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No dia seguinte à eleição, Ibovespa abre no negativo, mas vira e fecha em alta de 1,31%

Diminuição nas expectativas de contestação do resultado presidencial beneficiou a Bolsa brasileira

Foto: Shutterstock

Um dia depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o mercado reagiu mal e o Ibovespa começou o pregão desta segunda-feira (31) em baixa, mas virou de direção e fechou em alta de 1,31%, aos 116.037 pontos. Foram R$ 38,93 bilhões em volume negociado.

Com o saldo de hoje, o índice fechou o mês de outubro com avanço de 5,45%, no quarto mês positivo seguido, enquanto a valorização acumulada do ano agora é de 10,7%.

Na madrugada desta segunda, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que Lula foi eleito presidente do Brasil com 50,90% dos votos válidos na eleição. O segundo colocado, Jair Bolsonaro (PL), chegou a 49,10%.

Ainda ontem, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, reconheceram a vitória do ex-presidente, assim como aliados do presidente como o senador eleito no Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, e o governador eleito em São Paulo, Tarcísio de Freitas. Bolsonaro, entretanto, ainda não reconheceu o resultado do pleito.

O operador de renda variável da SVN Investimentos, Luiz Souza, afirma que existia um risco de contestação do resultado, independente do vencedor do pleito, após a definição. “Esse cenário diminui bastante o risco de contestação. O mercado agora aguarda a divulgação de quem será o corpo econômico do governo Lula”.

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Para Luiz Eduardo Portella, sócio-gestor da Novus Capital, a vitória apertada de Lula já era o cenário-base esperado pelo mercado, dado que o candidato sempre esteve à frente nas pesquisas eleitorais. “Os mercados só não abriram em alta porque Bolsonaro ainda não reconheceu o resultado das eleições”.

Vale ressaltar, porém, que o mercado segue em modo de espera por mais definições sobre como será o governo de Lula. Na visão do sócio fundador da GT Capital, Marcus Labarthe, o resultado traz uma “preocupação ao mercado”, considerando que até o momento o partido vencedor não repassou nenhuma informação sobre quem serão os ministros que ocuparão a equipe econômica.

Estatais em queda

Repercutindo as eleições, as ações do Ibovespa tiveram um dia marcado pelas expectativas em relação ao governo de Lula. De um lado, os papéis de estatais tiveram fortes quedas, diante da percepção de que o petista é menos favorável à agenda de privatizações.

“Nosso cenário de referência pressupõe que a agenda de liberalização econômica provavelmente será paralisada e prevê um maior intervencionismo”, escreveram analistas da agência de classificação de risco Fitch.

Neste sentido, Petrobras ON (PETR3) teve baixa de 7,04%, Petrobras PN (PETR4) caiu 8,47% e Banco do Brasil (BBAS3) recuou 4,64%.

Com a vitória de Lula, o J.P. Morgan rebaixou a recomendação da ação da Petrobras, avaliando que é necessário “aguardar as mudanças com o novo governo”, e que isso pode demorar pelo menos seis meses.

O banco diminuiu a recomendação das ações da Petrobras de overweight, equivalente à compra, para uma posição neutra, acrescentando que o novo governo pode mudar tanto a forma de a estatal investir como a política da companhia para os preços de combustíveis. Além disso, o JP reduziu o preço-alvo da ação de R$ 53 para R$ 37 ao fim de 2023, uma queda de cerca de 30%.

“Kit Lula” em alta

As ações de educação, saúde, varejo e construção, por sua vez, engataram ganhos relevantes, com destaque para Alpargatas (ALPA4), CVC (CVCB3) e Hapvida (HAPV3), com avanços de 9,04%, 9,63% e 8,48%, respectivamente.

Na visão de Souza, da SVN, o mercado espera que o novo governo de Lula possa beneficiar empresas que atuem com o segmento de baixa renda. “No caso do setor de saúde, com o governo colocando ‘mais dinheiro na mão da população’, empresas que atuam com planos de saúde baixa e média renda se beneficiam”, comenta.

Já as educacionais estendem o movimento de alta visto na semana passada, com as pesquisas eleitorais indicando a vitória de Lula.

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Essa alta das empresas de educação se deve ao fato de Lula ter declarado durante a campanha que iria impulsionar novamente os programas de financiamento estudantil criados nas gestões petistas, como o Fies, que turbinaram os resultados das companhias de educação no passado.

China pressiona commodities

A queda dos papéis de frigoríficos e da Vale, enquanto isso, reflete o aumento das restrições para conter a disseminação da Covid-19 na China. Além disso, a economia do país segue dando sinais de fragilidade, desta vez com o PMI (Índice de Gerentes de Compras) industrial, que atingiu 49,2, abaixo do esperado pelo mercado e em patamar contracionista.

O minério de ferro caiu 4,1% na Bolsa de Dalian, a US$ 83,31 por tonelada, enquanto o petróleo Brent fechou em baixa de 1,02%, a US$ 92,81.

Agora, o mercado estará de olho nos balanços de Cielo (CIEL3), CSN (CSNA3), Prio (PRIO3) e Raia Drogasil (RADL3) para o terceiro trimestre, após o fechamento do pregão.

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Exterior misto

O desempenho das Bolsas estrangeiras foi misto. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 0,75%, o Dow Jones caiu 0,39% e o Nasdaq recuou 1,03%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou ganhos de 0,13%.

No cenário externo, o grande destaque da semana será a decisão do Fomc (Comitê de Política Monetária do Fed, o banco central americano), na próxima quarta-feira (2). A maior parte dos analistas espera uma nova alta de 0,75 p.p (ponto percentual), que pode ser a última dessa magnitude.

Na Zona do Euro, por sua vez, o mercado foi surpreendido com dados de inflação e PIB (Produto Interno Bruto) piores e melhores do que o esperado, respectivamente. A inflação ao consumidor (CPI) da região cresceu para 10,7% na base anual, contra 9,9% em setembro. O PIB, por sua vez, cresceu 0,2% no terceiro trimestre, em relação aos três meses anteriores, acima das projeções de 0,1%.

Criptomoedas

O mercado de criptoativos perdeu nesta segunda parte do viés positivo observado ao longo do fim de semana. Investidores seguem à espera dos dados da inflação americana, que serão divulgados na quarta-feira (2), além da reação dos números nos mercados globais.

Por volta das 16h55, o Bitcoin (BTC) perdia 2,9%, negociado a US$ 20.200, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) caia 3%, a US$ 1.557.

O mercado já precificou uma nova alta de 0,75 p.p nos juros americanos. Mais do que o dado, os investidores especulam o tom que o presidente do Fed, Jerome Powell, vai dar ao comentar os próximos passos da política monetária.

A expectativa é que o colegiado indique que dados da inflação já dão segurança para uma alta menos agressiva em dezembro, na última decisão dos juros americanos neste ano.

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