Em dia de IPCA e cautela global, Ibovespa sobe 0,04%; varejistas lideram altas

Mais uma vez, os mercados seguem cautelosos antes do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Em mais um dia em que o mercado operou em compasso de espera, às vésperas do discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (banco central americano), o Ibovespa seguiu a tendência das Bolsas estrangeiras e fechou em leve alta de 0,04%, aos 112.898 pontos, com R$ 19,76 bilhões em volume negociado.

Com a valorização de hoje, o índice soma ganhos de 9,43% em agosto, enquanto a performance acumulada desde o início do ano passou para avanço de 7,7%.

A movimentação foi parecida no exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 0,29%, o Dow Jones subiu 0,18% e o Nasdaq avançou 0,41%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,41%.

Desde o início da semana, o foco dos investidores ao redor do mundo está em sinais dos próximos passos da política monetária do Fed, que podem se tornar mais evidentes com o discurso do presidente do órgão, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira (26).

Ontem, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, reforçou o compromisso do banco central dos EUA em controlar a inflação e disse que teme a persistência das pressões inflacionárias.

Varejistas lideram altas

Por aqui, o destaque do dia foi a divulgação do IPCA-15 (índice de Preços ao Consumidor Amplo). Influenciado pelos cortes recentes nos preços da gasolina e diesel pela Petrobras e pela redução do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), o índice caiu 0,73% em agosto, a maior queda desde o início da série histórica, em novembro de 1991.

O dado veio um pouco melhor do que a expectativa do mercado, que projetava uma deflação de 0,82% nas duas primeiras semanas do mês, de acordo com pesquisa do Broadcast. Em julho, o indicador subiu 0,13%, já mostrando forte desaceleração em relação a meses anteriores.

Em resposta, os papéis mais sensíveis aos juros lideraram as altas do pregão. De acordo com Julia Aquino, Thales Carmo e Jennie Li, analistas da XP, esses papéis se beneficiam em momentos de inflação baixa, que é justamente o que foi indicado pela divulgação do IPCA-15 mais cedo.

No fechamento, as maiores altas eram de CVC (CVCB3), Magazine Luiza (MGLU3) e Natura (NTCO3), com avanços 11,28%, 8,43% e 8,33%, respectivamente.

Outra alta importante foi de Cielo (CIEL3), de 4,89%. A companhia anunciou, na noite de ontem, a escolha de seu novo presidente, Estanislau Bassols, atual presidente da Mastercard Brasil. De acordo com Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, a escolha mostra que a Cielo está disposta a “pensar fora da caixa”.

No âmbito das commodities, os preços do petróleo subiram pelo segundo dia seguido após a Arábia Saudita indicar cortes na produção e os EUA divulgarem uma queda de 5,6 milhões de barris em seus estoques da commodity. O Brent registrou alta de 1%, a US$ 101,22 por barril.

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Com isso, a PRIO (PRIO3) teve alta de 3,47%, 3R Petroleum (RRRP3) subiu 1,41%, Petrobras ON (PETR3) avançou 0,67% e Petrobras PN (PETR4) registrou ganhos de 0,6%.

Segundo dados da 35ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson, repercutidos pela imprensa nesta quarta, a Petrobras conquistou o título de maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre deste ano, quando foram distribuídos US$ 9,7 bilhões em proventos.

Maiores quedas

Na outra ponta, as ações que mais caíram foram as de IRB (IRBR3), Usiminas (USIM5) e Suzano (SUZB3), com recuos de 5,19%, 3,61% e 3,23%, nesta ordem.

As ações de companhias ligadas ao minério de ferro, que figuraram entre as altas da véspera, recuaram em bloco, mesmo com a alta do preço da commodity no mercado externo. Além da Usiminas, destaque para Vale (VALE3), em baixa de 3,22%, e CSN (CSNA3), que perdeu 1,79%.

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Em outra frente, de acordo com informações do site Brazil Journal, o Bradesco BBI rebaixou a recomendação para a ação da Suzano compra para venda.

O banco fez isso por projetar que o preço da celulose de fibra curta deve ficar entre US$ 200 e US$ 230 nos próximos 12 a 18 meses. Antes, a previsão era de US$ 250. Por conta disso, reduziu a estimativa para o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação) das empresas do setor em cerca de 5% para 2023 e de 10% a 15% para 2024.

Criptoativos

O mercado de criptoativos esboçou reação nesta quarta-feira após dois dias seguidos de queda, com os investidores à espera de pistas sobre os próximos passos da política monetária americana.

Por volta das 16h55, o BTC registrava alta de 0,9%, negociado a US$ 21.810, conforme dados da Binance disponíveis na plataforma TradeMap.

O Ethereum (ETH) mostrava recuperação mais robusta com a renovação da expectativa pela atualização da rede após os programadores da blockchain confirmarem o processo de fusão para 15 de setembro.

Com isso, a segunda maior cripto do mercado registrava alta de 1,7% na mesma hora, vendida a US$ 1.688.

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