Com PIB morno, Ibovespa sobe ajudado por mineradoras e siderúrgicas

Reabertura e estímulos na China dão suporte para ações ligadas a commodities

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Pixabay

Mesmo em um cenário de incerteza depois da divulgação de dados econômicos ao redor do mundo, o Ibovespa fechou em alta de 0,93%, aos 112.392 pontos, com R$ 17,43 bilhões em volume negociado, ajudado por ações de mineradoras e siderúrgicas.

Com o desempenho desta quinta-feira (2), o índice acumula ganhos de 0,94% em junho, enquanto o saldo desde o início do ano é de valorização de 7,22%.

As Bolsas do exterior também subiram. Em Nova York, o Nasdaq teve alta de 2,69%, o S&P 500 avançou 1,84% e o Dow Jones somou ganhos de 1,33%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve valorização de 0,95%.

Dados econômicos mistos

No Brasil, o destaque do dia foi o PIB (Produto Interno Bruto), que avançou 1% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao período entre outubro e dezembro do ano passado, abaixo do esperado pelo mercado, que previa um avanço de 1,2% no período.

Com o resultado, a atividade econômica está 1,6% acima do patamar registrado no quatro trimestre de 2019, no período pré-pandemia de Covid-19.

Ainda que o número tenha ficado abaixo das expectativas do mercado, o PIB mostra recuperação frente aos 0,7% exibidos no último trimestre do ano passado. Na análise de Marcelo Oliveira, fundador da Quantzed, o número foi positivo, mas não é garantia de dias tranquilos.

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Nos Estados Unidos, depois de o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) assumir no Livro Bege que a recuperação do mercado de trabalho é seu maior desafio no combate à inflação, os investidores observaram, nesta quinta, o resultado do número de novas vagas de trabalho em maio, que permaneceu em torno de 11,4 milhões, próximo ao recorde registrado em abril.

Na Zona do Euro, o índice de preços ao produtor acelerou para 37,2% na comparação anual, contra 36,8% na leitura anterior. O número, porém, ficou abaixo das expectativas do mercado, que previa uma alta de 38,2%.

Commodities ajudam Ibovespa

Em meio à crise energética global, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) decidiu aumentar a produção de petróleo em 648 mil barris por dia em julho. Além disso, uma reportagem do jornal americano Financial Times afirmou que a Arábia Saudita estaria pronta para aumentar sua produção caso a produção russa tenha queda significativa diante das sanções europeias.

Apesar disso, os preços do petróleo subiram, refletindo os dados de queda nos estoques de petróleo nos EUA. O Brent fechou em alta de 1,14%, a US$ 117,61.

Na visão de analistas da Ativa Investimentos, o aumento anunciado não é suficiente para compensar as perdas decorrentes das sanções ao petróleo russo e ao aumento de demanda.

“Acreditamos que a relação entre demanda e oferta ainda esteja assimetricamente em favor da primeira e a aceleração do ritmo de aumento não deverá levar as cotações internacionais do barril a arrefecer nos próximos dias”, disseram os analistas. “Continuamos a ter uma visão otimista sobre os preços de petróleo e as ações que se beneficiam do aumento da commodity em nossa bolsa”.

A alta do petróleo, no entanto, não foi suficiente para sustentar as ações da Petrobras, com as preferenciais (PETR4) caindo 0,87% e as ordinárias (PETR3) perdendo 0,93%.

O minério de ferro, por sua vez, subiu 1,12% na bolsa de Dalian, para US$ 131,95, ainda refletindo as notícias de reabertura e estímulos à economia na China.

Com isso, a Vale (VALE3) teve alta de 1,88%. Outras mineradoras e siderúrgicas se destacaram, como CSN Mineração (CMIN3), que subiu 9,28%, e Usiminas (USIM5), com ganhos de 5,24%.

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Impostos e combustíveis

Em Brasília, o Senado aprovou um projeto para devolver a consumidores a alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) cobrada indevidamente em contas de luz. A medida, que destina R$ 48 bilhões, determina que a Aneel atue na distribuição do crédito.

Ainda sobre o ICMS, os estados deverão apresentar uma proposta ao senador Fernando Bezerra Coelho para a criação de um fundo para a compensação da perda de arrecadação que será consequência do estabelecimento de um teto de cobrança do imposto sobre combustíveis e energia.

Em outra frente, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o governo estaria estudando a possibilidade de decretar estado de calamidade, com o objetivo central de conter a alta dos combustíveis, usando como justificativas a guerra na Ucrânia e a ameaça de escassez de diesel.

Uma alternativa que vem sendo estudada, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, é a quebra do controle estatal sobre dutos como forma de baratear os combustíveis.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Positivo (POSI3), CSN Mineração (CMIN3) e Locaweb (LWSA3), com ganhos de 15,33%, 9,28% e 8,73%, respectivamente.

De acordo com os analistas da Terra Investimentos, Eliz Sapucaia e Régis Chinchila, o setor de consumo subiu após o resultado do PIB brasileiro do primeiro trimestre trazer dados positivos para serviços e consumo das famílias.

Outra ação que teve alta relevante, de 3,88%, foi a do Grupo Pão de Açúcar (PACR3), depois de seu conselho de administração anunciar que vai vender parte das ações que detém no grupo Éxito, da Colômbia. A venda ocorrerá no âmbito de uma recompra de ações proposta pelo próprio Éxito.

O GPA resolveu realizar esse programa de recompra devido a uma “alta valorização do Éxito em virtude do preço sugerido de suas ações”, conforme avaliado por uma consultoria externa. De acordo com o grupo, considerando o valor de venda de cada ação, o valor bruto total de venda equivalerá a aproximadamente R$ 386,7 milhões.

Na direção oposta, as ações que mais caíram foram de IRB (IRBR3), Eneva (EVE3) e Localiza (RENT3), com perdas de 3,33%, 3,07% e 1,92%, nesta ordem.

A queda da Eneva vem em um dia de alta para a maior parte das empresas de energia elétrica, e pode ser atribuída a um movimento de realização, depois de a ação subir mais de 11% em um mês.

Bitcoin

As criptomoedas se descolaram dos mercados tradicionais e voltaram a perder força nesta quinta-feira. O movimento ocorre após dois dias de recuperação no início da semana e indica que os investidores ainda estão com bastante aversão aos ativos de risco.

O Bitcoin (BTC) chegou a ser negociado abaixo de US$ 30 mil em alguns momentos, mas conseguiu recuperar terreno ao longo do dia e operou próximo da estabilidade.

Por volta de 17h50, o BTC registrava leve alta de 0,06%, cotado a US$ 30.464, conforme dados da Binance disponíveis na plataforma TradeMap.

As altcoins, como são chamados os ativos além do Bitcoin, também acompanharam o cenário mais ameno. O Ethereum (ETH) registrava queda de 0,65%, a US$ 1.810, segundo a CoinMarketCap.

O destaque negativo do dia ficou para a nova falha na blockchain Solana (SOL). Segundo relatos, as operações ficaram fora do ar por cerca de quatro horas. O episódio se soma ao histórico de instabilidade que o ativo apresentou nos últimos meses. A cripto registrava queda de 3,56%, a US$ 40,23.

Por outro lado, a nova Luna registrou alta de até 30% durante o dia, indicando a volta de investidores ao projeto após o colapso da blockchain há quase um mês. A cripto perdeu fôlego e tinha alta de 4,20%, a US$ 6,93.

A cripto foi relançada no fim de semana com cotação de aproximadamente US$ 17, mas não conseguiu sustentar e perdeu força logo nas primeiras horas.

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