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Avanço da guerra, alta das commodities, queda do dólar; o que marcou a semana

Na agenda do conflito, está a terceira rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, prevista para a semana que vem, enquanto o exército russo avança em direção a Kiev

O pior está por vir, disse o presidente da França, Emmanuel Macron, após falar com Vladimir Putin, da Rússia, por mais de uma hora e meia na quinta-feira (3), na tentativa de convencê-lo a cessar fogo na Ucrânia. No começo da sexta (4), veio um ataque a uma usina nuclear ucraniana. O nível do alerta das grandes potências elevou-se, e os mercados financeiros mundo afora desabaram com o agravamento do conflito.

Diante desse cenário, a Bolsa brasileira fechou a sexta em baixa de 0,60%, aos 114,473 pontos, após escapar do recuo na Quarta-feira de Cinzas, quando teve alta de 1,80%, e fechar no zero a zero na quinta. Mas, no acumulado dos três dias, houve valorização de 1,18%.

O movimento inicial de alta na B3 foi puxado pelo aumento dos preços das commodities. A perspectiva de redução na oferta do petróleo produzido na Rússia fez o preço do Brent superar US$ 119 por barril na quinta-feira. As commodities metálicas, como minério de ferro e cobre, também avançaram.

Atraídos principalmente por ações de empresas ligadas à produção de matérias-primas, os estrangeiros continuaram a trazer recursos para o Brasil. Esse fluxo levou o dólar a fechar a semana em R$ 5,08.

Outro fator positivo do período foi o PIB, que reverteu a queda de 3,9% registrada em 2020, sob o forte impacto da pandemia do novo coronavírus. Após cair no segundo e terceiro trimestres, o Produto Interno Bruto avançou 0,5% nos três últimos meses do ano, acima das expectativas, encerrando 2021 em alta de 4,6%.

Mas o que ocorrerá daqui para a frente na economia com o alongamento da guerra, tanto no Brasil quanto no exterior, não dá para prever totalmente. O certo é que o efeito na inflação já está nas considerações dos bancos centrais para ajustes nas taxas básicas de juros. É o caso do Federal Reserve, banco central americano, informou o presidente da instituição, Jerome Powell, na quarta-feira (2).

A Rússia, autora da guerra, já teve que lançar mão da alta de juros para conter o aumento de preços no país em função dos embargos econômicos ao país.

Na agenda do conflito, está a terceira rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, prevista para a semana que vem, enquanto o exército russo avança em direção a Kiev, capital da Ucrânia.

Veja os destaques do noticiário da Agência TradeMap na semana:

Especialista vê fluxo de recursos constante para o Brasil

A guerra na Ucrânia não deve interromper fluxo de recursos para o Brasil, diz Mark Mobius, gestor especialista em mercados emergentes, em entrevista à Agência TradeMap. Segundo ele, o mercado brasileiro está indo bem neste contexto de crise, porque o país, além de ser produtor de petróleo, é visto como porto seguro longe da Europa.

Mobius afirma que o impacto mais forte do conflito será sentido pelos mercados emergentes do Leste Europeu. Já os emergentes na Ásia, África e América Latina serão mais indiretamente impactados por meio da volatilidade e aumento dos preços de energia e commodities.

Brasil tem o que o investidor quer: commodities, diz a Galapagos WM

Na avaliação de Luís Barone, sócio e gestor da Galapagos WM, o Brasil é um país muito peculiar no cenário de aversão ao risco ampliado em consequência do conflito entre Rússia e Ucrânia. “(…) nós temos o que o investidor procura, que são as commodities. A Bolsa brasileira não está despencando muito por conta disso”, afirma em entrevista à Agência TradeMap.

Os papéis ligados às commodities são os grandes ativos do momento, diz Barone. Ele cita a Vale (VALE3), cuja alta na terça foi de 8% e Petrobras (PETR4), que cresce com a alta do petróleo. “E no Brasil há outras empresas ligadas ao setor (…) que devem performar bem nesse momento de grande preocupação.” Como meio de proteção, o gestor cita também o ouro, que se valorizou com a entrada da Rússia na Ucrânia.

IPCA+: proteção para momento de incerteza

A crescente aversão ao risco tem dado espaço para o Tesouro IPCA+ ganhar atratividade. Esses títulos públicos são recomendados por especialistas como uma opção de proteção da carteira. Consequência e de fatores como a alta do petróleo e de outras commodities, a inflação assombra. Neste contexto, ter uma posição em títulos públicos indexados ao IPCA faz sentido, afirma Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos.

