Ibovespa fecha em queda pressionado por Azul (AZUL4) e cautela com o Fed

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O Ibovespa encerrou a quarta-feira (28) com recuo de 0,47%, aos 138.888 pontos, após um pregão volátil. A principal pressão veio do setor aéreo, em especial da Azul, que entrou com pedido de recuperação judicial (Chapter 11) nos Estados Unidos. A reação dos investidores à ata da reunião Federal Reserve (Fed), também pesou no mercado.

Azul recorre ao Chapter 11 e ações serão excluídas do Ibovespa

A Azul (AZUL4) foi o grande destaque negativo do dia. A companhia aérea, que até então evitava recorrer ao Chapter 11, protocolou pedido de recuperação judicial nos EUA, refletindo a dificuldade em obter financiamento e a frustração com a arrecadação de apenas R$ 1,6 bilhão em sua última oferta de ações — valor insuficiente para enfrentar sua dívida, que somou R$ 31,35 bilhões no 1º trimestre de 2025, alta de 50,3% em relação ao ano anterior.

Como parte do plano de reestruturação, a Azul pretende reduzir sua frota em 35% e diminuir a alavancagem. A B3 anunciou que os papéis da companhia serão retirados do Ibovespa e de outros índices após o pregão de 29 de maio. Analistas apontam que o processo pode dificultar uma possível fusão com a Gol e levar à quase total diluição dos acionistas minoritários, desestimulando novas compras do papel.

Ata do Fed reforça cautela com juros nos EUA

No cenário externo, a ata da última reunião do Fed trouxe tom de cautela. O documento indicou que os diretores enxergam incertezas que exigem paciência antes de qualquer corte de juros. A inflação persistente e o risco de aumento do desemprego colocam o banco central diante de possíveis “trade-offs” entre controle de preços e estímulo à economia. Isso gerou apreensão nas bolsas americanas.

Brasil: IOF, dívida pública e emprego em foco

No Brasil, segue a indefinição sobre a compensação da perda de arrecadação com a redução do IOF. O governo estuda aumentar o bloqueio de despesas para R$ 33 bilhões e resgatar R$ 1,4 bilhão de fundos. O clima político no Congresso é de crescente insatisfação.

Entre os indicadores, a dívida pública federal subiu 1,44% em abril, alcançando R$ 7,617 trilhões. Por outro lado, o mercado de trabalho surpreendeu positivamente com a criação de 257.528 vagas formais, segundo o Caged.

Minério de ferro e siderúrgicas pesam no índice

As ações de mineração e siderurgia também pressionaram o Ibovespa, refletindo a queda do minério de ferro. Usiminas (USIM5) caiu 4,67%, CSN (CSNA3) 3,67%, e Vale (VALE3) recuou 0,80%. A decisão do governo de renovar tarifas sobre 23 produtos siderúrgicos acentuou a pressão no setor.

A queda do minério está ligada à demanda enfraquecida, em meio à tensões comerciais entre China e EUA. Projeções apontam que a produção global da commodity deve recuar 37 milhões de toneladas em 2025.

Brava lidera altas com possível mudança estatutária

Na ponta positiva, a Brava (BRAV3) teve a maior alta do dia (4,28%) após o fundo Yellowstone — que detém 5,3% da companhia — solicitar uma assembleia para votar alterações no estatuto social, incluindo a exclusão da cláusula de “poison pill”, que dificulta mudanças no controle da empresa.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Brava Energia (BRAV3): +4,28%

• Vamos (VAMO3): +3,75%

• PetroRecôncavo (RECV3): +3,40%

• Minerva (BEEF3): +3,37%

• JBS (JBSS3): +2,62%


Baixas

• Usiminas (USIM5): -4,67%

• Azul (AZUL4): -3,74%

• CSN (CSNA3): -3,67%

• Marcopolo (POMO4): -2,97%

• Vivara (VIVA3): -2,75%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:

• Dow Jones: -0,58%

• Nasdaq: -0,51%

• S&P 500: -0,56%


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