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Ibovespa fecha pregão volátil em baixa de 0,16%; balanços mexem com as ações

Investidores deixam política econômica de lado e focam em resultados trimestrais

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: João Tessari/TradeMap

Depois de um dia repleto de altas e baixas, com balanços trimestrais ditando o movimento das ações, o Ibovespa terminou o pregão desta sexta-feira (6) em queda de 0,16%, aos 105.134 pontos, com R$ 22,56 bilhões em volume negociado. Na semana, o índice da B3 soma perdas de 1,41%.

Em 2022, o saldo segue de leve alta de 0,3%, enquanto o desempenho do mês corrente é de baixa de 2,54%.

A fraqueza da Bolsa não foi exclusividade do Brasil. Em Nova York, o índice S&P 500 teve baixa de 0,57%, o Dow Jones caiu 0,3% e o Nasdaq recuou 1,4%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 1,82%.

Balanços impulsionaram alguns papéis…

Enquanto o mercado externo segue digerindo as decisões de política monetária desta semana, sobretudo o aumento da taxa de juros americana pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), o que deu o tom do mercado brasileiro foram os balanços do primeiro trimestre.

Entre os resultados, o grande destaque do dia foram os números da Petrobras (PETR4). A estatal foi capaz de surfar a alta do petróleo no mercado internacional e anotou um lucro líquido recorrente atribuído aos acionistas de R$ 43,3 bilhões no período entre janeiro e março, 31 vezes o ganho alcançado em igual intervalo do ano passado, de R$ 1,4 bilhão.

Mesmo antes da estatal informar seu balanço, o presidente Jair Bolsonaro atacou a companhia aos gritos em sua live semanal, antecipando o resultado e classificando que o ganho da empresa em meio à alta dos combustíveis é “um crime inadmissível” e um “estupro”.

A Petrobras, porém, segue com a mesma opinião, de que o melhor preço para se aplicar aos combustíveis no Brasil é o “de mercado”.

Segundo Rafael Chaves, diretor executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras, em comentários durante a teleconferência de resultados, a empresa está fazendo um esforço grande para melhorar a comunicação em relação ao ajuste nos preços, e o sistema usado atualmente – baseado em cobrar no mercado doméstico o mesmo valor praticado no mercado internacional – é o mais eficaz.

Além do resultado trimestral, a Petrobras também aprovou o pagamento de distribuição de dividendos no valor de R$ 3,715490 por ação preferencial e ordinária em circulação. As ações ordinárias da estatal (PETR3) tiveram alta de 3,78%, enquanto as preferenciais (PETR4) subiram 3,28%.

Líder entre as altas do dia, a Alpargatas (ALPA4) subiu 7,44% após divulgar lucro líquido de R$ 20,8 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 83,5% na comparação anual. Apesar da queda no lucro, as margens saudáveis agradaram o mercado, que temiam uma deterioração causada pela inflação.

A ação da Lojas Renner (LREN3) também reagiu bem aos números reportados, e fechou em alta de 5,99%. Depois de registrar prejuízo de R$ 147,7 milhões no primeiro trimestre de 2021, a varejista inverteu o sinal e anotou lucro líquido de R$ 191,6 milhões no mesmo período deste ano. O lucro deste trimestre ficou 18,6% acima do registrado nos mesmos três meses de 2019, período pré-pandemia.

O Bradesco foi outra companhia que superou as expectativas dos analistas, com lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões no primeiro trimestre, alta de 4,7% em relação a igual período do ano passado. Embora tenha batido o consenso do mercado, o Bradesco apresentou aumento na taxa de inadimplência dos clientes, que saltou para 3,2%, de 2,5% no mesmo período do ano passado.

Os indicadores de inadimplência têm sido acompanhados de perto por analistas do mercado, que estão preocupados com o avanço dos calotes, em meio a um cenário econômico que combina juros mais altos, inflação persistente e estagnação do PIB.

Leia mais:
Por que o Bradesco (BBDC4) está confortável com os níveis de inadimplência

O resultado do banco parece ter animado o setor, que viu as ações de outras instituições bancárias subirem na Bolsa — enquanto Bradesco (BBDC4) subiu 2,09%, Itaú Unibanco (ITUB4) teve alta de 2,15%, Santander (SANB11) de 3,1% e Banco do Brasil (BBAS3) apontava em 0,33% para cima.

As ações da Cogna (COGN3) subiram 2,13% depois de a companhia reportar que voltou a ter 1 milhão de alunos ativos no segmento de graduação – algo que não acontecia desde 2015.

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Alpargatas, Lojas Renner e Petrobras ON.

…mas prejudicaram outros

Na direção oposta, as maiores baixas do Ibovespa foram de Petz (PETZ3), Locaweb (LWSA3) e Banco Inter (BIDI11), com perdas de 12,72%, 7,99% e 7,63%, respectivamente.

A queda da Petz ocorre apesar de a empresa ter registrado alta de 57,7% no lucro líquido do primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, a R$ 21,1 milhões. O Ebitda ajustado também teve expansão, de 19,6%, para R$ 52 milhões.

Em relatório, o BTG Pactual viu os resultados como positivos, mas destacou uma “queda nas margens apesar do sólido ritmo de expansão”. Essa queda ocorreu principalmente por causa da Zee.Dog, subsidiária da empresa, que teve um Ebitda ajustado negativo de R$ 2,9 milhões.

As ações do Carrefour (CRFB3) caíram 7,04%, um dia depois de a rede de supermercados comunicar que registrou lucro líquido ajustado de R$ 421 milhões no primeiro trimestre, alta de 0,2% na comparação anual. O Ebitda ajustado, por sua vez, cresceu 13,3% em relação ao primeiro trimestre de 2021, para R$ 1,3 bilhão.

Outro papel que reagiu mal aos resultados foi o da Ecorodovias (ECOR3), que teve queda de 81,2% no lucro líquido recorrente do primeiro trimestre ante o mesmo período de 2021, para R$ 16,9 milhões. O Ebitda ajustado teve redução de 17,3%, para R$ 475,8 milhões. A ação terminou o pregão em baixa de 6,07%.

Ainda entre os balanços que decepcionaram, a Natura (NTCO3) viu seu prejuízo mais que quadruplicar em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 643,1 milhões, valor 314% maior que a perda de R$ 155,2 milhões registrada nos três primeiros meses do ano passado.

Segundo a Natura, um ambiente global desafiador e uma forte base de comparação fizeram os indicadores recuarem. Com isso, a ação fechou em baixa de 4,55%.

Fora do Ibovespa, as ações da C&A (CEAB3) também reagiram mal ao balanço e despencaram 13,97%. A companhia teve prejuízo de R$ 152,7 milhões, uma queda de 10,3% do que o observado no mesmo período do ano passado.

Bitcoin

As criptomoedas seguiram no campo negativo nesta sexta-feira em continuidade ao clima negativo que tomou conta do mercado com repercussão da alta juros norte-americanos, na quarta-feira (4).

O Bitcoin (BTC), principal referência dos criptoativos, voltou a testar a resistência dos US$ 36 mil em meio à fuga de investidores para opções mais seguras.

Por volta das 16h50 (de Brasília), o BTC registrava queda de 0,37% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 37.063, segundo dados da Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

Para analistas, caso essa barreira seja quebrada, o ativo digital deve cair para a casa dos US$ 30 mil nos próximos dias.

O mau humor também impactou nas altcoins. Na mesma hora, o Ethereum (ETH), caia 0,47%, enquanto a Terra (LUNA) perdia 0,64%, conforme a CoinDesk.

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