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Ibovespa resiste a exterior e começa a semana em alta, ajudado por commodities

Principal índice da B3 subiu 0,38% nesta segunda-feira (18), aos 96.919 pontos

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Com o apoio de ações ligadas a commodities, o Ibovespa resistiu ao exterior, que passou a operar no negativo ao longo da tarde, e fechou o pregão desta segunda-feira (18) em alta de 0,38%, aos 96.916 pontos, com R$ 14,06 bilhões em volume negociado.

Essa alta, porém, não foi suficiente para inverter a performance do índice no mês de julho, de baixa de 1,65%. Desde o início do ano, o Ibovespa acumula desvalorização de 7,54%.

Virada no exterior

As Bolsas estrangeiras passaram a maior parte do pregão em alta, ajudadas pela redução nas apostas sobre a agressividade da elevação da taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).

Uma reportagem do jornal Wall Street Journal publicada neste domingo (17) aponta que membros do Fed colocaram água fria na chance de um aumento de 1 ponto percentual antes do início do período de silêncio do Fomc (comitê de política monetária do Fed), que começou no sábado. Agora, a maior parte dos investidores aposta em alta de 75 pontos base na taxa na próxima reunião, que será na semana que vem.

No fechamento, porém, o S&P 500 somou perdas de 0,84%, o Dow Jones caiu 0,69% e o Nasdaq recuou 0,81%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 fechou em alta de 1%.

Um dos fatores por trás da virada dos mercados americanos ao longo da tarde foi uma reportagem da Bloomberg alegando, citando fontes familiarizadas com o assunto, que a Apple (AAPL) planeja desacelerar as contratações e o crescimento de gastos no ano que vem para lidar com uma possível desaceleração econômica. As ações da fabricante do iPhone fecharam em baixa de 2,06% em Nova York, enquanto seus BDRs (AAPL34), negociados no Brasil, caíram 1,39%.

Agora, o mercado estará de olho nos balanços do segundo trimestre de empresas de tecnologia, que serão divulgados nos próximos dias.  Nesta terça (19), a Netflix (NFLX) divulga os seus resultados, e os investidores acompanharão o dado de quantos assinantes foram perdidos pela empresa no período. Também nos EUA, a Tesla (TSLA) divulgará o balanço na quarta-feira (20).

Por aqui, o balanço mais importante será o da Weg (WEGE3), com divulgação na quarta-feira, antes da abertura do mercado.

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Na Europa, o grande evento da semana é a reunião do Banco Central Europeu, que elevará os juros da União Europeia pela primeira vez em 11 anos. A expectativa é que esse aumento seja de 0,25 ponto percentual, medida destinada a combater uma inflação que deve atingir 7,6% neste ano, em expectativa revisada da Comissão Europeia.

Os dados do CPI (índice de preços ao consumidor) do bloco comercial, que serão informados nesta terça-feira com expectativa de alta mensal de 0,8%, ajudarão a calibrar as expectativas para a decisão. Ainda na Europa, todas as atenções estão para a volta da parada técnica do gasoduto Nord Stream 1, que transporta gás russo para os europeus.

A chance de a Rússia não retomar o fornecimento após a manutenção do gasoduto vem pesando nas bolsas europeias e no euro que, pela primeira vez, em duas décadas, ficou mais barato que o dólar na semana passada.

Commodities sustentam o Ibovespa

Internamente, a performance do Ibovespa foi sustentada por ações ligadas a commodities, que subiram seguindo a valorização nos preços internacionais das matérias-primas.

O petróleo tipo Brent fechou em alta de 5,05%, a US$ 106,26 por barril, depois de o presidente americano Joe Biden voltar de viagem ao Oriente Médio sem um compromisso firme da Arábia Saudita em aumentar a produção de petróleo.

Nesse contexto, a Prio (PRIO3) era a maior alta do Ibovespa no fechamento, com ganhos de 6,72%. Petrobras ON (PETR3) teve alta de 3,33%, 3R Petroleum (RRRP3) subiu 2,26% e Petrobras PN (PETR4) valorizou 2,29%.

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Já o minério de ferro teve valorização de 2,18% na Bolsa de Dalian, a US$ 100,76, após o governo da China defender uma elevação de financiamentos imobiliários pelos bancos, acalmando os temores de inadimplência em hipotecas. CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Vale (VALE3) tiveram altas de 1,23%, 1,07% e 0,53%, respectivamente.

Na sexta-feira, a Vale confirmou a conclusão da venda de seus ativos do Sistema Centro Oeste à J&F Mineração por US$ 150 milhões. Na visão da Genial Investimentos, em comentários ao mercado, “a conclusão do negócio reitera o posicionamento da Vale em sua estratégia de simplificação de portfólio”.

