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Cenário apertado para oferta e demanda deve manter Brent acima de US$ 90 até o final do ano

Na primeira metade do ano, porém, a guerra na Ucrânia estressou os mercados e impulsionou o preço do barril do petróleo

Foto: Shutterstock

Do ponto de vista de preço e demanda, o primeiro semestre de 2022 foi excelente para os operadores de petróleo, uma vez que a guerra entre Rússia e Ucrânia estressou o mercado e impulsionou a commodity.

Entre o final do primeiro trimestre deste ano, quando a guerra no Leste europeu vivia seu “auge”, e o segundo trimestre, o preço do barril do petróleo tipo Brent, que serve como referência no mercado internacional, chegou a ser negociado próximo a US$ 140.

Passado a efervescência e as dúvidas sobre a guerra na Ucrânia, o preço do Brent arrefeceu e atingiu uma média de US$ 113 entre abril e junho, um avanço de 65,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

Ainda assim, valor muito elevado, o que acabou proporcionando um grande volume de vendas e receitas para as empresas do setor no segundo trimestre, principalmente a Petrobras (PETR4; PETR3), que acabou divulgando dividendos vultuosos.

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Agora, porém, o barril é negociado ao redor de US$ 90. Mas será que esse patamar deve se manter nesse nível até o final do ano, já que a crise energética na Europa pode fazer a demanda pelo petróleo subir e a China podendo fechar províncias sempre que surgirem novos casos de Covid-19?

Para o analista da Empiricus, Enzo Pacheco, o preço do Brent até o final do ano deve ficar na faixa que está atualmente, já que vira e mexe temos uma notícia que faz o preço cair e outra que faz o preço subir.

Segundo ele, no entanto, a China, com sucessivos lockdowns, e a crise energética na Europa, que foi escalada após a Gazprom, estatal russa de fornecimento de gás, anunciar que o gasoduto Nord Stream permanecerá paralisado por conta de uma nova falha, podem “estressar” o preço da commodity.

“Com o aumento do preço do gás na Europa, algumas empresas estão pensando na possibilidade de usar petróleo, mas não é tão simples operacionalmente. Isso acaba pressionando o preço dos dois ativos”, diz Pacheco.

Outro fator que deve manter o preço em patamares atuais, de acordo com o analista da Empiricus, é um controle por parte da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e países aliados).

Nesta segunda-feira (5), por exemplo, o órgão decidiu reduzir a produção em 100 mil barris por dia. O corte de produção vinha sendo sinalizado por membros do cartel, como a Arábia Saudita, nas últimas semanas. O mercado achava que a Opep+ poderia manter ou reduzir a oferta de petróleo.  

O que projetam os agentes de mercado?

Mesmo com o conflito ainda existente no Leste europeu, o preço da commodity diminuiu e algumas instituições preveem um preço menor para o barril no final deste ano em relação ao primeiro semestre, mas ainda elevado na comparação histórica.

Só para se ter uma ideia, dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos mostram que o preço médio do Brent ficou em US$ 74,49 no terceiro trimestre de 2021 e em US$ 81 nos últimos três meses do ano passado. Ou seja, bem abaixo dos preços atuais.

Em relatório, a agência de classificação de risco Moody’s projeta que os preços do petróleo fiquem ao redor de US$ 105 por barril em neste ano e US$ 95 em 2023. “Os preços da energia na Europa, no entanto, permanecerão excepcionalmente altos”.

A XP Investimentos também prevê o barril do Brent a US$ 100 ao final deste ano. Para os analistas Andre Vidal e Thales Carmo, alguns fatores podem pesar sobre o preço, entre eles, o embargo de petróleo russo feito pela União Europeia, a incerteza quanto à reabertura na China e os acordos sem progresso com o Irã.

“Ainda vemos um cenário de oferta e demanda apertado no mercado internacional de petróleo no curto e médio prazo, mantendo os preços elevados”, explicam os analistas da XP.

Veja as projeções de alguns agentes de mercado consultados pela Agência TradeMap:

projeções brent 2022

“Além disso, a decisão da Europa de interromper as importações de cerca de 3 milhões de barris por dia de petróleo russo entrará em vigor em dezembro”, completa o UBS.

De acordo com o banco, a oferta global de petróleo “deve ficar sob pressão no final do ano”, com o preço ficando ao redor de US$ 125. Em relatório, o banco atribui essa pressão a uma escassez de reservas estratégicas de países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou Económico) a partir de novembro.

O que esperar das petrolíferas daqui para frente?

As principais empresas do setor na Bolsa brasileira, como Petrobras, Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3) aproveitaram essa alta do Brent e viram seus números saltarem no segundo trimestre do ano.

Porém, mesmo com o Brent arrefecendo até o final do ano, o preço ainda está elevado em relação a patamares históricos, o que pode ajudar as petrolíferas tanto no terceiro quanto no último trimestre de 2022.

“Temos que entender que um preço de Brent considerado ‘normalizado’ é na faixa dos US$ 60. Um preço de US$ 90, US$ 95 é muito positivo para essas empresas”, afirma Vitor Sousa, analista da Genial Investimentos.

Na avaliação de Rafael Winalda, analista do Inter Research, o preço do Brent deve continuar alto no terceiro trimestre, em cerca de US$ 109 por barril, podendo ajudar as empresas do setor, em especial a Petrobras.

“O dólar em um patamar alto somado a uma provável manutenção de boa produção de petróleo e baixo custo de extração, deve-se traduzir na continuidade dos fortes resultados da Petrobras nos próximos trimestres”, afirma Winalda.

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