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Fundos de renda fixa de “bancão” concentram aportes de investidor de varejo, diz Anbima

Aplicação líquida dos investidores de varejo em fundos somou R$ 121,2 bilhões em 2021, até novembro

Os aportes de investidores de varejo, que reúnem as pessoas físicas comuns na base da pirâmide, em fundos de investimento somaram R$ 121,2 bilhões em 2021, até novembro, e foram concentrados em dois produtos de renda fixa geridos pela gestora do Banco do Brasil, da família BB TOP Renda Fixa, responsáveis pela entrada de R$ 83,3 bilhões.

Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).  O  fundo BB TOP Renda Fixa Simples, de maior patrimônio (R$ 123,5 bilhões), por exemplo, teve uma captação expressiva, mas entregou um retorno de 4,27% em 2021, levemente abaixo do CDI (4,39%).

Em 2020, até novembro, investidores de varejo haviam resgatado o valor líquido de R$ 75 bilhões dos fundos de investimento.

Com a alta da taxa Selic para 9,25% ao ano, que deve alcançar dois dígitos neste ano, houve um rebalanceamento do portfólio dos investidores, com migração de ativos de maior risco, como ações, fundos multimercados e imobiliários, para ativos mais conservadores, como fundos de renda fixa, afirmou Pedro Rudge, diretor da Anbima, em coletiva à imprensa.

Rudge ressaltou que os investidores também têm buscado maior diversificação da alocação, com destaque para os fundos estruturados, que englobam os Fundos de Investimento em Participação (FIPs) — que compram participação em empresas de capital fechado –, Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) — que investem em recebíveis de empresas — e os fundos imobiliários (FIIs). O patrimônio desses três tipos de fundos cresceu de R$ 742,9 bilhões, em 2020, para R$ 1,029 bilhão, em 2021.

A Anbima está discutindo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a revisão dos produtos destinados aos investidores de varejo, afirma Rudge.

Após conduzir um estudo com comparação com mercados internacionais, a CVM analisa medidas como a flexibilização para todos os investidores pessoas físicas acessarem produtos de securitização, com a redução de restrições regulatórias para esse público, e a permissão para aplicação em fundos de private equity, como os FIPs. “Enxergamos com bons olhos a CVM discutir o assunto e dar acesso ao investidor a qualquer tipo de produto”, disse Rudge.

Da mesma forma, a CVM estuda permitir que investidores de varejo invistam em FIDCs.

A Anbima ainda está discutindo com a autarquia a criação de uma regra específica para os Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), aqueles que investem em ativos do agronegócio.

Os Fiagros listados em bolsa seguem a estrutura dos fundos imobiliários. A autarquia pretende, no entanto, criar uma norma específica para essa categoria de produto. “O produto é uma maneira de financiar esse segmento, que até então estava muito focado nos grandes bancos”, afirmou Rudge.

Outro assunto que a Anbima está acompanhando de perto é a ampliação do limite para que os fundos multimercados destinados ao público em geral possam aplicar em ativos no exterior, que hoje é de 20%.

Os multimercado que investem em ativos no mercado internacional registraram um crescimento de 71,3% na captação em 2021, para R$ 78,2 bilhões, liderando os aportes líquidos na categoria.

Anbima acompanha caso do GURU11

A Anbima está acompanhando ainda a discussão sobre o fundo listado em bolsa (ETF) GURU11, que replica as carteiras de ações de grandes gestoras. Listado no fim do ano passado, o produto foi criado pela Teva Índices a partir de dados públicos das carteiras das gestoras informados a CVM com até três meses de atraso, e tem incomodado os gestores das carteiras que estão sendo replicadas.

“O assunto é muito recente, o fundo foi lançado no ano passado e não tivemos a oportunidade de discutir isso nos fóruns adequados”, apontou Rudge.

Esse tipo de ETF já existe nos mercados lá fora, em que é possível encontrar índices que seguem grandes hedge funds.

Impacto de título de previdência do Tesouro

Outro assunto acompanhado de perto pela Anbima é a ideia do Tesouro Nacional de criar um título de previdência com prazo entre 30 e 40 anos e durante o qual o investidor não receberia juros. “Estamos conversando internamente para entender melhor quais as características desse produto e as diferenças para fundos de previdências, se eles terão também o benefício fiscal”, disse o diretor da Anbima.

Como informado pela Agência TradeMap, a ideia do governo é que a tributação dos ganhos com esse papel seja igual a de outros títulos de renda fixa, cuja alíquota do Imposto de Renda varia de 22,5% a 15% após o período de dois anos. Ou seja, esse poderia ser um produto mais vantajoso que um fundo de previdência com tributação regressiva, a mais utilizada, que prevê a redução do pagamento de IR de 35% para 10% após dez anos.

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