Outros destaques do pregão

Depois da Prio, as maiores altas do Ibovespa foram de SLC Agrícola (SLCE3) e Petrobras ON (PETR3), com ganhos de 4,36% e 3,33%, nesta ordem.

Outra alta importante foi da Rumo (RAIL3), de 2,93%. A companhia fechou um acordo para vender 80% da Elevações Portuárias (EPSA), que opera e controla dois terminais no Porto de Santos, para a Corredor Logística e Infraestrutura (CLI) por R$ 1,4 bilhão.

Na visão de analistas do mercado, o anúncio revela o esforço da companhia para preservar caixa e se preparar para um novo ciclo de investimentos para os próximos dez anos. “Vemos esse movimento como estratégico e positivo”, escreveram analistas do Goldman Sachs, em relatório distribuído nesta segunda.

Fora do Ibovespa, a Estapar (ALPK3) registrou 27,27%, depois de subir 28,65% na sexta-feira, refletindo a assinatura de um acordo de associação e investimento com a Zletric Comercial Eletroeletrônica para a exploração do mercado de eletromobilidade.

Na outra ponta, as ações que mais caíram foram as de Eztec (EZTC3), BRF (BRFS3) e Petz (PETZ3), com recuos de 5,88%, 5,67% e 5,1%, respectivamente.

A Eztec apresentou queda de 19,9% nas vendas líquidas no segundo trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 229 milhões, segundo a prévia operacional. Em relação ao período entre janeiro e março deste ano, o recuo foi de 24,4%.

O mercado não recebeu bem os números, de acordo com relatórios do Itaú BBA, do Bank of America (BofA), da XP Investimentos e da Genial Investimentos, que chamam atenção para o fato de os lançamentos da empresa terem sido concentrados no final do trimestre, o que prejudica os resultados, uma vez que menos dias de vendas são contabilizados no período.

Daqui para frente, a expectativa dos analistas do BofA é que as vendas devam seguir pressionadas pela queda no poder de compra da população e pelos volumes consideráveis de estoque em construção.

“Um aspecto chave para observar à frente é a performance das margens em meio a custos em alta e uma precificação mais difícil, enquanto qualquer redução adicional de velocidade de vendas criaria camadas adicionais de preocupação”, diz o BofA.

O setor de frigoríficos, com alta dependência das exportações e que sofrem os efeitos da desaceleração do dólar ante o real, caíram em bloco. Além da BRF, Marfrig (MRFG3) teve baixa de 4,46%, Minerva (BEEF3) caiu 2,32% e JBS (BJSS3) recuou 0,8%.

Para Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, o movimento também tem relação ao rebalanceamento dos papéis após períodos de ganhos. “São empresas que também sofrem com um processo de correção depois de terem performado bem nos últimos dias”, explica.

Dados econômicos

De acordo com dados do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) divulgados nesta segunda, as vendas no varejo subiram pelo oitavo mês consecutivo em junho, a um ritmo de 5,9% em relação a igual mês do ano passado, mas seguem abaixo do nível observado antes da pandemia de Covid-19.

Outra divulgação importante de hoje foi o Boletim Focus. Os analistas de mercado ouvidos pela pesquisa do Banco Central agora apostam em uma alta de 1,75% no PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, contra 1,59% na projeção anterior. As estimativas foram revisadas para cima após a divulgação de dados bons para serviços.

A projeção para a inflação também foi reduzida, de 7,67% para 7,54%, após os Estados reduzirem o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia e telecomunicações.

Por outro lado, o mercado agora acredita que a inflação de 2023 alcançará 5,2% (contra aposta anterior de 5,09%). Como resultado, os juros terão que ficar mais altos por mais tempo: agora, os analistas projetam uma taxa Selic de 10,75% no final do ano que vem (a projeção anterior era de 10,5%).

Cripto

O Bitcoin ganhou novo impulso na madrugada desta segunda e chegou a romper a barreira de US$ 22 mil pela primeira vez em mais de um mês, com o arrefecimento do temor global de alta mais agressiva nos juros americanos.

A cripto perdeu força durante a tarde, também mostrando correlação com a queda das Bolsas nos Estados Unidos, mas ainda se segurou no campo positivo.

Por volta de 17h, o BTC registrava alta de 4,1% em comparação a cotação de 24 horas atrás, negociado a US$ 21.810, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O começo da semana também foi marcado pela disparada do Ethereum (ETH) com mercados ainda repercutindo os testes bem-sucedidos para a atualização da rede, na semana passada.

Programadores da blockchain afirmaram que “a fusão” (the merge, em inglês) deva ocorrer em setembro. A atualização da rede é um dos eventos mais aguardados pelo mercado cripto neste ano.

Na mesma hora, o ETH registrava alta de 8,8%, enquanto XRP, Cardano (ADA) e Solana (SOL) subiam 1,7%, 5,7% e 2,3%, respectivamente, segundo informações da CoinGecko.

 

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