Pressionado por commodities, Ibovespa inicia agosto em queda de 0,9%

Refletindo a queda do petróleo, que pressionou as ações do setor, e o baixo desempenho das Bolsas estrangeiras, o Ibovespa inverteu a tendência positiva registrada em julho e fechou o pregão desta segunda-feira (1), o primeiro do mês de agosto, em baixa de 0,91%, aos 102.225 pontos.

Com a queda na sessão de hoje, que teve R$ 18,39 bilhões em volume negociado, o principal índice da B3 agora soma perdas de 2,48% desde o início de 2022.

O dia também foi negativo nos Estados Unidos. O S&P 500 fechou em baixa de 0,28%, o Dow Jones recuou 0,14% e o Nasdaq teve perdas de 0,18%.

Na Europa, por sua vez, o índice Euro Stoxx 50 teve ganhos de 1,49%, refletindo dados econômicos melhores do que o esperado. O PMI Industrial do bloco caiu de 51,2 para 49,8 em julho, acima da estimativa de 49,6, enquanto a taxa de desemprego permaneceu estável, a 6,6% em junho.

Fed e Copom

Nos EUA, o mercado aguarda a divulgação dos dados do relatório de emprego (payroll) de julho, indicador considerado essencial para determinar como está o mercado de trabalho na maior economia do mundo.

Os dados, que serão informados na sexta-feira (5), são olhados com lupa pelo mercado pelo fato de o Federal Reserve, o banco central americano, ter duplo mandato: combater a inflação, que está no maior patamar em quatro décadas, e promover o pleno emprego.

A maioria dos investidores acredita que o órgão deverá reduzir o ritmo de elevação das taxas de juros – o que vem se refletindo por aqui, no aumento das expectativas de que o Copom encerre o ciclo de alta da taxa Selic com um último ajuste na próxima reunião, que acontece na quarta-feira (3).

No entanto, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que, independentemente de haver ou não recessão no país, os dados de inflação seguem em foco.

Em dados domésticos, o Banco Central divulgou o Boletim Focus. De acordo com o levantamento, os especialistas esperam que, em meio ao aumento dos riscos fiscais, o BC tenha que manter os juros em 11% até o final de 2023 – há uma semana, a projeção era de uma taxa básica de 10,75%. A mediana dos ouvidos pelo levantamento acredita agora em uma alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,40% em dezembro do ano que vem (há uma semana, a aposta era de 0,49%).

Para 2022, a mediana dos ouvidos ainda espera uma Selic de 13,75%, mesma projeção de uma semana atrás. Já o PIB, na avaliação dos analistas, deve avançar 1,97% (ante expectativa de 1,93% na semana anterior da pesquisa).

Os analistas ouvidos na pesquisa voltaram a revisar para baixo a projeção para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano, e esperam agora uma alta de 7,15%, ante 7,30% da semana anterior. Para 2023, os especialistas voltaram a elevar as projeções, de 5,30% para 5,33% – o objetivo para o ano que vem é de um IPCA de 3,25%, também com uma banda de 1,5 ponto.

Foco nas commodities

O minério de ferro fechou em alta de 0,83% na Bolsa de Dalian, a US$ 116,53 por tonelada, apesar da divulgação de que o PMI Industrial da China caiu para 49 em julho, de 50,2 no mês anterior, abaixo dos 50,4 esperados.

As mineradoras e siderúrgicas brasileiras, porém, sucumbiram aos temores de uma desaceleração na economia chinesa e recuaram em bloco. No setor, destaque para Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4), com quedas de 4,76%, 3,94% e 3,23%, respectivamente. A Vale (VALE3), por sua vez, recuou 2,39%.

O petróleo também teve dia negativo, com o Brent perdendo 3,8%, a US$ 100,03 o barril, enquanto o mercado aguarda a reunião da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) na quarta-feira. Com isso, a 3R Petroleum (RRRP3) caiu 4,76%, a Prio (PRIO3) perdeu 3,51%, e a Petrobras PN (PETR4) teve baixa de 1,38% e Petrobras ON (PETR3) recuou 1,25%.

As commodities agrícolas também tiveram um dia de baixa, após a saída da primeira embarcação de grãos ucranianos do porto de Odessa, seguindo um acordo com a Rússia.

A SLC Agrícola (SLCE3) foi a maior queda do Ibovespa, com perdas de 4,99%, refletindo a queda nos preços do algodão. A BRF (BRFS3), por sua vez, subiu 4,76%, devido à baixa nos preços do milho.

Outros destaques do pregão

No fechamento, então, as maiores baixas do Ibovespa eram de Braskem (BRKM5), que perdeu 5,53%, SLC Agrícola (SLCE3) e 3R Petroleum (RRRP3).

Na sexta-feira (29), o jornal Valor Econômico publicou uma reportagem afirmando que a Braskem recebeu propostas independentes da Apollo, do BTG e da Unipar, partindo de R$ 40 por ação, de acordo com fontes ouvidas.

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Na outra ponta, as principais altas foram de Magazine Luiza (MGLU3), Locaweb (LWSA3) e BRF (BRFS3), com ganhos de 5,43%, 5,02% e 4,76%, nesta ordem.

Outra alta importante foi de Raia Drogasil (RADL3), que subiu 3,91%, no pregão seguinte à divulgação do balanço do segundo trimestre, quando a companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 343,7 milhões, crescimento anual de 48,2%. A companhia atribuiu seus bons resultados ao aumento dos casos de gripe durante o inverno, que favoreceu a venda de medicamentos no período.

Fora do Ibovespa, a Oi (OIBR3) saltou 4,26% depois de informar ao mercado que recebeu uma proposta da NK 108, uma subsidiária da Highline do Brasil, para a compra de ativos relacionados às operações de linha fixa da companhia por um montante que pode chegar até R$ 1,69 bilhão.

Além disso, a B3 (B3SA3) divulgou a primeira prévia da carteira do Ibovespa que ficará em vigor de setembro a dezembro. Na nova composição, três ações devem ingressar no principal índice da Bolsa brasileira, enquanto três outros papéis devem sair do portfólio.

Os novos integrantes serão Arezzo (ARZZ3), Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3). Os que deixarão o Ibovespa serão Banco Inter (que passou a ter ações negociadas apenas nos Estados Unidos), Unidas (que foi comprada pela Localiza) e JHSF.

Em termos de balanços, o mercado aguarda os números de 13 empresas que fazem parte do Ibovespa, com destaque para Cielo (CIEL3), Gerdau (GGBR4), Totvs (TOTS3), Embraer (EMBR3), Bradesco (BBDC4) e Lojas Renner (LREN3).

Criptomoedas

O mercado de criptoativos aprofunda o mau humor nesta segunda-feira em linha com as quedas das Bolsas globais e à espera do tom que o presidente do Fed, Jerome Powell, vai dar sobre a estratégia de alta dos juros.

Por volta de 16h55, o Bitcoin (BTC) registrava queda de 5%, negociado a US$ 20.954, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

Além das preocupações macroeconômicas, o universo cripto repercute informações de que a SEC (CVM americana) abriu investigação contra a Coinbase (COIN) sobre suspeita de irregularidades em negociações.

Com isso, as ações da Coinbase, que é uma das maiores plataformas do mercado digital, chegaram a tombar quase 20% no pregão da Nasdaq nesta tarde.