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Dólar a R$ 5, é hora de comprar? Veja as opções mais vantajosas para adquirir a moeda americana

A queda do dólar para o patamar de R$ 5 traz uma oportunidade de compra para os investidores que estão planejando uma viagem internacional ou intercâmbio, ou mesmo para quem quer ter a moeda americana na carteira como proteção contra o risco Brasil.

Com a reabertura da economia e das fronteiras com a queda de casos de covid-19, muitas pessoas já começam a retomar as viagens para o exterior ou o sonho de um intercâmbio lá fora, aumentando a procura pela moeda americana. A entrega de moeda em espécie e cheques de viagem cresceu 175% em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Banco Central.

Embora o fluxo positivo de recursos para o Brasil neste início do ano esteja sustentando a queda do dólar frente ao real, que cai 9,6% no ano até 11 de março, o cenário de incertezas à frente com o conflito na Ucrânia, aumento esperado de juros nos Estados Unidos, preocupação com quadro fiscal e eleições no Brasil devem trazer volatilidade para a taxa de câmbio.

“Para quem vai viajar ou quer comprar dólar como proteção para as posições em renda variável é um bom momento para ir fazendo compras graduais de dólar”, diz Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama.

A média das projeções dos analistas no Boletim Focus, publicado em 14 de março, aponta para uma taxa de câmbio de R$ 5,30 neste ano. “Vemos o dólar em uma tendência de queda no curto prazo por conta da alta de juros no Brasil e do fluxo de recursos destinados a emergentes com a crise na Rússia. Isso pode levar a moeda americana para R$ 4,85. Mas devemos ter eleições acirradas no Brasil, e pode voltar para o patamar de R$ 5,35”, aponta Blanco.

Veja abaixo vantagens e desvantagens das diferentes formas de adquirir a moeda americana.

Dólar em espécie

Com a queda do dólar para o patamar de R$ 5, tem crescido a demanda pela moeda em espécie. Levantamento da Abracam (Associação Brasileira de Câmbio) mostra que a demanda pela moeda americana aumentou 25% desde o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro.

“Vimos uma demanda crescente desde outubro, e fevereiro foi recorde desde a pandemia”, diz Eduardo Campos, diretor da área de câmbio do Banco Daycoval.

A instituição, que oferece papel moeda, serviço de remessa de câmbio e um cartão pré-pago que pode ser carregado em até seis moedas, viu um aumento da demanda por dólar de 30% em fevereiro em relação a janeiro.

“O ideal é aproveitar os momentos de queda do dólar frente ao real para ir comprando aos poucos e fazer um preço médio”, diz Campos.

Contas em dólar

Para quem vai viajar para o exterior, pretende fazer um intercâmbio ou mesmo quer ter uma poupança em dólar, as contas digitais internacionais em moedas estrangeiras agora estão mais acessíveis aos brasileiros.

Elas podem ser abertas por brasileiros no Brasil em instituições financeiras que possuem unidades lá fora. Assim, os brasileiros podem enviar remessas em reais para a conta no exterior em dólar ou euro.

A grande vantagem dessas contas é que o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) cobrado nessas operações de remessa de dinheiro para o exterior é de 1,10%, menor que o do cartão de crédito ou do cartão pré-pago, que é de 6,38%.

Além disso, apesar de ter a mesma alíquota de IOF que o da compra de moeda em espécie, de 1,10%, a segurança é muito maior e a taxa de câmbio utilizada nessas transações é mais atrativa, uma vez que a maioria usa o dólar ou euro comercial, enquanto o papel moeda é vendido pela taxa de câmbio de turismo, que chega a ser entre R$ 0,15 a R$ 0,20 centavos mais cara.

“O custo da compra de dólar pela conta internacional é algo 10% mais barato que que no cartão de crédito, 7% inferior que cartão pré-pago e 5% em relação a papel moeda”, diz Carlos Eduardo de Andrade Jr., diretor-executivo do BS2.

