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Prévia da inflação desacelera em maio, mas traz mau presságio sobre preços futuros

Inflação de maio foi contida pela bandeira verde de energia, mas ainda mostra maus sinais para preços

Foto: Shutterstock

Contido principalmente pelo início da bandeira verde na conta de energia, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou e avançou 0,59% em maio. A alta, no entanto, veio acima do esperado pela maior parte dos analistas, e as más notícias não param por aí.

Os números mostraram que o núcleo do indicador (ou seja, os itens que mostram menos volatilidade de preços e que costumam prever melhor a inflação futura) avançou neste mês, e que os aumentos se mantiveram altamente disseminados: 75% dos produtos e serviços pesquisados pelo IBGE subiram de preço, bem acima da média histórica, de 60% para meses de maio.

De acordo com economistas, esse é um mau presságio para os preços, com o IPCA-15 colocando ainda mais pressão sobre o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) para elevar a Selic não somente em junho, mas também em agosto.

“Os dados dessazonalizados [ou seja, quando se retira dos números os efeitos típicos de cada mês] dos núcleos do IPCA mostram avanço de 0,98%, em abril, para 1,22% em maio”, aponta o economista Luis Menon, da Garde Asset Management. “Na margem há uma aceleração, o que é um sinal de que a inflação continuará forte.”

Por volta das 11h30, os contratos futuros de juros eram negociados em alta: os DIs com vencimento em julho de 2025 eram negociados a 12,15%, aumento de 24 pontos-base, segundo a plataforma TradeMap. Os contratos com vencimento em junho de 2023 estavam em alta de 20 pontos-base, a 13,46%.

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Os especialistas apontam ainda que boa parte da perda de fôlego da inflação em maio veio do fim da bandeira de escassez hídrica, que onerava os preços do grupo habitação. “O início da bandeira verde retirou, sozinho, 70 pontos-base da inflação. Ou seja: sem isso, o índice deveria ter vindo bem acima. E esse é um efeito pontual, que não vai se repetir”, diz Menon.

Para Luciano Rostagno, estrategista chefe do Banco Mizuho, a resistência da inflação no início do ano está relacionada a uma série de fatores: o reajuste do salário-mínimo, o pagamento do Auxílio Brasil, as injeções de liquidez com a liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e a própria reabertura da economia.

“No segundo semestre, a tendência é a economia perder força, com a inflação persistente corroendo o poder de compra do trabalhador e as incertezas em relação às eleições prejudicando o mercado de trabalho. Acredito que a inflação tenha atingido seu pico em abril”, avalia. “A questão é mais a velocidade de desaceleração, que aparentemente vai ser mais lenta do que estava previsto.”

Na avaliação da economista Claudia Moreno, do C6 Bank, os números mostram que ainda não é possível dizer que a inflação dá sinais de arrefecimento. “Os principais segmentos que compõem o IPCA-15 vieram acima do esperado”, afirmou. “Serviços e bens industriais, em particular, registraram aceleração em relação ao mês anterior.”

No acumulado em 12 meses, a inflação sobe 12,20%, acima dos 12,03% registrados em abril.

“A abertura do índice mostra que a qualidade da inflação segue bastante ruim, com pressão relevante nos núcleos de inflação e alta disseminada entre os itens e serviços pesquisados”, afirmou João Savignon, economista da Kínitro Capital.

Alta de juros também em agosto?

Para analistas, o cenário aumenta a pressão para que o Banco Central aumente os juros também na reunião de agosto ou mantenha a Selic em um patamar elevado por mais tempo.

Após considerar a possibilidade de parar de subir juros, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) reconheceu pressões inflacionárias maiores do que esperava, aumentou a Selic em 1 ponto porcentual, a 12,75% ao ano, e sinalizou que a alta de juros continua, em menor grau, na próxima reunião, em junho.

Ao mesmo tempo, não se comprometeu com o final do ciclo atual. De março do ano passado para cá, a taxa básica subiu 10,75 pontos, o maior choque de juros de um ciclo de aperto monetário desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC elevou a taxa em 20 pontos percentuais em uma só reunião.

“A divulgação do IPCA-15 levou a uma abertura dos vértices mais curtos da curva de juros, com o mercado precificando que o Banco Central possa ter de elevar a Selic adicionalmente na reunião de agosto”, afirmou Daniel Arruda, analista do Inter Research.

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