Por outro lado, os papéis do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 lideraram os recuos em fevereiro, acumulando queda de 2,11%. No mês passado, foram os títulos do Tesouro indexados ao IGP-M com vencimento em 2031 que lideraram os ganhos, com valorização de 1,24%, seguidos pelo Tesouro Selic com vencimento em 2027, cuja alta foi de 1,10%.

Sempre ela: Vale é ação mais recomendada para março

A Vale (VALE3) vai para o terceiro mês do ano como a ação mais recomendada por corretoras. A ação integra a carteira recomendada de 12 das 13 corretoras consultadas pela Agência TradeMap. Os mercados estão pautados no desenrolar da guerra ucraniana, que vêm impulsionando as cotações de commodities – e, por consequência, de ações ligadas ao setor, como a da mineradora.

Analistas da Mirae acreditam que a alta das commodities deve continuar neste mês, assim como os da Genial Investimentos, que seguem apostando em empresas do setor, mas com maior diversificação entre as que exploram petróleo, as de mineração, os frigoríficos e as do agronegócio do que anteriormente.

O que é long & short? Vale a pena?

A volatilidade do dia a dia, reforçada em momentos de grandes crises, faz os investidores se perguntarem como rentabilizar melhor seu capital aplicado na Bolsa. O chamado long & short, por mais que seja uma operação que demanda mais cuidados que o habitual, pode ser uma boa alavanca para o patrimônio.

Long & short é uma operação que consiste, primeiramente, no aluguel da ação de uma empresa que, em tese, está superprecificada e que os papéis tendem a cair, seguida da venda a descoberto desta ação. Essa é a chamada ponta vendida, na operação short.  Posteriormente, com o recurso desta venda, deve ser realizada a compra do papel de uma companhia que, em razão de algum evento específico, deverá ter um movimento contrário e se valorizar. Essa é a ponta long, a comprada.

O objetivo é lucrar com ambas as operações nos sentidos esperados, ou então ter um desempenho proporcionalmente superior em uma delas. É uma estratégia considerada arriscada e que demanda cuidados e conhecimentos pouco usuais dos investidores com baixa experiência no mercado.

Ver as big techs como riscos ou oportunidades?

O setor de tecnologia ainda tem grande potencial de crescimento, mas esta é a hora de comprar papéis da área? A necessidade de os clientes usarem os ecossistemas das bigs techs – Meta, Alphabet, Amazon e Apple e Microsoft – e a dificuldade em encontrar ferramentas alternativas podem criar oportunidades num mercado acionário que enfrenta perspectivas ruins em 2022.

Nos resultados do quatro trimestre do ano passado, essas companhias mostraram que, apesar dos desafios, ainda estão bem posicionadas para o futuro.

Positivo (POSI3) tem plano para compensar recuo em PCs

A também tech Positivo quer driblar a queda das vendas de computadores no varejo. Como estratégia, aposta no setor público e no mundo corporativo, além de oferecer outros produtos. O problema é que os clientes do varejo ainda representam mais da metade da receita da brasileira (56,2%), apesar de já terem respondido por 63,4% em 2016. E os computadores são o principal produto da empresa, com 62% de participação no faturamento.

A XP recomenda compra para a companhia, cujo capital foi aberto em 2016, e estima um preço-alvo de R$ 16 para a ação. A valorização potencial é de 95% em relação ao fechamento de quarta-feira (2), quando o papel encerrou o pregão cotado a R$ 8,20, em alta de 2,63%.

O que está previsto para esta semana

A temporada de balanços corporativos traz o desempenho de Marfrig (MRFG3), CSN (CSNA3), Natura (NTCO3), Embraer (EMBR3), Via (VIIA3) e Gol (GOLL4), entre outras companhias.

Projetos sobre controle de preços dos combustíveis podem ser pautados no Congresso.

A Anfavea divulga os dados de vendas e produção referentes ao mês de fevereiro na terça-feira (8).

Na quarta (9), o IBGE apresenta os dados da Pesquisa Industrial Mensal referentes a janeiro. E na quinta (10), será vez da Pesquisa Mensal do Comércio, para o mesmo período.

No mesmo dia, sairá a taxa de juros da zona do euro. A primeira prévia de março do IGP-M também será apresentada na quinta, assim como o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregado) referente a janeiro.

E também será informado o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), a inflação americana, de fevereiro.

No Brasil, o IPCA do mês passado será divulgado na sexta (11).

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