O ressegurador IRB (IRBR3) informou na noite de quarta-feira (24) que realizará mais uma oferta pública de ações ordinárias. De acordo com a empresa, serão distribuídas, inicialmente, pouco mais de 597 milhões de novas ações, mas esse volume pode triplicar se a companhia julgar oportuno.
O valor das novas ações será definido pelo mercado. Considerando o preço de fechamento de quarta-feira, de R$ 2,01 por papel, a oferta resultaria numa injeção de capital de R$ 1,2 bilhão se vendido o volume mínimo de ações.
O IRB destacou em comunicado que este será o valor limite do aumento de capital. Ou seja: a empresa pode até vender mais ações, mas somente se na somatória o valor arrecadado respeitar o teto de R$ 1,2 bilhão. Ou seja: na prática, a empresa está se preparando para a possibilidade de as ações serem vendidas a menos de R$ 1,00.
O valor das novas ações será definido em 1 de setembro, quando o IRB encerrará a coleta de propostas pelos papéis – procedimento conhecido como bookbuilding. As novas ações começarão a ser negociadas em 5 de setembro.
De acordo com o IRB, a ideia é utilizar os recursos captados para regularizar situações com a Susep, a Superintendência de Seguros Privados. Caso ainda sobre dinheiro, a empresa pretende investir em crescimento orgânico e pagar parte das dívidas.
Vale ressaltar que o site Brazil Journal havia informado no início do mês que a empresa poderia anunciar a operação por estar operando com um capital mínimo menor que o exigido. De acordo com uma fonte ouvida pelo site na ocasião, a capitalização ficaria entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, e as novas ações seriam colocadas à venda por R$ 1 cada.
O preço praticamente simbólico de R$ 1 por papel que supostamente seria adotado na venda das novas ações seria 97,5% inferior à máxima histórica de R$ 40 atingida pela ação do IRB no início de 2020.
De lá para cá, o valor da ação despencou porque o IRB entrou numa crise de gestão e operacional poucas vezes vista no Brasil, que envolveu suspeitas de fraudes contábeis e mudanças no alto escalão da resseguradora.
Leia mais:
IRB (IRBR3) negocia venda de imóveis e participações para voltar a respeitar regras do regulador
O cenário disfuncional em que se encontrava a empresa, acusada de inflacionar os números no curto prazo para fomentar a alta das ações, fez com que uma série de negócios tivessem de ser descontinuados (o que a empresa chama de run-off).
Com a falta de equilíbrio na retenção dos prêmios e os sinistros retidos, o patrimônio líquido da companhia é pressionado.