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Inflação acelera e muda o cálculo do mercado; o que marcou a semana

Com o impulso da Petrobras, a Bolsa interrompeu a sequência de três dias de queda, na quinta-feira, mas na sexta sucumbiu à pressão das varejistas

Gustavo Nicoletta

Gustavo Nicoletta

Foto: Shutterstock

Como era de se esperar, após o aumento dos preços de combustíveis, a inflação continuou acelerando e atingiu 1,62% em março, a maior taxa para o mês desde 1994.

A reação do mercado foi imediata: várias instituições financeiras passaram a esperar inflação mais forte em 2022, e os investidores abandonaram – ao menos por enquanto – a tese de que o ciclo de alta de juros no Brasil está perto do fim.

As ações do setor de varejo estavam entre as que mais sentiram a reviravolta nas expectativas, dado que a inflação mais alta diminui o poder de compra da população, em particular a de baixa renda.

Histórico da inflação no Brasil e expectativas do mercado

gráfico com histórico da inflação e previsões de mercado para os próximos meses
Fonte: Banco Central

A inflação também é um problema fora do Brasil, e isso começa a afetar as previsões sobre o desempenho da economia mundial. O Federal Reserve, banco central americano, indicou que deve começar a recolher quase US$ 100 bilhões por mês dos estímulos que havia injetado anteriormente no sistema financeiro.

O objetivo da medida é conter a alta de preços nos Estados Unidos, mas o efeito colateral deve ser um crescimento menor da atividade econômica.

A boa notícia para os bancos centrais é que os preços do petróleo ficaram mais comportados nesta semana, a despeito de novas sanções econômicas à Rússia.

O valor da commodity parece ter se acomodado perto dos US$ 100 por barril, diante da percepção crescente de que o país, grande exportador de petróleo, continuará a ter canais para vender o produto, o que tem sido levado em conta pelos investidores ao estimarem o cenário de possível escassez.

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E mesmo com o preço do petróleo tendo pouca influência sobre o mercado nos últimos dias, a Petrobras foi um dos destaques da Bolsa na semana após o governo aparentemente ter indicado para o comando da companhia candidatos aptos a exercerem os cargos.

José Mauro Coelho e Márcio Weber serão candidatos a CEO e presidente do conselho de administração, respectivamente. A boa receptividade do mercado aos dois nomes deve-se à perspectiva de que os executivos vão garantir estabilidade e dar continuidade às estratégias da estatal.

Com o impulso da Petrobras, a Bolsa interrompeu a sequência de três dias de queda, na quinta-feira. Na sexta, porém, o Ibovespa sucumbiu à pressão das varejistas. A piora do contexto macroeconômico brasileiro será um desafio para as companhias do setor ao longo do ano e se mostra ainda maior para o Banco Central, que poderá ter que reavaliar o plano de mexer pouco na Selic, atualmente em 11,75%.

Veja os destaques do noticiário da Agência TradeMap na semana.

Cautela, prega PagSeguro

O cenário macroeconômico deverá fazer com que a PagSeguro (PAGS34) adote cautela na concessão de crédito, para evitar o aumento da inadimplência. Em entrevista exclusiva à Agência TradeMap, o diretor de Relações com Investidores e ESG da companhia, Éric Oliveira, disse que a companhia manterá as apostas no banco digital PagBank. “Com a consolidação do PagBank, esperamos explorar um mercado que é 30 vezes mais lucrativo do que a adquirência”, afirmou.

Vulcabras corre por margens

A Vulcabras (VULC3) aposta que 2022 será o ano do crescimento das margens, redução do endividamento e avanço do comércio eletrônico. A empresa chega a esse ponto após decidir priorizar o segmento esportivo, investir em tecnologia e contar com uma ajudinha do câmbio. Para isso, a fabricante de calçados esportivos aposta em novas tecnologias e marcas complementares.

Multilaser multinacional

A Multilaser (MLAS3) fechou uma parceria com a multinacional Hikvision, líder mundial em produtos e soluções de segurança eletrônica, para alavancar posição no mercado brasileiro. Com isso, a companhia passa a ter 12 marcas globais em seu portfólio.

Selic versus FIIs

A expectativa de aproximação do fim do ciclo de alta da taxa Selic e a melhora da aversão a risco nos mercados permitiram a alta de 1,42% do Ifix, índice que acompanha os fundos imobiliários na Bolsa, em março, depois de dois meses consecutivos de queda.

Fundos com perfil mais defensivo como de galpões logísticos, cuja demanda tem se mantido consistente, e de recebíveis, que pagam retornos atrelados à inflação e ao CDI, têm se mantido como preferência nas carteiras recomendadas das corretoras para abril.

Imóveis no outlet?

A oferta de imóveis de médio e alto padrão avançou mais de 50% no último ano. Mas os juros em alta e a inflação em patamar elevado devem retardar o interesse das famílias nesse tipo de aquisição, cenário que pode levar algumas incorporadoras a recorrerem aos descontos na venda das unidades.

O segmento de imóveis de médio e alto padrão (MAP) terminou 2021 com uma oferta de 34.782 unidades, uma alta de 57,3% na comparação com o ano anterior, segundo dados da Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras).

Diversificar em petróleo?

O cenário eleitoral de 2022 gera incertezas quanto ao futuro da Petrobras. Isso pode abrir espaço para outras petroleiras entrarem na carteira dos investidores. Mas vale a pena? A 3R Petroleum (RRRP3) e a PetroRio (PRIO3), duas das principais empresas de petróleo do setor privado do país, têm conseguido se beneficiar do avanço do preço da commodity.

Desde o primeiro pregão do ano, a ação da 3R acumula valorização de 29,25% e a da PetroRio, de 16,12%. A Petrobras, após oscilações durante as indefinições sobre o comando da empresa, tem avanço de 17,02%. De acordo com levantamento feito pela Refinitiv e disponível na plataforma do TradeMap, os analistas do mercado recomendam compra tanto para 3R quanto PetroRio.

Agenda

Na segunda-feira, o Ministério da Economia informa a balança comercial da primeira semana de abril. Na terça, o IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Serviços de fevereiro.  E, nos EUA, será apresentado o CPI (índice de preços ao consumidor) de março.

Na quarta-feira, será a vez da produção industrial na zona do euro em fevereiro. No mesmo dia, o IBGE apresenta a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) de fevereiro. Ainda pela manhã, os EUA informam o PPI (inflação ao produtor) de março e o número atualizado dos estoques de petróleo bruto no país

O BCE (Banco Central Europeu) decide sobre a taxa de juros da zona do euro na quinta-feira. Depois, saem as vendas do varejo em março nos EUA e o dado atualizado dos pedidos de auxílio-desemprego no país.

Por fim, na sexta, o Federal Reserve informa a produção industrial dos EUA em março.

O IBC-Br, indicador de atividade econômica calculado pelo Banco Central, referente a fevereiro deste ano não será informado na quinta (14), conforme calendário inicial. A divulgação foi suspensa devido à greve dos servidores da instituição e ainda não tem nova data para ser realizada.

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