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Com guerra entre Rússia e Ucrânia, bancos já veem juros básicos acima de 13% em 2022

Conflito no Leste Europeu impulsiona cotação das commodities e inflação

Foto: Shutterstock

A invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas do Ocidente, com forte impacto sobre as cotações das commodities e sobre a inflação global, vêm levando a uma bateria de revisões para cima nas projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e para os juros básicos.

A disparada de matérias primas essenciais como petróleo, trigo e aço faz com que algumas instituições financeiras já esperem um cenário que era pouco provável antes do agravamento do conflito, projetando alta de preços de 7% e uma taxa Selic de mais de 13% no final de 2022. Nesta quinta (10), a Petrobras reajustou a gasolina em 18,8% e o diesel em 24,9%. 

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É o caso do Credit Suisse, que publicou relatório revisando sua aposta para o IPCA de 6,2% para 7% e juros de 12,75% para 13,25% ao ano até dezembro. Para 2023, o banco também reajustou sua projeção de inflação de 3,8% para 4% e da Selic de 7,5% para 8,5%.

“Esperamos que os preços mais altos para alimentos e gasolina superem o impacto de preços industriais mais baixos devido à redução de impostos implementada pelo governo neste ano”, diz o relatório assinado pelos economistas Solange Srou, Lucas Vilela e Rafael Castilho, referindo-se à redução de 18,5% no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) da linha branca e veículos em vigor desde 1º de março.

No caso de 2023, a projeção é de um IPCA maior por causa da chamada “inflação inercial” –quando a alta de preços passada se reflete em contratos indexados a índices e reajustes salariais e vai se retroalimentando automaticamente.

Esse movimento, na avaliação dos economistas, levará a um aumento maior na Selic. “Mantemos nossa estimativa de que o Banco Central aumentará a Selic em 100 pontos base em março, mas para os encontros de maio e junho revisamos nossas expectativas em cada encontro de 50 pontos para 75 pontos, o que levará a taxa a 12,25%”.

Desfecho difícil de prever

O Bradesco também revisou suas expectativas para este ano, mas está um pouco menos pessimista para os impactos do conflito sobre preços e juros. O banco, que antes apostava em uma Selic de 11,75% até o final de 2022, agora espera uma taxa de 12,75% no final do ciclo de alta –a projeção para o IPCA aumentou de 5,4% para 6%. Para o final de 2023, a aposta é de 3,5% para a inflação e 8,5% para juros.

“Ainda é difícil prever o desfecho da guerra na Ucrânia e esse desfecho pode alterar de maneira significativa os números do cenário. De toda forma, os efeitos econômicos globais devem ser mais inflação e menos crescimento, resultados que também deveremos observar no Brasil”, apontou relatório da equipe liderada pelo economista-chefe do banco, Fernando Honorato Barbosa.

A instituição financeira acredita que o Brasil vive um choque de oferta em que a eficácia da política monetária para conter os preços é baixa. “Mas dado o nível de inflação já elevado e significativamente acima da meta, o Banco Central deve elevar os juros um pouco mais do que imaginávamos e optar por uma convergência mais gradual da inflação, mesmo que além de 2023”, avaliou o Bradesco.

Disparada de preços

Além do horror humano da guerra entre Rússia e Ucrânia, o conflito tem um importante impacto econômico global: a escalada das cotações das commodities, impulsionadas pelas sanções aos russos –nesta terça (8), Estados Unidos e países da Europa anunciaram restrições às importações de produtos de energia do país presidido por Vladimir Putin.

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A alta dos preços do petróleo (lembrando que a commodity chegou a se aproximar de US$ 140 o barril do tipo Brent, maior patamar em 10 anos) é somente o aspecto mais falado do problema. A Rússia é a maior produtora de trigo do mundo, responde por cerca de 10% do comércio global de aço e é a principal fornecedora de fertilizantes do Brasil.

Mesmo que a guerra seja resolvida do dia para a noite, as consequências sobre os preços irão perdurar, segundo especialistas. “Está evidente que a inflação vai continuar sendo um problema persistente e se antes projetávamos que o [IPCA] acumulado em 12 meses iria começar a ceder por volta de fevereiro ou março, agora esperamos que vá apenas começar a recuar por volta de maio ou junho”, apontou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Ele revisou a estimativa da inflação deste ano de 5,8% para 6% e a Selic de 12,25% para 13,25%, mas avalia aumentar ainda mais sua projeção para o IPCA após o forte reajuste da Petrobras.

Outro banco que revisou sua projeção de inflação de 6% para 7% e a Selic de 12,25% para 13,25% em dezembro deste ano é o BNP Paribas. “O conflito deve reduzir a produção global de trigo e exportações de fertilizantes e elevar os preços do petróleo, afetando os preços dos grãos e os custos para o setor de proteínas”, disse relatório da instituição.

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BNP Paribas eleva projeção de inflação para 7% e espera Selic a 13,25% em 2022

 

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