Vale (VALE3) sobe 15% em 2022, mas ainda é ação mais recomendada; veja indicações para junho

Os cinco papéis da lista compilada com indicações de 13 corretoras sobem mais que o Ibovespa no ano

Foto: Shutterstock

Vem mês, vai mês, e uma coisa não muda: a Vale (VALE3) é a ação mais recomendada por analistas para o mês de junho – posição que ocupou em todos os meses de 2022.

A preferência quase unânime por Vale, que foi indicada por nove das 13 corretoras consultadas pela Agência TradeMap, pode surpreender ao considerar que a empresa acumula ganhos de 14,8% desde o início do ano, surfando na alta do minério de ferro. A título de comparação, o Ibovespa soma valorização de 6,2% em 2022.

Além da Vale, quase todos os papéis mais indicados em maio seguem liderando as recomendações de junho – e todos acumulam altas acima do Ibovespa desde o início do ano. Segundo papel mais recomendado, o Itaú (ITUB4) soma ganhos de 21,9% em 2022.

A lista das mais indicadas segue com Petrobras (PETR4), que em 2022 sobe 25,6%, Multiplan (MULT3) e PetroRio (PRIO3), com alta de 38% cada.

A mensagem parece ser de que “nada é tão bom que não possa melhorar”. Para as commodities, a expectativa é que os preços sigam em patamares elevados, influenciados principalmente pela reabertura econômica e pelos estímulos governamentais na China.

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A Genial Investimentos, por exemplo, aumentou sua exposição a commodities na carteira deste mês, considerando também que o contexto econômico global exige cautela.

A Mirae Asset, por sua vez, acredita que os preços das commodities devem seguir em alta, principalmente os de petróleo, celulose, minério de ferro e proteína animal, mas que a escalada não deve ter a mesma força de meses anteriores.

Já no caso do Itaú, o banco, assim como o setor, deve seguir colhendo frutos do ciclo de alta da Selic. Seus fundamentos sólidos e alta liquidez, segundo a Ativa Investimentos, também são pontos importantes no atual momento de volatilidade.

Curiosamente, a Genial também acredita que a demanda chinesa por commodities pode favorecer as ações de varejistas e de empresas ligadas à economia doméstica. Isso porque um aumento nas exportações pode contribuir para uma redução na pressão inflacionária e uma melhora nas expectativas de crescimento econômico.

Dentro do varejo, o BTG Pactual aponta que as ações ligadas ao público de alta renda, como a Multiplan, devem seguir em destaque.

Já a Ativa, apesar de manter uma visão positiva sobre diversas ações de varejo, decidiu reduzir sua exposição ao setor para aumentar na carteira o peso de papéis de commodities, que devem entregar ganhos maiores. Entre as varejistas, porém, a corretora também dá preferência a empresas expostas ao público de alta renda.

Confira os cinco papéis mais indicados para junho. Vale ressaltar que mais de duas ações receberam cinco indicações, e a liquidez foi usada como critério para a seleção.

AçãoNúmero de indicaçõesVariação em maioVariação no ano
Vale (VALE3)93,51%14,78%
Itaú (ITUB4)89,66%21,93%
Multiplan (MUL3)7-2,27%38,05%
Petrobras (PETR4)510,41%25,62%
PetroRio (PRIO3)54,83%37,95%
Fontes: BB Investimentos, BTG Pactual, Elite Corretora, Genial Investimentos, Guide, Mirae, Warren, Órama, Safra Corretora, Santander Corretora, PagBank, Ativa Investimentos e Toro Investimentos

Vale

Apesar de o minério de ferro vir passando por volatilidade de preço nos últimos meses e de a ação da Vale já ter se valorizado muito com a alta da commodity, a expectativa do mercado é que as medidas de estímulo econômico anunciadas pelo governo chinês impulsionem a demanda e sustentem os patamares elevados de preço.

“No curto prazo, os preços do minério de ferro devem continuar sendo sustentados pela recuperação da China e a recuperação da produção de aço, refletindo estímulos, flexibilização das restrições à poluição e oferta, com as principais companhias do setor lutando para estabilizar a produção”, escrevem analistas do BTG.

Outro ponto que costuma valorizar a Vale no mercado é o prêmio de qualidade para o minério da companhia, que, na visão da Safra Corretora, deve se manter próximo do nível atual, devido à busca por maior eficiência e elevados padrões ambientais das siderúrgicas.

