Bolsa de Valores: Suzano (SUZB3) e Magazine Luiza (MGLU3) foram as que mais elevaram lucro desde 2011 – veja lista

Nos últimos dez anos, a média da taxa de crescimento anual composto dos lucros das empresas do Ibovespa foi de 13,41%

Foto: Shutterstock

No Brasil, onde até o passado é incerto, segundo a frase atribuída ao ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, se referindo às várias mudanças de rumo e perspectivas do país, parece não fazer sentido para determinadas empresas da Bolsa de Valores.

Nos últimos dez anos, algumas companhias se destacaram com o crescimento da lucratividade. Essas integrantes da Bolsa de Valores brasileira conseguiram sair do anonimato e se tornaram referências em seus respectivos setores.

Este fato, inclusive, faz com que a perpetuação deste crescimento esteja fadada à desaceleração.

No limite, qualquer empresa que cresça de forma constante a uma taxa maior do que o esperado para o PIB (Produto Interno Bruto) se tornaria maior do que a própria economia – o que é impossível.

Contudo, os maiores múltiplos de taxa de crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês) de lucros na última década na Bolsa são bons indicativos de que a capacidade de execução – e geração de valor – dessas empresas são acima da média.

Levantamento elaborado pelo TradeMap mostra que 10 empresas da atual carteira do Ibovespa que mais aumentaram seus lucros anuais entre 2011 e 2021 tiveram uma taxa de crescimento de, no mínimo, 21,6%.

A tabela considera as companhias integrantes da atual carteira teórica do maior índice acionário da B3, desde que tenham reportado lucro anual no período e tenham patrimônio líquido maior do que R$ 500 milhões.

A média do CAGR dos lucros das empresas do Ibovespa que se enquadram nesses critérios foi de 13,41% nos últimos 10 anos.

A taxa de crescimento anual composta, ou CAGR, nada mais é do que a taxa de retorno anual necessária para que o lucro, neste caso, saia do estágio inicial para o estágio final (ou seja, entre 2011 e 2021). 

A lista contempla sete setores distintos e mostra como o desempenho das empresas na Bolsa não condiz com a performance econômica do país. Durante a década passada, o PIB do Brasil cresceu 0,3% ao ano.

O que explica esse desempenho

As companhias listadas destacaram-se dentro do setor (como é o caso da Minerva, que figura sozinha entre os frigoríficos) ou então viram o preço das commodities avançar o suficiente para elevarem o segmento como um todo (Suzano e Klabin).

Contudo, algo comum entre muitas das empresas – Suzano, Magazine Luiza, Raia Drogasil e Gerdau – é o fato de que a abertura de capital fomentou o crescimento das empresas, dando maior clareza na governança corporativa e estimulando a expansão com capital.

Essas empresas realizaram seus IPOs na Bolsa brasileira entre 2010 e 2012. Desde então, os lucros foram crescentes.

Especificamente, no caso da Suzano (SUZB3), a empresa conseguiu utilizar seu acesso ao mercado de capitais e intensificou os investimentos ao longo dos anos seguintes à abertura de capital.

Em 2014, foi inaugurada a Unidade Imperatriz, no Maranhão, considerada uma das maiores e mais modernas plantas de produção de celulose de fibra curta do planeta.

No ano seguinte, a empresa começou a produzir Eucafluff, a primeira celulose fluff de eucalipto a ser viabilizada comercialmente no mundo.

A empresa saiu de um lucro de R$ 29,8 milhões em 2011 para R$ 8,63 bilhões no ano passado, alta de 28.790%.

Com a entrada de novas capacidades de produção de celulose no mundo em 2023, o preço da commodity pode entrar em tendência de queda.

Entretanto, os fundamentos da companhia devem ser acompanhados de perto, já que o preço da celulose não condiz exatamente com a cotação das ações, que caem em 2022 mesmo com o aumento do preço da matéria-prima.

O caso do Magazine Luiza (MGLU3) é um pouco diferente. A empresa realizou seu IPO em 2011, mas passou por dificuldades durante o período da recessão econômica e alta da inflação durante meados da década passada.

Em 2015, a empresa chegou a ser avaliada em R$ 180 milhões, uma pequena fração do que é hoje: quase R$ 30 bilhões. A virada de chave ocorreu pouco antes da ascensão de Frederico Trajano na presidência da companhia.

O filho da fundadora da varejista já havia se preparado para o cargo após ter assumido, em 2003, o setor de vendas e marketing da companhia e, posteriormente, em 2010, a direção da área de Operações, que engloba marketing, logística e TI.

Sob a liderança de Trajano, a companhia conseguiu implementar um novo viés tecnológico, como o LuizaLabs, por exemplo, e se posicionou como um grande player de marketplace. A receita bruta da empresa saiu de R$ 7,6 bilhões em 2011 para R$ 42,9 bilhões em 2021 – avanço de 464,4%.

O modelo de negócio da empresa, todavia, tem sofrido com a dinâmica inflacionária mais forte no Brasil e com a alta da taxa de juros, que tira o apetite por consumo.

Além disso, a aceleração da concorrência no país, que acompanhou o desenvolvimento do e-commerce, certamente fará com que o crescimento do Magazine Luiza não se repita na próxima década.

Já a SLC (SLCE3), a décima empresa da relação, é a segunda colocada da lista quando o assunto é sobre as empresas que conseguiram ampliar os lucros nos últimos cinco anos.

As melhores empresas desde 2016 na Bolsa de Valores

Entre 2016 e 2021, a retomada econômica brasileira foi interrompida pela pandemia da Covid-19 – que acabou acelerando a queda da taxa de juros no Brasil.

Dessa conjuntura – que ainda influencia os negócios no Brasil e no mundo – houve vencedores, ao menos até o fim do ano passado.

A alta das commodities e o protagonismo do agronegócio na economia brasileira trouxeram luz ao desempenho da SLC nos últimos anos.

A empresa chegou à Bolsa na “safra” de 2007 e é conhecida pela alta expertise na procura e avaliação de terras para o plantio, algo que é pouco precificado atualmente.

O negócio da companhia gira em torno de um sistema produtivo que foca em alta escalabilidade, padronização de unidades de produção (22 em sete estados brasileiros), tecnologia e forte controle de custos.

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A produção da empresa está focada em algodão, milho e soja, três das commodities que mais se valorizaram neste ano. No segundo trimestre deste ano, a empresa teve receita líquida de R$ 1,66 bilhão, alta de 33,8% em 12 meses.

O valor líquido dos ativos por ação da empresa é de R$ 55,31, embora os papéis da companhia negociem por volta dos R$ 50 na Bolsa.

Destaca-se, também, a posição da Vale (VALE3) nos maiores crescimento de lucro dos últimos cinco anos. A companhia, que à época já era uma das maiores empresas do Brasil, faz jus à sua atuação de maior participação do Ibovespa.

A perspectiva para o minério de ferro é dúbia no mercado global – com China no vaivém dos lockdowns, mas com demanda relacionada à construção aparentemente em retomada.

A Vale consegue produzir um minério de maior qualidade e, por isso, cobra um prêmio por sua commodity, mas analistas do mercado têm reduzido o otimismo com as ações da empresa, que caem cerca de 16% neste ano.

Entre 2016 e 2021, as empresas do atual Ibovespa que fazem parte da lista elevaram seus lucros, em média, em quase 26% ao ano. O CAGR das melhores empresas da Bolsa de Valores, contudo, deixam a mediocridade do mercado para trás.

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