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Vulcabras (VULC3) corre para melhorar as margens e elevar participação do comércio eletrônico

Fabricante de calçados esportivos aposta em novas tecnologias e marcas complementares

Foto: Divulgação/Vulcabras

A fabricante de calçados Vulcabras (VULC3) aposta que 2022 será o ano do crescimento das margens, redução do endividamento e avanço do comércio eletrônico. A empresa chega a esse ponto após decidir priorizar o segmento esportivo, investir em tecnologia e contar com uma ajudinha do câmbio.

A fabricante possui três marcas em seu portfólio. A nacional Olympikus, o licenciamento da Under Armour e a Mizuno. E é justamente essa última que deve contribuir para a melhora das margens da empresa ao longo do ano.

O licenciamento da Mizuno teve início em fevereiro de 2021. No entanto, apenas a partir de janeiro deste ano é que a produção começou a ser feita dentro dos processos desenvolvidos pela Vulcabras.

“Trimestre a trimestre vamos recompor as margens. Estamos evoluindo e começamos a capturar a sinergia entre as marcas”, diz Wagner Dantas, diretor de relações com investidores da empresa.

A Vulcabras registrou em 2021 uma margem Ebitda (indicador que mostra a margem de lucro sem considerar custos com os juros, impostos, depreciação e amortização) de 21,4%, ante 9,5% no ano anterior.

A companhia não divulga “guidance” (projeção), mas Dantas afirma que essa trajetória de melhora irá continuar.

Além do efeito Mizuno, a empresa é indiretamente beneficiada pela volatilidade do dólar. Diferentemente das principais marcas concorrentes, como Asics e Nike, a Vulcabras fabrica os calçados no Brasil e elevou a participação de fornecedores locais.

“Estamos conseguindo repassar os preços. Na nossa leitura, o pior (dos efeitos da pandemia) já passou, mas ainda há incerteza sobre os efeitos da alta do petróleo”, diz o executivo.

Para analisas, a produção local acaba sendo uma vantagem em relação aos demais concorrentes.

“Com grande parte dos produtos produzidos localmente em um momento de alta do dólar, enxergamos os produtos da empresa ganhando competitividade principalmente frente aos de concorrentes importados”, segundo Guilherme Domingues, analista da Levante Investimentos.

Marcas complementares

Mesmo com o repasse de preços, a Vulcabras conseguiu ter um crescimento de vendas superior ao do setor calçadista. Foram 17,5 milhões de pares vendidos em 2021, avanço de 64,7%.

Em relação aos itens de vestuário, o crescimento foi de 19,2%. Nos dois casos, bem superior ao desempenho do segmento de vestuário e calçados em 2021, que registrou variação positiva de 13,8%, segundo a pesquisa de comércio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A companhia não divulga o desempenho das vendas por marca, apenas que a Olympikus está na liderança, justamente por ter uma proposta de ser a mais acessível, ou seja, com preços mais baixos. A Under Armour atua em uma faixa de preço superior, com tênis podendo chegar aos R$ 1 mil e, a Mizuno, com calçados que podem custar R$ 1,6 mil.

“As nossas três marcas são extremamente complementares, atendendo necessidades diferentes”, explica o executivo.

Desenvolver esse portfólio exigiu, no entanto, o aumento do investimento. O Capex do ano passado foi de R$ 134,9 milhões, uma alta de 53,8%, e a tendência deve continuar para 2022.

Nessa conta está o desenvolvimento também de tecnologias novas. Parte delas está na Olympikus. A marca desenvolveu um tênis de corrida com uma placa de grafeno, o primeiro com essa tecnologia no mundo. O objetivo é oferecer um calçado voltado à performance, mas a um preço inferior ao dos concorrentes que não fabricam no Brasil.

Outro investimento foi o centro de distribuição em Extrema (MG). Esse CD é voltado a atender o canal de comércio eletrônico, que no ano passado respondeu por 3,2% da receita líquida, mas a expectativa é que chegue a 10%.

O atual estágio da companhia contrasta com os sobressaltos vividos entre 2012 e 2015, quando a Vulcabras precisou demitir cerca de 30 mil funcionários.

A mudança teve início no final de 2017, quando a empresa fez uma oferta de ações (follow on) e levantou R$ 747,5 milhões. A partir de então, a empresa fez uma mudança em sua gestão, que levou à decisão de priorizar o segmento esportivo – a Vulcabras é dona da Azaleia, mas licenciou a marca para a Grendene.

Em 2018, a companhia trouxe a Under Armour para o seu catálogo e, em 2021, a Mizuno.

De acordo com Dantas, o direcionamento feito pela Vulcabras e o aumento de receita esperado para 2022 terá ainda outro efeito positivo, que é a redução da dívida líquida. Essa dívida era de R$ 236,4 milhões no ano passado, mais que o triplo do registrado em 2020.

Quem vê a Vulcabras atual, focado no segmento esportivo e desenvolvendo novas tecnologias, até esquece que nos anos 1980 a 1990, a empresa tinha como principal produto o 752 Vulcabras, que tinha como “garotos” propaganda os políticos Paulo Maluf e Leonel Brizola e Vicente Matheus, ex-presidente do Corinthians.

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