Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Na contramão do exterior, Ibovespa fecha em alta de 1,1% com ajuda da Petrobras (PETR4)

Tensão em torno da visita de Nancy Pelosi a Taiwan pesou sobre o sentimento do mercado internacional

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Em um pregão com Bolsas estrangeiras no vermelho, o Ibovespa recebeu um empurrão da Petrobras (PETR4) e fechou em alta de 1,11%, aos 103.361 pontos, com R$ 16,18 bilhões em volume negociado.

Com a alta de hoje, o saldo acumulado pelo Ibovespa no mês de agosto passou para avanço de 0,19%, enquanto o balanço de 2022 segue de queda de 1,39%.

As Bolsas do exterior tiveram performance negativa. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 0,64%, o Dow Jones caiu 1,23% e o Nasdaq fechou com perdas de 0,16%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 recuou 0,59%.

Grandes papéis ajudam o Ibovespa

O Ibovespa se descolou do exterior devido, principalmente, ao avanço das ações da Petrobras (PETR4; PETR3), que fecharam em alta de 0,45% e 0,06%, respectivamente.

Para Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, a valorização do barril do Brent, que fechou em alta de 0,51%, a US$ 100,54, ajuda na performance positiva da Petrobras. Além disso, nesta quarta-feira (3), ocorrerá a reunião da Opep+ (Organização Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados).

“O encontro pode sinalizar alguma alteração em relação a aumento da oferta de barris de petróleo, o que deixa o mercado atento. Se vier uma sinalização de oferta menor, pode puxar o preço do Brent para cima. Além disso, a questão diplomática em Taiwan também pode ‘estressar’ o preço de algumas commodities”, avalia Hashimoto.

Além de Petrobras, outros setores com forte peso no Ibovespa subiram em bloco: o dos grandes bancos e o de siderurgia e mineração. Bradesco (BBDC4) teve alta de 1,73%, Itaú (ITUB4) subiu 1,07%, Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,35% e Santander (SANB11) somou ganhos de 0,69%.

Veja também:
Vale (VALE3) se segura no topo das ações mais indicadas para agosto; conheça a novata da vez

Entre as mineradoras e siderúrgicas, destaque para Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3), com avanços de 2,85%, 2,93% e 3,19%, respectivamente.

Altas e baixas do pregão

As maiores altas entre as ações do Ibovespa, contudo, foram de Locaweb (LWSA3), Hapvida (HAPV3) e IRB (IRBR3), que subiram 8,72%, 5,23% e 3,65%, nesta ordem. Na ponta oposta, os papéis que mais caíram foram os de Via (VIIA3), Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3), que perderam 3,69%, 3,02% e 2,8%, respectivamente.

Outra baixa importante foi de TIM Brasil (TIMS3), de 1,44%. A companhia viu seu lucro líquido cair 58,4% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado, para R$ 280 milhões. O resultado foi fortemente afetado pelos custos com a aquisição de ativos da Oi e pela alta dos juros, que elevou as despesas financeiras do período.

Em teleconferência para apresentar os resultados do segundo trimestre ao mercado, a CFO da TIM Brasil, Camille Faria, afirmou que os próximos trimestres não serão afetados por essa despesa.

Fora do Ibovespa, o Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro, fechou em baixa de 6,25%. Apesar de ter registrado alta na receita, a margem Ebitda da companhia caiu no segundo trimestre, pressionada pelo aumento de custos operacionais e de despesas financeiras.

A perda de rentabilidade, porém, já era esperada, segundo analistas, e não foi suficiente para quebrar o otimismo com o papel. “Vemos a SBF como uma das ações mais bem posicionadas para o segundo semestre”, escreveram Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas do Itaú BBA, em relatório distribuído hoje.

Para hoje, os investidores estarão de olho nos balanços de Engie Brasil (EGIE3), Cielo (CIEL3), Copasa (CSMG3) e Iguatemi (IGTI11).

Já para amanhã, o mercado aguarda a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que começou sua reunião de dois dias nesta terça. A média de projeções do mercado, segundo o consenso da Refinitiv, aponta para uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 13,75% ao ano.

Leia mais:
O dilema do BC: parar de subir os juros ou continuar? Entenda o que está em jogo no Copom

Em dados econômicos, a produção industrial recuou 0,4% em junho na comparação com maio, após quatro meses de alta, segundo dados divulgados nesta terça. Com esse resultado, que veio um pouco pior do que o esperado – analistas ouvidos pela Reuters esperavam uma queda de 0,3% – a produção industrial acumula queda de 2,2% no primeiro semestre e de 2,8% em 12 meses.

EUA x China azeda sentimento do mercado

No noticiário internacional, o principal tópico do dia é a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que vem criando tensão geopolítica e pesou sobre o sentimento dos mercados.

Apesar da ilha ter governo próprio e democrático, Pequim a considera como parte de seu território e, através de pressões comerciais e diplomáticas, evita que outros países reconheçam a área como nação independente.

A visita da parlamentar, que faz um tour pela Ásia e é crítica do governo chinês, deve ser a primeira de uma integrante do alto escalão do governo americano a Taiwan em décadas, e foi objeto de uma conversa entre os presidentes da China, Xi Jimping, e dos EUA, Joe Biden – o primeiro advertiu o segundo que permitir a visita é “brincar com fogo”. Já os EUA argumentam que Pelosi tem direito a visitar Taiwan.

Em resposta, um porta-voz das Forças Armadas da China anunciou que o país irá realizar operações militares ao redor de Taiwan nesta noite, enquanto as Relações Exteriores da China divulgaram um comunicado alertando os EUA sobre as consequências da visita, afirmando que tomará todas as medidas necessárias para proteger a integridade territorial.

“Uma escalada para maiores desdobramentos bélicos entre China e EUA parece improvável, mas isso não quer dizer que esse não possa ser o gatilho para China demonstrar sua força frente a Taiwan”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado. “Os mercados precificam mais o segundo risco do que efetivamente o primeiro, visto que os recuos são modestos”, completa.

Criptomoedas

O mercado de criptoativos reverteu as perdas registradas no início da semana com investidores esperando dados econômicos dos Estados Unidos e analisando a recente escalada de tensões entre americanos e chineses.

“Para o preço dos ativos, isso atrapalha o momento de recuperação que estava ocorrendo nos últimos dias, onde o processo de leitura dos dados sobre inflação e ajuste monetário estavam ficando mais claros”, disse Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset.

Por volta das 16h55, o Bitcoin operava com leve alta de 0,8%, negociado a US$ 23.282 conforme dados da plataforma TradeMap.

Na mesma hora, o Ethereum (ETH), segunda maior cripto do mercado, tinha alta mais acentuada de 3,6%, cotado a US$ 1.658.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.