A maioria das instituições não cobra taxa de manutenção da conta, assim o investidor pode manter a conta ativa sem custo até a próxima viagem. Apesar das opções de conta internacional serem em dólar ou euro, o investidor pode usar o cartão internacional para sacar ou pagar compras lá fora em outras moedas, com o dinheiro sendo debitado da conta internacional.

“Tem pais que usam a conta global para transferir recursos para os filhos que estão estudando fora”, diz Maxnaun Gutierrez, head de produtos do C6 Bank.

O C6 oferece a opção de abertura de conta global tanto em dólar quanto em euro. O custo de abertura é isento para clientes do cartão C6 Carbon ou que tenham US$ 20 mil investidos em CDB (Certificado de Depósito Bancário) do C6. Caso contrário, o custo é de US$ 30.

Na corretora Avenue, o volume transacionado por meio dos cartões das contas internacionais em dólar tem sido crescente. Em dezembro, foram transacionados US$ 3 milhões, em janeiro cerca de US$ 3,5 milhões e em fevereiro US$ 4 milhões. “O cartão da Avenue já foi usado em 120 países”, diz William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities.

Já na Wise é possível ter até 10 contas na plataforma e saldo em mais de 50 divisas na conta multimoeda.

Embora a instituição seja regulada pelo Banco Central, a conta da Wise é classificada como conta dinheiro eletrônico, e não possui a cobertura do Financial Services Compensation Scheme (FSCS) do Reino Unido ou de qualquer outro programa de proteção similar ao nosso FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

“Uma facilidade é que o cliente, se estiver viajando, pode fazer o envio de dinheiro para sua conta multimoedas pagando com cartão de crédito”, diz Pedro Barreiro, líder de parcerias bancárias e expansão da Wise no Brasil.

Veja abaixo as tarifas e condições cobradas pelos bancos nas contas internacionais:

 

Corretoras Limite diário para saque Limite diário para compras Tarifa de manutenção Tarifa para saque Tarifa para remessa Cotação Dólar (1) Cotação euro
BB Conta Easy Digital (2) US$ 500 US$ 1.500 isento isento (3) isento Dólar comercial mais spread definido de acordo com estratégia do BB. Cotação em 11/3/2022 estava em R$ 5,07
Conta Multimoeda Wise não há não há isento isento 1,04% Dólar comercial Euro comercial
C6 Conta Global (4) US$ 500 ou EUR 500 não há isento US$ 5 ou EUR 5 isento Dólar comercial mais spread de 2% Euro comercial mais spread de  2%
Avenue Conta Internacional US$ 1 mil US$ 6 mil isento US$ 2 isento Dólar comercial +spread de 1,5% a 2,5%
BS2 Conta Digital Internacional US$ 5 mil (5) US$ 10 mil (5) isento US$ 5 isento Dólar comercial + spread de 2%
Nomad Conta Global US$ 500 US$ 5 mil  isento isento (2) 2% Dólar comerical +spread de 2%
Banco Inter Conta Digital Internacional US$ 500 não isento isento (2) isento Dólar comercial_spread entre 1,5% e 0,6%
Fonte: Corretoras. (1) Considera cotação do dólar comercial de R$ 5,03 e euro comercial R$ 5,52. (2) Válido para correntistas do BB e que não tenham sido clientes do BB Americas nos últimos 12 meses. (3) Válido para rede conveniada. (4) Tarifa de abertura de US$ 30 e isenta para clientes cartão Carbon ou com US$ 20 mil em CDB C6.Até o limite de 15.000 euros. (5) Limites podem variar dependendo do caixa eletrônico em cada local.

 

Andrade Jr., do BS2, conta que essas contas também têm sido procuradas por profissionais que recebem pagamento do exterior. “Para receber ou enviar pagamento para outros bancos, o custo é de US$ 12”, diz Andrade Jr.

Uma das vantagens dessas contas para quem quer ter uma reserva em dólar é que, diferentemente de outras aplicações como fundo cambial e minicontrato de dólar, o investidor não paga Imposto de Renda sobre a variação cambial do dinheiro depositado lá fora. Ele tem, contudo, que declarar a quantia mantida no exterior no campo bens e direitos na declaração do Imposto de Renda, diz Gutierrez.

