Após um dia de alívio, em que o Ibovespa registrou sua primeira alta da semana, o principal índice da Bolsa brasileira voltou a cair e fechou o pregão desta sexta-feira (28), o último antes do segundo turno das eleições, em baixa de 0,09%, aos 114.539 pontos. Foram R$ 24,63 bilhões em volume negociado.
Com mais esta queda, o saldo do Ibovespa para a semana foi de baixa de 4,49%. No mês de outubro, porém, o índice soma ganhos de 4,09%, enquanto a valorização acumulada do ano é de 9,27%.
Vale derruba o índice
O principal fator por trás da derrapada do Ibovespa foram as ações da Vale (VALE3), que afundaram 4,88% depois da divulgação dos resultados da companhia no terceiro trimestre.
Embora previsto pelo mercado, o resultado da Vale mostrou um cenário apertado para o setor no período, em consequência de preços mais baixos do minério de ferro e custo de produção em alta. O lucro líquido da companhia no terceiro trimestre foi de US$ 4,45 bilhões, queda de 18,7% em relação ao mesmo período de 2021.
Análise:
Vale (VALE3): por que mercado está pessimista se lucro superou previsão? Confira análise
A Usiminas (USIM5) também ficou entre as maiores quedas do dia, de 4,17%, depois de comunicar que seu lucro líquido despencou 67% no terceiro trimestre, pressionado por vendas menores de aço, maior custo de vendas e avanço nos investimentos. De julho a setembro, o montante somou R$ 609 milhões, abaixo dos R$ 1,8 bilhão reportados no mesmo período em 2021.
A Petrobras também pesou sobre o índice, com as ações refletindo a queda de 1,33% no petróleo Brent, para US$ 93,77 o barril. As ações preferenciais da estatal (PETR4) tiveram baixa de 1,18%, enquanto as ordinárias (PETR3) recuaram 1,51%.
Na ponta oposta, a Suzano (SUZB3) teve uma das maiores altas do dia, de 3,75%, após publicar seus resultados do terceiro trimestre, mostrando que reverteu com força o prejuízo reportado no mesmo período de 2021.
A maior produtora de celulose no planeta encerrou o período entre julho e setembro com um lucro de R$ 5,44 bilhões, ante a perda de R$ 962 milhões no terceiro trimestre do ano passado. O consenso de analistas para o lucro da Suzano era de aproximadamente R$ 1,56 bilhão.
As maiores altas do dia, porém, foram de ações de varejo, tecnologia e educação, beneficiadas por dados de inflação abaixo do esperado, explicam analistas da Ativa Research. Entre estas, destaque para Méliuz (CASH3), Cogna (COGN3) e Americanas (AMER3), com avanços de 8,33%, 5,3% e 4,84%, respectivamente.
O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) recuou 0,97% em outubro, acelerando o recuo de setembro, quando havia tombado 0,95%, segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Com o resultado, o índice acumula alta de 5,58% no ano e de 6,52% em 12 meses.
Dois dias para o segundo turno
No âmbito político, a “Carta para o Brasil do amanhã” publicada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que causou euforia no pregão de ontem, perdeu o efeito nesta sexta.
“O material foi recebido instantaneamente pelo mercado como positivo, mas ao se debruçar sobre os compromissos percebeu-se que não há novidades no texto”, explica Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.
Agora, as atenções se voltam para o debate entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na Globo hoje, às 21h30.
Exterior na direção contrária
Nos Estados Unidos, o sentimento dos mercados foi impulsionado por sinais de desaceleração na inflação, compensando balanços negativos das empresas de tecnologia. Diante disso, o S&P 500 teve alta de 2,46%, o Dow Jones avançou 2,59% e o Nasdaq subiu 2,87%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,24%.
O PCE (índice de preços para despesas de consumo pessoal) de setembro, divulgado nesta sexta, mostrou que a inflação continua em um patamar elevado nos EUA, mas deu alguns sinais de desaceleração, que reforçaram ao mercado um cenário em que o Federal Reserve, o banco central americano, passe a subir menos os juros a partir de dezembro.
Leia mais:
Ações nos EUA disparam com mercado prevendo Fed mais manso em dezembro
O indicador de inflação preferido do Fed avançou 0,3% no mês passado. Já o núcleo do indicador, que exclui itens de preços mais voláteis, como energia e alimentos, subiu 0,5%, dentro do esperado por analistas ouvidos pela Reuters. Na comparação anual, o aumento foi de 5,1%, pouco abaixo dos 5,2% projetados por especialistas.
Por outro lado, a Amazon, que divulgou resultados na noite de ontem, deixou os investidores preocupados. Ainda que seu lucro tenha ficado 20% acima do esperado e sua receita tenha vindo dentro no previsto, seu lucro operacional caiu 48% em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
Além disso, a empresa fez uma projeção de resultados fracos para o quarto trimestre – período das vendas de final de ano em que companhias de varejo costumam brilhar. Diante disso, as ações fecharam o pregão em queda de 6,8%.
Criptomoedas
Ignorando as altas das Bolsas americanas na última sessão da semana, o mercado de criptoativos estendeu para esta sexta-feira o cenário de estabilidade observado na véspera.
O Bitcoin (BTC) se mantém acima de US$ 20 mil e caminha para uma alta de 10%, reflexo da forte valorização vista na terça e na quarta-feira com a queda do temor dos investidores de altas mais agressivas nos juros americanos. No mês, o saldo também está no azul, com avanço de 7,3%.
Por volta das 16h50, o BTC tinha alta de 1,7%, negociado a US$ 20.273, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) subia 2,9%, vendido a US$ 1.551.
Após dados da inflação americana divulgados nesta sexta-feira virem de acordo com as expectativas do mercado, os investidores aguardam agora pela divulgação da nova alta dos juros pelo Fed, na próxima quarta-feira (2).
A maior parte do mercado espera um novo aumento de 0,75 p.p (ponto percentual). Além disso, as atenções estarão voltadas para coletiva que o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, dará após a publicação dos dados.
As expectativas se concentram no tom que o chairman trará sobre os próximos passos da política monetária, principalmente se há brechas para uma alta mais suave na última reunião do Fed, marcada para dezembro.