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Ibovespa tem quarta queda seguida, pressionado por commodities

À espera de Fed e Copom, índice fechou em baixa de 0,88%, aos 108.959 pontos

Foto: João Tessari/TradeMap

Um dia antes das decisões de política monetária dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, o Ibovespa não resistiu à pressão das commodities, que caíram na esteira do aumento de casos de Covid-19 na China e de perspectivas de uma solução para a guerra na Ucrânia.

O principal índice da Bolsa de valores brasileira fechou em baixa de 0,88%, aos 108.959 pontos, com R$ 23,75 bilhões em volume negociado. No ano até aqui, o saldo é de alta de 3,95%, enquanto o balanço para o mês de março é de recuo de 3,7%.

A queda do Ibovespa contrariou a tendência do exterior. Em Nova York, o Nasdaq teve alta de 2,92%, o S&P 500 subiu 2,17% e o Dow Jones teve ganhos de 1,82%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em baixa de 0,08%.

Commodities puxam o Ibovespa

As commodities seguiram sua trajetória de queda, refletindo um novo lockdown para combater o aumento de casos de Covid-19 na China e as expectativas da aproximação de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, com a retomada das negociações nesta terça.

Estes fatores pesaram mais do que os dados positivos de produção industrial e vendas no varejo da China, que poderiam estimular a recuperação das commodities.

Na Bolsa de Dalian, na China, o minério de ferro teve queda de 4,61%, sendo negociado por 756 iuanes, o equivalente a US$ 118. O petróleo tipo Brent, por sua vez, fechou em baixa de 6,54%, a US$ 99,91.

Segundo o analista-chefe de mercados da corretora britânica CMC Markets, Michael Hewson, o otimismo com as negociações e a queda nos preços do petróleo “parecem completamente em desacordo com o que está acontecendo dentro do território da Ucrânia e com um cenário em que forças russas seguem atacando cidades ucranianas, com pouca consideração pela vida da população civil”.

Para Kaue Franklin, especialista em renda variável do Grupo Aplix, a queda brusca do petróleo e do minério ajuda a pressionar o Ibovespa devido ao peso que Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) têm no índice. A ação da petroleira teve baixa de 2,42%, enquanto a da mineradora caiu 2,87%.

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Destaque negativo também para os papéis de CSN Mineração (CMIN3), que ocuparam o segundo lugar entre as maiores quedas do Ibovespa, com recuo de 5,3%, e Gerdau (GGBR4), na terceira posição com perdas de 4,54%.

De olho nos bancos centrais

A grande expectativa do mercado, no entanto, gira em torno das decisões de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) e do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que serão divulgadas na tarde de quarta-feira.

A expectativa é que o Fed eleve a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, refletindo as crescentes pressões inflacionárias decorrentes da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e seu impacto sobre as commodities. O mercado também estará de olho no comunicado e no discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão, que ajudará a calibrar as projeções daqui para a frente.

O BC brasileiro já anunciou que reduzirá o ritmo de alta da Selic, que nas últimas reuniões vinha sendo elevada em 1,5 ponto percentual. A maior parte do mercado aposta em um aumento de 1 p.p. na taxa, para combater um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que em fevereiro foi de 1,01%, a maior alta para o mês desde 2015.

“Os dias que antecedem decisões de bancos centrais são normalmente dias com menos ‘apetite ao risco’ por parte dos investidores. Além disso, todos estão de olhos nos desdobramentos da guerra da Ucrânia e com possíveis novos surtos de Covid-19 na China”, afirma Franklin.

Combustíveis seguem em foco

Por aqui, o mercado também observa com apreensão a possibilidade do governo de aumentar o Auxílio Brasil para ajudar a população a enfrentar o aumento dos combustíveis, o que gera novas preocupações sobre a situação fiscal do país.

Os preços dos combustíveis seguem gerando discussões. Na segunda-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que não vê necessidade de decretar estado de calamidade, o que seria uma solução para viabilizar recursos para subsidiar a gasolina. Na visão de Pacheco, os esforços deveriam vir da Petrobras.

A área política do governo continua tentando desonerar a gasolina de impostos federais, medida que poderia cortar R$ 27 bilhões em arrecadação. O ministério da economia, por sua vez, prefere esperar os efeitos do projeto de lei, aprovado na semana passada, antes de tomar novas medidas.

Destaques do pregão

A maior queda do Ibovespa foi de Magazine Luiza (MGLU3), que perdeu 8,63% depois de registrar prejuízo líquido ajustado de R$ 79 milhões no quarto trimestre de 2021, ante lucro de R$ 232,1 milhões no mesmo período do ano anterior.

Com a inflação em alta e taxa de juros pouco convidativa para consumo, a empresa se viu prejudicada pelo mau desempenho das vendas de bens duráveis, como eletrodomésticos.

Em relatório divulgado nesta terça, o Itaú BBA classificou o resultado como “fraco, mas esperado”. Na avaliação da instituição financeira, “o cenário macroeconômico de recessão e uma base de comparação forte no trimestre equivalente de 2020 levaram a um resultado fraco”.

Na direção contrária, as maiores altas do Ibovespa foram de Azul (AZUL4), Petz (PETZ3) e Cielo (CIEL3), com ganhos de 6,92%, 5,87% e 5,33%, respectivamente.

As ações ligadas ao varejo, crescimento e tecnologia avançam com o alívio na curva de juros, segundo analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado.

A alta da Azul, que foi acompanhada também de Gol (GOLL4), que fechou em alta de 3,14%, foi impulsionada pela queda no preço do petróleo, segundo Kaue Franklin.

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Fora do Ibovespa, a Ambipar (AMBP3) disparou 8,42% depois da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2021, quando a companhia registrou lucro líquido de R$ 52,3 milhões, alta de 98,9% na comparação anual. Para o BTG, a companhia apresentou outro conjunto de resultados sólidos.

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