Vale (VALE3), varejistas e exterior ajudam e Ibovespa registra alta de 0,56%

Mercado segue à espera do discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, em Jackson Hole

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Seguindo o desempenho das Bolsas estrangeiras, que fecharam em alta à espera do discurso do presidente do banco central americano, Jerome Powell, o Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (25) com valorização de 0,56%, aos 113.531 pontos, com R$ 12,92 bilhões em volume negociado.

Com a performance de hoje, o saldo acumulado pelo principal índice da B3 em agosto passou para avanço de 10,05%, enquanto os ganhos registrados desde o início do ano somam 8,31%.

O movimento foi parecido no exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 1,41%, o Dow Jones subiu 0,98% e o Nasdaq avançou 1,67%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,19%.

Otimismo no exterior

Por mais um dia, o mercado aguarda ansioso pelo discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira (26), na expectativa de sinais sobre os próximos passos da política monetária americana.

Além da expectativa por Jackson Hole, as Bolsas também repercutiram o anúncio de expressivos estímulos econômicos na China. Agora, a soma dos estímulos recentes do país já chega a 1 trilhão de iuanes, o equivalente a US$ 146 bilhões, de acordo com a agência de notícias Bloomberg.

Na Europa, dados econômicos melhores do que o esperado na Alemanha trouxeram certo alívio aos mercados. O PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 0,1% no segundo trimestre, contra estimativas de 0%. A confiança empresarial medida pelo índice IFO, por sua vez, caiu 88,5 em agosto, menos do que os 87,2 esperados.

Varejo em destaque

Os papéis ligados ao varejo, que foram os destaques da véspera, davam sequência aos ganhos. Dentre as maiores altas do Ibovespa, Alpargatas (ALPA4) ganhou 10,06%, Azul (AZUL4) avançou 5,62% e Gol (GOLL4) subiu 5,49%, amparadas pela divulgação do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Na visão de Kaue Franklin, especialista em renda variável da Aplix Investimentos, esses papéis têm subido recentemente por uma perspectiva positiva dos investidores no longo prazo, avaliando que a inflação tem se arrefecido e os juros nos EUA não devem subir mais do que o esperado.

Outra alta relevante foi de Magazine Luiza (MGLU3), de 4%. A varejista anunciou o lançamento dos três primeiros jogos de sua unidade de negócios Magalu Games, com o objetivo, segundo analistas da Genial Investimentos, de atrair mais clientes para os canais de vendas. Além disso, a estratégia conversa com aquisições como Jovem Nerd e KaBuM!, apontam os analistas.

Também entre as altas apareceu a IRB (IRBR3), que subiu 2,49%, após a empresa anunciar que realizará mais uma oferta pública de ações ordinárias.

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De acordo com a resseguradora, serão distribuídas, inicialmente, pouco mais de 597 milhões de novas ações, mas esse volume pode triplicar se a companhia julgar oportuno. O valor das novas ações do IRB será definido pelo mercado. Considerando o preço de fechamento de quarta-feira (24), de R$ 2,01 por papel, a oferta resultaria numa injeção de capital de R$ 1,2 bilhão se vendido o volume mínimo de ações.

O IRB destacou ainda que este será o valor limite do aumento de capital. Ou seja, a empresa pode até vender mais ações, mas somente se na somatória o valor arrecadado respeitar o teto de R$ 1,2 bilhão. Na prática, a empresa está se preparando para a possibilidade de as ações serem vendidas a menos de R$ 1,00.

Pesos-pesados sustentam índice

Ainda que o varejo tenha se destacado, os grandes responsáveis por sustentar o sinal positivo do Ibovespa, além do impulso do exterior, foram os pesos-pesados Vale (VALE3) e bancos. A mineradora teve alta de 1,94%, apesar da queda de 0,21% do minério de ferro negociado na Bolsa de Dalian, para US$ 102,99 por tonelada.

Os bancos também subiram em bloco, com Banco do Brasil (BBAS3) avançando 2,38%, Santander (SANB11) ganhando 1,17%, Itaú (ITUB4) subindo 1,24% e Bradesco (BBDC4) em alta de 0,72%.

O Bradesco anunciou que sua subsidiária Bradescard México comprou a Ictineo Plataforma, uma instituição financeira popular mexicana que atua com pessoas físicas na região. De acordo com o banco brasileiro, a intenção do negócio é oferecer novos produtos financeiros no país. Valores envolvendo a transação não foram divulgados.

Na quarta-feira (24), o banco já havia anunciado uma parceria estratégica com o Banco Votorantin (BV) para a formação de uma gestora de investimentos independente.

Baixas do pregão

Nem mesmo a queda da Petrobras, diante da desvalorização de 1,87% do petróleo tipo Brent, a US$ 98,46 por barril, foi capaz de derrubar o índice. As ações ordinárias da estatal (PETR3) tiveram baixa de 1,01%, e as preferenciais (PETR4), de 1,07%. Outras petroleiras, a Prio (PRIO3) e a 3R Petroleum (RRRP3), tiveram altas de 1,58% e 0,35%, respectivamente.

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A Prio anunciou que captou R$ 2 bilhões em dívidas, por meio da primeira emissão de debêntures da companhia. De acordo com Milton Rangel, CFO da companhia, cerca de R$ 1,5 bilhão serão aplicados no plano de desenvolvimento do Campo de Frade, enquanto restante será destinado a outros investimentos corporativos.

As maiores baixas do Ibovespa, porém, foram de Energisa (ENGI11), Eletrobras (ELET6) e Cemig (CMIG4), com recuos de 2,77%, 1,78% e 1,71%, nesta ordem. De acordo com analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado, o recuo das ações do setor elétrico reflete o movimento de alta da curva de juros.

Criptoativos

Após começar o dia segurando o clima de recuperação da véspera, o Bitcoin (BTC) inverteu o sinal e passou para o campo negativo, ao contrário do bom humor que impulsionou a maioria dos mercados ao redor do globo.

O clima de cautela espelha as expectativas dos investidores sobre os próximos passos da política monetária americana e os impactos do combate à inflação nos EUA.

Caso a direção aponte para aperto mais agressivo dos juros, os ativos de risco de modo geral, em especial o cripto, tendem a perder valor pela fuga de investidores para opções mais seguras, como a renda fixa.

Por volta das 16h55, o BTC operava perto da estabilidade, com queda de 0,3%, aos US$ 21.692, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

No caminho oposto à maior parte do mercado, o Ethereum sustenta o fluxo de alta, com valorização de 1,7%, negociado a US$ 1.715, conforme dados da Binance.

O otimismo é amparado pela confirmação do processo de fusão para o dia 15 de setembro, um dos eventos mais aguardados no ano pelo universo cripto.

O novo modelo para validar as transações deve atrair mais investidores à rede por ser mais econômico e mais adequado às práticas sustentáveis.

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