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Ibovespa cai seguindo Nova York, com dados econômicos fracos nos EUA, apesar da alta das commodities

Principal índice da B3 fechou o pregão em baixa de 0,17%, aos 100.591 pontos, com R$ 16,3 bilhões em volume negociado

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Depois de passar a primeira parte do pregão em alta, o Ibovespa virou para o vermelho seguindo um aprofundamento das quedas das Bolsas de Nova York, em reação a dados piores do que o esperado de confiança do consumidor.

Assim, o principal índice da Bolsa brasileira fechou o pregão em baixa de 0,17%, aos 100.591 pontos, com R$ 16,28 bilhões em volume negociado. Desde o início do ano, o Ibovespa acumula perdas de 4,04%, enquanto a desvalorização acumulada em junho é de 9,66%.

Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 2,01%, o Dow Jones caiu 1,56% e o Nasdaq recuou 2,98%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,29%.

As bolsas americanas, que já operavam no vermelho, ampliaram as quedas depois da divulgação do índice de confiança do consumidor de junho da Conference Board, que atingiu a mínima de 16 meses, em 98,7.

Por lá, os temores de uma recessão vêm ganhando cada vez mais força, em meio às tentativas do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) para combater a inflação por meio de aumentos nas taxas de juros.

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Dados animam, fiscal preocupa

Por aqui, dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostraram que o ritmo de criação de empregos no Brasil acelerou pelo segundo mês consecutivo em maio, com a economia criando 277 mil postos de trabalho com carteira assinada.

Os números de maio representam alta de 40% em comparação a abril, quando a economia brasileira criou 197,4 mil postos de trabalho. Na comparação anual, quando foram abertas 266,4 mil vagas, houve aumento de 4%.

“O resultado é muito bom e traz boas perspectivas para o mês de maio. Ainda que seja apenas do setor formal do mercado de trabalho, o resultado deve ser utilizado como um termômetro sobre a atividade em maio, cuja perspectiva não era das mais auspiciosas”, afirmou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, em comentário ao mercado.

Além disso, segundo indicador divulgado pelo Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), a confiança da indústria subiu pelo terceiro mês seguido em junho, ultrapassando o nível neutro dos 100 pontos. Resultados acima de 100 pontos indicam uma perspectiva favorável para os negócios, e abaixo disso, uma avaliação desfavorável.

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Apesar dos dados, todos os olhos estão voltados para a apresentação da PEC dos Combustíveis pelo relator Fernando Bezerra, adiada para as 18h. A proposta originalmente foi pensada para ressarcir os Estados que zerarem o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) dos combustíveis até o final do ano, mas essa ideia foi deixada de lado.

No lugar, o governo decidiu colocar a ampliação de programas sociais. Bezerra já indicou que o pacote de medidas – elevação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, auxílio mensal de R$ 1 mil a caminhoneiros e aumento do vale-gás – teria um custo aproximado de R$ 35 bilhões até o final do ano.

Essa conta, entretanto, pode ser maior. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a ala política do governo tenta elevar o valor do Auxílio Brasil e do vale-gás.

O mercado teme um cenário de descontrole fiscal, com as despesas ficando acima do teto de gastos, mecanismo que limita o aumento das despesas públicas à inflação do ano anterior.

Commodities no verde

As commodities ajudaram a limitar a baixa do Ibovespa, subindo na esteira do anúncio de mais medidas de relaxamento das restrições na China, como a redução pela metade do período de quarentena exigido de viajantes internacionais.

Outro fator que ajudou o preço do petróleo foi o anúncio de que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos não serão capazes de ampliar sua produção no curto prazo.

Neste contexto, o petróleo tipo Brent fechou em alta de 2,54%, a US$ 113,80 por barril. O minério de ferro, por sua vez, teve avanço de 6,31% na Bolsa de Dalian, na China, a US$ 121,01 por tonelada.

Assim, as ações de mineradoras, siderúrgicas e petroleiras ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com destaque para Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), com ganhos de 1,79% e 1,25%, respectivamente.

Na noite de ontem, a estatal anunciou a retomada dos processos de vendas das refinarias Abreu e Lima (Rnest-PE), Presidente Getúlio Vargas (Repar-PR) e Refinaria Alberto Pasqualini (Refap-RS), assim como os ativos logísticos integrados e elas.

“Somos céticos em relação à venda dos ativos devido ao cronograma apertado com as eleições. Além disso, os ativos de refino podem ser subavaliados pelo mercado, o que tende a levantar questionamentos pelo TCU [Tribunal de Contas da União], sindicatos etc.”, avaliam analistas da Genial Investimentos, em comentários ao mercado.

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Outros destaques do pregão

Fora das commodities, as maiores altas do Ibovespa foram de Pão de Açúcar (PCAR3), BB Seguridade (BBSE3) e Vale (VALE3), com avanços de 2,86%, 2,13% e 1,79%, nesta ordem.

Em relatório distribuído ao mercado nesta terça, analistas do Itaú BBA retomaram a cobertura de Pão de Açúcar e classificam a ação ordinária como outperform (equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 32 – o que corresponde a uma alta de 95% em relação ao valor do fechamento da última segunda-feira, de R$ 16,42.

Para os analistas, mesmo se as empresas Éxito e Cnova, controladas pelo GPA, valessem 50% a menos do que suas cotações atuais, a ação da varejista brasileira continuaria significativamente barata.

A BB Seguridade, por sua vez, anunciou que irá distribuir 80% do lucro do primeiro semestre em dividendos.

Fora do Ibovespa, a Ômega Energia (MEGA3) disparou 16,57%, depois de fechar um acordo com a Actis, empresa britânica de investimentos, para assumir uma fatia de 10% e investir até R$ 850 milhões na companhia.

A Ômega também assinou um protocolo de intenções com “uma das principais gestoras norte-americanas de ativos de infraestrutura” para até US$ 500 milhões em investimentos em projetos renováveis a serem desenvolvidos ou adquiridos pela companhia nos Estados Unidos.

Na outra ponta, as maiores baixas foram de Hapvida (HAPV3), Via (VIIA3) e Positivo (POSI3), com perdas de 5,78%, 5,46% e 5,38%, respectivamente.

Para Régis Chinchilla, analista da Terra Investimentos, a queda de Hapvida é acompanhada de novas recomendações para o papel. Em relatório, o Credit Suisse cortou o preço-alvo do ativo quase pela metade, de R$ 16,70 para R$ 9,50.

Os analistas Mauricio Cepeda e Pedro Caravina, que assinam o relatório, atribuem a revisão à previsão de ajustes limitados de tíquetes, pressões inflacionárias sobre os sinistros e crescimento orgânico difícil. Ainda assim, a casa manteve a recomendação outperform.

Bitcoin

O mercado de criptoativos acompanhou as principais Bolsas globais em mais um dia de perdas com investidores aguardando a divulgação de dados economia dos Estados Unidos nesta semana.

Apesar do clima negativo, o Bitcoin (BTC) se manteve acima de US$ 20 mil, a nova faixa de resistência apontada pelos analistas.

Por volta de 16h50, a cripto tinha queda de 2,8% em 24 horas, negociado a US$ 20.299, conforme dados da CoinGecko.

Seguindo o viés negativo, as principais altcoins também registravam perdas. O Ethereum (ETH) tinha retração de 3,6%, enquanto a Cardano (ADA) perdia 2,5% e a Solana (SOL) cedia 6,2%.

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