais importante foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, com alta de 0,67% na comparação com o mês anterior, quando teve alta de 0,47%. O avanço foi puxado pela alimentação fora de casa, que ficou mais cara, e pelo reajuste dos planos de saúde, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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O resultado ficou aquém das expectativas do mercado. Segundo o BTG Pactual, o consenso entre os especialistas era uma alta de 0,72% no IPCA. O próprio BTG, no entanto, previa um crescimento mais intenso, de 0,75%.

Por aqui, ainda, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Auxílios deixou os holofotes, depois de sua votação na Câmara dos Deputados ser adiada para a próxima terça-feira (12) por falta de quórum.

Gangorra de commodities

Na China, os casos de Covid-19 seguem aumentando em Xangai. O governo, no entanto, continua avançando na flexibilização de algumas medidas, apesar de muitas restrições estarem em vigor. “Houve relativa flexibilização, principalmente se considerarmos o que não está sendo imposto novamente após breve avanço do contágio”, comenta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Neste cenário, o petróleo tipo Brent fechou em alta de 2,26%, a US$ 107,02 por barril, impulsionando as petroleiras do Ibovespa: 3R Petroleum (RRRP3) teve alta de 3,14%, seguida de PetroRio (PRIO3), que subiu 2,55%, e Petrobras (PETR3; PETR4), com avanços de 0,91% e 1,12%, respectivamente.

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As maiores altas do índice, entretanto, foram de Azul (AZUL4), Cielo (CIEL3) e Via (VIIA3), com ganhos de 6,23%, 5,13% e 3,4%, respectivamente.

O avanço das ações do setor aéreo ocorre após a Azul ter comunicado ao mercado que teve um aumento de 40,1% na demanda total em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto a oferta teve expansão de 35,8%.

Além disso, o IPCA, índice oficial de inflação do Brasil divulgado mais cedo, mostrou que o item com maior aumento de preços no mês foi justamente a passagem aérea, com um aumento de 122,40% nos últimos doze meses, o que deve impulsionar a receita das companhias aéreas.

As mineradoras e siderúrgicas, por outro lado, caíam em bloco, após altas sucessivas nos últimos dias e avanço de 0,67% no minério de ferro, que fechou a US$ 112,72 por tonelada na Bolsa de Dalian. Destaque para CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3), com recuos de 3,03%, 2,93% e 2,31%, nesta ordem.

As maiores quedas do dia, porém, foram de Hapvida (HAPV3), CVC (CVCB3) e SulAmérica (SULA11), que caíram 4,37%, 4,28% e 3,18%, respectivamente.

Cripto

O mercado de criptoativos deu sinais de alívio no início desta sexta-feira com os investidores repercutindo uma alta menos brusca dos juros americanos, após dados da economia já indicarem a desaceleração das atividades.

A animação, porém, perdeu força no fim da manhã depois da divulgação do payroll americano indicar o aumento de novos empregos acima do esperado, o que no atual contexto de alta inflação acaba sendo um ponto negativo.

Após romper a casa dos US$ 22 mil durante a madrugada, o Bitcoin (BTC) desacelerou, e beira a estabilidade.

Por volta de 16h50, a maior cripto do mercado registrava alta de 0,7% em comparação a cotação de 24 horas atrás, negociado a US$ 21.773, segundo dados da CoinGecko.

A mudança do cenário também impactou as altcoins. O Ethereum (ETH) tinha perda de 0,4%, enquanto a Cardano (ADA) caía 2,7% e a Solana (SOL) registrava leve alta de 0,2%.

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