Além disso, apesar da alta recente da ação, o BTG vê os papéis como baratos, e menciona também a forte geração de caixa como ponto positivo da mineradora. Outro fator que torna a Vale atrativa são os dividendos. Na estimativa da Ativa, mesmo desconsiderando o programa de recompra de 500 milhões de ações anunciado na última divulgação de balanço, a mineradora deverá entregar um dividend yield de 15,9% neste ano.

Itaú

Outra ação que vem fazendo sucesso entre os analistas em 2022 é a de Itaú, cuja carteira de crédito vem mostrando relativa resiliência em um momento em que a inadimplência é uma das maiores preocupações do mercado.

De acordo com analistas do PagBank, o banco é conhecido por ser o mais conservador do setor e tem superado seus pares em provisões, o que faz dele um ativo resiliente em momentos de incertezas econômicas e fiscais.

Para a Santander Corretora, o principal fator por trás da visão positiva é o guidance do banco para 2022, que indica crescimento de 10% nas operações de crédito, com alta de 33% nas provisões. Apesar de isso poder indicar que o banco espera um aumento na inadimplência, a análise do Santander que os dados recentes vêm indicando o oposto.

Além disso, o setor como um todo deve se favorecer do atual momento macroeconômico. “Como estamos sinalizando há mais de seis meses, as ações dos bancos incumbentes devem se provar defensivas no atual ambiente de subida de juros”, disse o BTG.

Multiplan

Novata na carteira da Ativa Investimentos, a empresa ganhou espaço neste mês devido às perspectivas positivas de aumento de fluxo de pessoas em shoppings e, consequentemente, das vendas dos lojistas. Com isso, a expectativa da corretora é que a operadora de shoppings possa retirar descontos em aluguéis já existentes e negociar termos mais interessantes para novos contratos.

Entre as operadoras de shopping centers, a escolha da Ativa pela Multiplan se deve a seu histórico de resiliência em momentos de crise e ao preço das ações, que a corretora considera atrativo, mesmo com a valorização recente.

Além disso, acrescenta o PagBank, o foco da Multiplan no público de média e alta renda a coloca em uma posição mais confortável no cenário macroeconômico atual, com vendas de varejo mais fracas.

“Os resultados referentes ao primeiro trimestre da Multiplan foram fortes, sinalizando sua capacidade de entregar crescimento e rentabilidade, mesmo diante da elevada inflação pressionando a renda das famílias, reflexo do portfólio diferenciado que a companhia construiu ao longo das décadas”, diz o BB-BI.

Petrobras

Apesar de ter mantido a petrolífera em sua carteira, a Safra Corretora reduziu um pouco de sua exposição à companhia, com o objetivo de mitigar o risco político do portfólio. A petroleira tem estado no centro das atenções nas últimas semanas, depois de o governo federal decidir trocar duas vezes no mesmo ano o comando da companhia.

A decisão evidencia o descontentamento do presidente Jair Bolsonaro com a política de preços de combustíveis adotada pela companhia, e aumenta as preocupações do mercado em relação a uma possível interferência governamental.

A Santander Corretora reconhece as incertezas na administração da Petrobras, mas segue apostando em suas ações por acreditar que as capacidades de produção e exploração da empresa, com foco nos ativos do pré-sal, deverão permanecer em vigor, independentemente do cenário.

O Safra, por sua vez, acredita que a possibilidade de interferência política nos preços da Petrobras é limitada, “uma vez que a legislação e o estatuto da empresa trazem alguma proteção contra interferência política”.

Daqui para a frente, a Guide espera que mais poços entrem em operação a médio prazo, o que deve permitir um aumento de produção. Outros pontos que podem beneficiar a companhia no futuro são a continuidade da venda de ativos não estratégicos, o avanço no projeto de desinvestimento das refinarias, e a perspectiva de novos anúncios de dividendos.

PetroRio

A Elite Investimentos, que incluiu os papéis da PetroRio na sua carteira neste mês, vê o negócio da petrolífera ganhando tração nos últimos meses.

O modelo de negócio da PetroRio, de comprar ativos de que outras companhias, principalmente a Petrobras, estão se desfazendo e revitalizá-los, é único no Brasil, diz a Elite, e suas operações aceleraram recentemente, com a licença para a perfuração de novos poços no Campo de Frade e a compra de Albacora Leste.

Esses novos desenvolvimentos, diz a Ativa, ainda não foram incorporados nos preços das ações. “Assim, o investimento na empresa deve levar em consideração seu potencial de crescimento e não as oscilações do valor do barril de petróleo no curto prazo”, diz a Elite.

Para a Ativa, ainda, o investimento em PetroRio é uma boa maneira de capturar a alta nos preços internacionais de petróleo, tendência que deve continuar, uma vez que a dinâmica de oferta e demanda segue apertada.

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