Com histórico de retorno que chega a superar cinco vezes a performance do principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, os fundos de ações das gestoras Dynamo, Bogari Capital, Squadra Investimentos e Atmos Capital estão entre os mais rentáveis do mercado brasileiro.
Esses fundos têm em comum a estratégia de investimento conhecida como value investing, a mesma do megainvestidor Warren Buffett, que busca identificar empresas que estão com preços descontados em relação ao seu valor justo e que apresentam perspectivas de crescimento no longo prazo.
Além disso, têm foco em governança e atuação ativa nas empresas. Para obter um histórico de sucesso, esses fundos estudam a fundo as empresas que investem, se aproximam da gestão das companhias para montar posições para o longo prazo.
Levantamento feito com base na ferramenta de comparação do TradeMap mostrou que os renomados fundos de ações dessas gestoras tinham, em abril – dado mais recente disponível na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – uma ação em comum nas carteiras: a operadora de planos de saúde Hapvida (HAPV3).
A Hapvida concluiu a fusão com a NotreDame Intermédica em janeiro deste ano e está em processo de consolidação das sinergias da operação. Em 2022, o papel acumulava queda de 20,91%.
Veja abaixo as ações que os fundos amo, Bogari Capital, Squadra Investimentos e Atmos Capital tinham em comum na carteira. Se inscreva na plataforma do TradeMap e veja a carteira dos grandes fundos.
Maiores posições em carteira
Com valorização de 600,7% desde o início da operação, em 8 de julho de 2008, contra alta de 84,6% do Ibovespa no período, o fundo Bogari Value FIC FIA, gerido pela Bogari Capital liderada por Flavio Sznajde, tinha as ações da Vibra (VBBR3) como a maior posição na carteira em abril, representando 10,3% do portfólio.
Ex-BR Distribuidora, a empresa registrou lucro líquido de R$ 707 milhões no segundo trimestre deste ano, alta de 85,1% na comparação anual. O papel acumula queda de 13,50% no ano.
O fundo da Bogari acumulava queda de 12% no ano, até 8 de setembro, contra alta de 4,9% do Ibovespa e somava R$ 786 milhões de patrimônio.
Já a Atmos Capital, fundada por Bruno Levacov e Lucas Bielawski, tinha a maior posição na carteira, em abril, a ação da empresa de energia Eneva (ENEV3), que respondia por 7,21% do portfólio, que hoje soma R$ 757 milhões de patrimônio.
A Eneva é fruto do processo de recuperação judicial da antiga MPX, empresa criada por Eike Batista. A companhia passou por um re-IPO em 2017 e realizou uma grande transformação, atuando hoje em gás natural e geração de energia via termelétricas. O papel acumula alta de 12,65% no ano.
Mas a posição da Atmos na empresa foi reduzida para menos de 5% segundo fato relevante divulgado no fim de junho.
O fundo Atmos Ações FIC FIA acumula queda de 8,69% no ano e valorização de 697,05% desde o início da operação, em 15 de outubro de 2009, contra alta de 64,78% do Ibovespa.
Fundos aproveitam queda de ações para ir às compras
Um dos fundos de ações mais famosos do mercado, o Dynamo Cougar tinha, em abril, a maior posição em ações da Natura (NTCO3).
A gestora aproveitou a queda de 36,45% do papel neste ano para aumentar a posição na empresa de cosméticos.
A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 766,7 milhões no segundo trimestre de 2022, revertendo o lucro de R$ 234,8 milhões registrados no mesmo período do ano passado, e trocou de comando em junho, parte de uma ampla reestruturação diante de desafios de integração após a aquisição da Avon.
A posição em Natura é uma das que contribuiu para a queda de 12,11% do fundo neste ano, até 6 de setembro, contra alta de 4,71% do Ibovespa. Desde no início, em 1º de setembro de 1993, o fundo acumula uma valorização de de 3.353.264% , o que representa uma variação anualizada de 43,18%%, contra uma média anualizada de 27,16% do Ibovespa.
A gestora reabriu o fundo em fevereiro e captou R$ 1,1 bilhão em menos de 50 segundos.
A Squadra também aproveitou a queda de alguns papéis que estavam com preços descontados em relação ao seu valor justo para ir às compras na Bolsa neste ano.
A gestora tinha, em abril, o papel da empresa de energia elétrica Equatorial (EQTL3) como a maior posição em carteira do fundo de ações Squadra Long Only.
A Equatorial reportou prejuízo de R$ 170 milhões no segundo trimestre, contra lucro de R$ 510 milhões um ano antes, e acumula alta de 11,41% no ano na Bolsa, acima do Ibovespa.
A Squadra tinha uma posição relevante na empresa, respondendo por 8,9% do capital, segundo site da Equatorial.
“Você pode ter uma empresa muito boa e, se o resultado de curto prazo decepciona, o impacto no preço é muito grande. Para quem consegue ter uma visão de longo prazo, acho que tem muito preço bom no mercado”, disse Guilherme Aché, sócio-fundador da Squadra Investimentos em entrevista à Agência TradeMap em 20 de maio deste ano.
O fundo Squadra Long Only acumula alta de 0,80% no ano e valorização de 754,67% desde seu início, em 31 de março de 2008, contra alta de 81,28% no período.
Procuradas, as gestoras não quiseram comentar o assunto.