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Com sinais de juros mais altos nos EUA e tensão entre Lula e BC, Bolsa perde os 108 mil pontos

Presidente do Fed jogou balde de água fria no mercado ao afirmar que juros vão precisar subir mais para cumprir meta da inflação

Foto: Shutterstock/Bigc Studio

O Ibovespa voltou a fechar em baixa nesta terça-feira (7), pressionado pelas indicações de juros mais fortes nos Estados Unidos e com os investidores digerindo as tentativas de trégua entre o governo federal e o BC (Banco Central).

O principal indicador da Bolsa brasileira encerrou o pregão em queda de 0,82%, aos 107.830 pontos e R$ 17,31 bilhões em volume negociado, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

Com este desempenho, o Ibovespa acumula queda de 4,93% em fevereiro, enquanto o acumulado de 2023 está negativo em 1,73%.

Fed joga balde de água fria

O pregão intensificou a queda após Jerome Powell, presidente do Fed (o banco central americano), apontar que a recente alta dos juros é insuficiente para levar a inflação a meta de 2%.

Na semana passada, o banco central americano aumentou os juros americanos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. A elevação ficou em linha com o esperado pelo mercado e menos intensa que a anunciada na decisão de dezembro, quando a taxa subiu 0,50 p.p.

A próxima decisão do Fed será anunciada em março. O mercado de juros futuros dos EUA prevê chance de 93,7% de as taxas aumentarem em 0,25 p.p., segundo dados do CME Group.

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“O cenário mais provável é de duas altas de juros e esperamos que a taxa fique parada por bastante tempo e não vai haver espaço para queda de juros rápida como aconteceu em outros ciclos”, afirmou Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.

Lula volta a criticar BC

No cenário doméstico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dando seguimento à sequência de ataques proferidos nos últimos dias.

Apesar de afirmar que não busca “confusão”, Lula disse em evento com jornalistas que o chefe da autoridade monetária “deve explicações ao Congresso Nacional”.

Antes, Lula e membros do entorno petista já haviam criticado a independência do BC e a condução da política monetária após a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.

Nesta manhã, o BC divulgou a ata do último encontro e sinalizou uma trégua com o governo federal ao afirmar que o pacote fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é positivo.

Segundo o documento, alguns membros do colegiado lembraram que as medianas de projeção do mercado para o rombo deste ano se reduziram após o anúncio de medidas para elevar a receita e reduzir despesas.

Por outro lado, o colegiado alertou para o salto recente nas expectativas de inflação para 2023 e 2024, e lembrou que um dos motivos para isso é a possibilidade de mudanças na meta de inflação estipulada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), levantada por Lula.

Para Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, as falas do petista prejudicam a imagem do país por sinalizar mais incertezas aos investidores.

“O ataque direto do atual governo a independência do BC prejudica a imagem do Brasil e acarreta um aumento das tensões. Interferências políticas em assuntos econômicos não são bem-vindos pelo mercado”, afirmou.

Baixas do pregão

Estendendo o movimento de queda da véspera, BRF (BRFS3) esteve entre as principais baixas, com perda de 6,83%. Antes, Locawerb (LWSA3) recuou 6,90%, e Marfrig (MRFG3), 5,15%.

Os papéis da Petrobras, que evitaram perdas maiores na véspera, caíram nesta sessão. As opções preferenciais (PETR4) cederam 0,62%, enquanto as ordinárias (PETR3) caíram 0,52%.

A queda refletiu a redução do preço do diesel no primeiro ato do novo presidente da estatal, Jean Prates. O novo preço passará de R$ 4,50 para R$ 4,10 por litro, ou uma queda de R$ 0,40. A iniciativa é válida a partir de amanhã (8).

O movimento vai na direção oposta ao petróleo, que voltou a subir. O barril tipo Brent valorizou 3,55%, negociado a US$ 83,87 segundo dados da ICE.

O time de baixa ainda teve participação da Gol (GOLL4), que liderou o pregão durante boa parte da manhã. Essa reversão se deve a alta do dólar, que subiu 1,25%, a R$ 5,23, refletindo incerteza econômica e a queda de braço entre o governo e o BC.

Os juros também tiveram estresse nas curvas mais longas com o atrito. Os contratos para 2026 encerram a 13,08%, alta de 5 pontos-base, enquanto opções para 2029 subiram a 13,41%, aumento de 17 pontos-base.

Mais cedo, a Gol disse que a Abra Group, controladora da empresa, firmou um compromisso que resultará no alongamento da dívida da companhia aérea e transformará a holding na maior credora da Gol.

Sob os termos do acordo, credores da Gol aceitaram vender títulos de dívida com vencimento em 2024, 2025 e 2026 para a Abra, que, por sua vez, entregará estes títulos à Gol em troca de outros títulos de dívida com vencimento em 2028.

Além disso, a Abras vai investir aproximadamente US$ 400 milhões na Gol comprando títulos de dívida, também com vencimento em 2028, que serão emitidos pela companhia aérea. O dinheiro será usado para modernização da frota e para o gerenciamento de obrigações.

Uma parte da dívida da Gol será representada por títulos de dívida conversíveis em ações (GOL ESSNs), que também poderão ser subscritos por acionistas preferenciais da companhia que desejarem exercer direito de preferência.

Para Sergio Castro, analista CNPI do TradeMap, o acordo anunciado pela Gol alivia a situação financeira da empresa no curto prazo. “A maior parte das dívidas será para o longo prazo e o maior credor será o controlador, o que pode gerar maior conforto para negociação futura dos prazos e juros”, afirma.

Embraer em alta

Na outra ponta, Embraer (EMBR3) liderou as altas, com valorização de 3,10%, enquanto a Minerva (BEEF3) teve alta de 1,48% e Gerdau (GGBR4) subiu 1,43%.

No caso da fabricante brasileira, o bom humor sinaliza a expectativa de facilitação da venda de aeronaves para o Irã, segundo matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo.

A Minerva, por sua vez, reflete a preferência do mercado em relação aos pares, diante do cenário positivo para a carne bovina na América do Sul, onde a empresa está bem preparada para atender a demanda e pode se beneficiar.

Mercado global e criptos

Apesar de perder intensidade após as falas de Powell, as principais Bolsas globais conseguiram se manter no campo positivo nesta sessão, revertendo partes das perdas registradas na véspera.

Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,78%, o S&P 500 teve alta de 1,29% e a Nasdaq valorizou 1,90%. No outro lado do Atlântico, o Euro Stoxx 50 ganhou 0,09%.

Seguindo o caminho das Bolsas, o mercado cripto também segurou o campo positivo. Por volta de 17h30, o Bitcoin (BTC) ganhava 1,76% em relação as últimas 24 horas, acima de US$ 23,2 mil, enquanto o Ethereum (ETH) ganhou 1%, a US$ 1,6 mil.

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