Em meio às altas das Bolsas estrangeiras, o Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (8) em alta de 0,14%, aos 109.915 pontos, com ações ligadas à economia doméstica entre os maiores ganhos. Foram R$ 20,15 bilhões em volume negociado.
Com a alta de hoje, o Ibovespa acumula ganhos de 0,36% em setembro. Desde o início do ano, o índice soma valorização de 4,86%.
O dia também foi positivo no exterior, com os mercados de olho em decisões de política monetária. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 0,66%, o Dow Jones subiu 0,61% e o Nasdaq avançou 0,6%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,29%.
Economia doméstica tem dia de alívio
As ações ligadas ao consumo doméstico lideraram as altas do índice, em reação às perspectivas de deflação. De acordo com dados da FGV, o IGP-M (Índice Geral de Preços) caiu 0,70% em agosto após uma alta de 0,21% em julho.
O mercado também observa um recuo na curva de juros, em linha com mais dados de deflação, que beneficiam empresas ligadas à economia doméstica. Nesse contexto, as ações que mais subiram no pregão de hoje foram as de Magazine Luiza (MGLU3), Azul (AZUL4) e Via (VIIA3), com avanços de 7,25%, 6,46% e 5,54%, respectivamente.
Os papéis das companhias aéreas também foram impulsionados por dados de demanda melhores. De acordo com a IATA (Associação Internacional de Transportes Aéreos), a demanda de voos superou, em julho, os níveis pré-pandemia. O órgão atestou que o nível de demanda está 0,9% acima do registrado em julho de 2019 e 24,2% acima do mesmo mês de 2021.
Commodities limitam alta
A alta da Bolsa brasileira foi limitada principalmente pelas commodities, que caíram diante da continuidade de lockdowns na China podendo impactar a demanda.
Dados de agosto mostram que as exportações e importações do país asiático perderam força: enquanto as exportações subiram 7,1% no mês, contra alta de 18% em julho, as importações cresceram apenas 0,3%, contra 2,3% no mês anterior.
Ainda que tenha subido 1,31%, o petróleo Brent segue pressionado após a baixa de mais de 5% no pregão de ontem. Outro fator que pesou contra a commodity foram os dados de estoque nos EUA, que tiveram aumento de 3,6 milhões de barris.
Nesse contexto, as petrolíferas recuaram em bloco. Petrobras (PETR4) caiu 0,94%, Petrobras (PETR3) perdeu 1%, Prio (PRIO3) recuou 4,07%, e 3R Petroleum (RRRP3) teve baixa de 4,01%.
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O minério de ferro, por sua vez, subiu 3,14% em Dalian, na China, apoiado pelo governo da cidade de Zhengshou, de cerca de 10 milhões de habitantes, ao afirmar que todos os projetos habitacionais parados devem ser retomados até 6 de outubro. Assim, a Vale (VALE3) fechou o pregão em alta de 1,32%.
A mineradora divulgou novas projeções para a produção de níquel e cobre para os próximos anos e indicou que pretende ampliar a oferta destes materiais. O objetivo é aproveitar os déficits que devem surgir nos mercados dos dois metais básicos nos próximos anos.
Outros papéis que ficaram entre as maiores baixas foram os de frigoríficos, com Marfrig (MRFG3) caindo 5,84%, JBS (JBSS3) recuando 5% e Minerva (BEEF3) em baixa de 2,16%.
Mais cedo, dados divulgados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) em parceria com a Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos) mostraram que os embarques de carne bovina somaram 230,2 mil toneladas para a China e renderam US$ 1,36 bilhão, com altas de 8,6% e 15,8% em agosto, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2021.
Política monetária segue no foco
O Banco Central Europeu acelerou o ritmo de aperto monetário e decidiu elevar os juros da Zona do Euro em 0,75 p.p (ponto percentual). Na última reunião, a autoridade monetária havia subido a taxa em 0,50 ponto. O aumento mais agressivo tem como objetivo combater uma inflação anual que caminha para os 10%.
Em entrevista após a decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, apontou as pressões inflacionárias como justificativa para o aumento, e enfatizou também o que elas representam para a economia do bloco.
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“Depois de um rebote na primeira metade de 2022, dados recentes apontam para uma desaceleração substancial no crescimento econômico da Zona do Euro, com expectativa de que a economia fique estagnada no final deste ano e no primeiro trimestre de 2023”, disse. “Preços muito altos de energia estão reduzindo o poder de compra da população, enquanto gargalos de oferta estão se suavizando, mas ainda refreiam a atividade econômica.”
Nos Estados Unidos, o mercado refletiu também falas do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, afirmando que será necessário “agir agora” contra a inflação.
Ontem, o Livro Bege, relatório detalhando a situação da atividade econômica nos EUA, mostrou que a forte aceleração de preços começou a diminuir.
Mesmo assim, o documento frisou que a inflação “permaneceu elevada”, em meio a problemas no mercado de trabalho e na cadeia de fornecimento de suprimentos para as indústrias.
Criptomoedas
O mercado de criptoativos ensaiou uma recuperação nesta manhã em linha com o avanço das Bolsas globais na véspera, mas voltou a perder força com o tom pessimista para o futuro da economia após os discursos dos chefes dos bancos centrais americano e europeu.
O Bitcoin (BTC) resiste para se manter acima de US$ 19 mil em meio ao temor dos investidores de que a aceleração coordenada dos juros cause uma recessão na economia global.
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Por volta das 16h55, a maior cripto do mercado registrava avanço de 1,2%, negociada a US$ 19.348, conforme dados da Binance disponíveis na plataforma TradeMap.
A perda de fôlego também atingiu o Ethereum (ETH), que chegou a subir mais de 6% mais cedo. A rede está na contagem regressiva de uma semana para a atualização da blockchain.
Na mesma hora, o ETH registrava alta de 0,2%, vendido a US$ 1.641.