Em um dia de alta volatilidade, as Bolsas americanas acabaram zerando a alta e passaram a operar em queda após Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), sinalizar que o processo de desaceleração da inflação começou, mas ainda é insuficiente para levar a inflação à meta de 2% ao ano.
As Bolsas americanas chegaram a ampliar a alta logo no início da entrevista de Powell no Clube Econômico de Washington, mas acabaram invertendo o movimento após o presidente do Fed jogar um banho de água fria na animação do mercado e ressaltar que a autoridade monetária vai reagir aos dados econômicos.
Segundo ele, se o mercado de trabalho continuar forte e a inflação continuar mais alta, o Fed pode “subir a taxa de juros mais do que está precificado nos mercados.”
Na quarta-feira passada (1), o Fomc, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed, aumentou os juros americanos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. A elevação ficou em linha com o esperado pelo mercado, e foi menos intensa que a anunciada na decisão de dezembro, quando a taxa subiu 0,50 p.p.
A próxima decisão do Fed será anunciada em março, e o mercado de juros futuros dos EUA prevê chance de 93,7% de as taxas aumentarem em 0,25 p.p., segundo dados do CME Group.
Para maio, o mercado está dividido entre uma alta de 0,25 ponto, hoje com 64,8% de probabilidade, e a manutenção dos juros.
“O cenário mais provável é de duas altas de juros e esperamos que a taxa fique parada por bastante tempo e não vai haver espaço para queda de juros rápida como aconteceu em outros ciclos”, diz Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital.
Às 16h, o S&P 500, um dos três principais índices acionários caía 0,18%, a 4.103 pontos, enquanto o Nasdaq Composto tinha alta de 0,15% a 11.905 pontos, abaixo da máxima de 12.112 pontos que chegou a alcançar nesta terça-feira (7) antes do discurso de Powell.
No mercado local, o Ibovespa ampliou a queda após o discurso de Powell e caía 0,85% para 107.795 pontos.
Já o dólar comercial ampliou a alta e subia 0,44% a R$ 5,196.
Durante a entrevista, Powell disse que o “processo desinflacionário da economia americana começou, mas que ainda está em estágio inicial e ainda tem um longo caminho”. Powell ressaltou que ainda é preciso ver uma queda da inflação principalmente no setor de serviços.
Powell disse que acredita que a inflação deve cair para ao redor da meta de 2% até o fim do ano que vem e que o mercado de trabalho americano hoje está em pleno emprego.
O índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE), a medida de inflação preferida do Fed, desacelerou para 4,4% em 12 meses em dezembro, após o patamar de 4,7% do dado anterior.
Nesse cenário, o presidente do Fed repetiu que é preciso manter a política monetária em terreno restritivo e que o processo de alta de juros em curso é “apropriado”.
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