O analista de portfólios e advisory do Inter, Pedro Albuquerque , destaca que o ideal é o investidor manter na conta em dólar apenas o que ele vai precisar usar nos próximos meses, e aplicar o dinheiro em outros ativos com exposição cambial como fundos listados em bolsa (ETFs, ou Exchange-Traded Funds), que seguem índices listados lá fora, ou fundos que aplicam em ativos no exterior como uma opção de diversificação e proteção da carteira. “É sempre bom lembrar que a moeda perder poder de compra para a inflação com o tempo”, alerta.

Fundos cambiais

Outra alternativa para quem quer proteger patrimônio em momentos turbulentos ou quer ter uma exposição à variação do dólar são fundos cambiais. Esses fundos precisam ter em suas carteiras ao menos 80% dos investimentos atrelados à variação da moeda estrangeira.

Esses produtos registraram uma captação líquida positiva de R$ 768,5 milhões em fevereiro, somando entrada líquida de R$ 783 milhões no ano, contra saída líquida de R$ 293,8 milhões no mesmo período de 2021, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

“O fundo cambial é mais apropriado para aquele investidor que tem um horizonte de investimento de médio e longo prazos”, diz Blanco, lembrando que a alíquota do Imposto de Renda varia de 22,5% a 15% e incide sobre o lucro obtido no momento do resgate.

Existem no mercado opções de fundo cambial que replicam a variação do dólar americano por meio da compra de contratos futuros de dólar com aplicação mínima de R$ 100. (Cadastre-se gratuitamente na plataforma do TradeMap aqui e veja as opções de fundos cambiais disponíveis).

O diretor de câmbio da Planner Corretora, Douglas Ferreira, alerta, contudo, para o investidor ficar atento à taxa de administração. “Fundos com taxa de administração maior que 2% podem não ser tão atraentes”, diz.

Minicontrato de dólar

Uma alternativa para o investir pessoa física que quer se proteger da alta da moeda americana é comprar um minicontrato futuro de dólar.

Nesse caso o investidor compra um contrato para determinada data a determinada cotação. Se no dia do vencimento o dólar estiver acima do valor da negociação, o comprador tem um ganho com a variação cambial. Se for o contrário, ele tem pagar a diferença dessas cotações.

O valor do minicontrato é US$ 10 mil, representando um quinto do contrato futuro de dólar padrão.

Essas transações, contudo, são mais procuradas por investidores que já operam no mercado futuro, pois a volatilidade é maior.

O número de minicontratos de dólar negociados em fevereiro somou 60,1 milhões, totalizando US$ 603,4 milhões, contra 62,1 milhões de contratos negociados no mesmo período do ano passado.

Segundo dados da B3, os investidores estrangeiros representavam 48% do total de participantes nesses contratos em dezembro. “Os investidores institucionais têm migrado do contrato padrão para o minicontrato, que têm liquidez maior”, explica Ricardo Eiji Tominaga, analista de equity research da Órama.

Uma das desvantagens dos minicontratos de dólar é a exigência do depósito de margem, ou seja, uma quantia em dinheiro ou ativos que tem que ficar depositada com a corretora para cobrir eventuais oscilações do mercado. Outro ponto desfavorável é que o investidor tem que rolar os contratos no vencimento, diz Tominaga.

Segundo Tominaga, as plataformas oferecem serviços de robôs que buscam arbitragens de preços e permitem aos investidores operar de forma automatizada. Contudo, é preciso ter cuidado com a alavancagem. A partir de R$ 150 é possível operar minicontratos de dólar em operações de day trade. (Aprenda como comprar e vender ativos usando o Multibroker TradeMap aqui)

É importante lembrar que em momentos de grande volatilidade no mercado pode haver uma chamada para aumento de margem ou a corretora pode encerrar a posição, usando o valor depositado se o investidor estiver muito alavancado, afirma Ferreira.

 

 

 

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