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Abaixo do esperado: IPCA desacelera e sobe 0,47% em maio

Em 12 meses, índice oficial de preços avança 11,73%, segundo o IBGE

Foto: Shutterstock

Puxada pela redução no preço da energia e pela desaceleração de alimentos e combustíveis, a inflação perdeu ritmo em maio, avançando 0,47%, de acordo com dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados há pouco pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, o índice havia subido 1,06%.

A alta veio abaixo da esperada por analistas de mercado – os especialistas ouvidos pela Reuters esperavam um avanço de 0,60% no mês passado. O indicador acumula alta de 4,78% no ano e de 11,73% nos últimos 12 meses.

O maior impacto para o aumento dos preços veio do grupo transportes, que subiu 1,34%.

“A alta foi puxada pelas passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%), sendo o maior impacto individual positivo no índice do mês (0,08 p.p.), juntamente com os produtos farmacêuticos, que subiram 2,51% (impacto de 0,08 p.p.)”, apontou o IBGE em nota que acompanha a divulgação.

O instituto ressaltou que a coleta dos preços de passagens aéreas é feita dois meses antes.

“A alta [ das passagens aéreas] deve-se a dois fatores: elevação dos custos devido ao aumento nos preços dos combustíveis e pressão de demanda, com o aumento do consumo após um período de demanda reprimida por serviços, especialmente aqueles prestados às famílias. Isso impacta, também, alimentação fora do domicílio e itens de cuidados pessoais”, explicou no texto o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

O único grupo do índice que apresentou queda foi habitação (-1,70%), contribuindo com um impacto de -0,26 ponto percentual no índice do mês. “A queda deve-se à redução nas contas de energia, pelo segundo mês seguido, em função de mudança de bandeira tarifária. Em 16 de abril, cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à bandeira escassez hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz”, disse o IBGE.

O instituto ainda destacou a perda de ritmo do preço dos combustíveis, que também tiveram desaceleração após altas expressivas nos preços das refinarias em março, que foram repassadas para o consumidor final em março e em abril. “A desaceleração nos preços dos combustíveis (1,00%) em relação ao mês anterior (3,20%), ocorreu devido especialmente à gasolina, que passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio.”

Outro destaque do mês passado foi a desaceleração do segmento de alimentos e bebidas, que registrou expansão de 0,48%, após crescer 2,06% em abril.

Kislanov explicou que produtos que vinham subindo bastante tiveram quedas expressivas em maio, como o tomate (-23,72%), cenoura (-24,07%) e batata-inglesa (-3,94%). Ele observou ainda que existe um componente sazonal porque, normalmente, o início do ano é marcado por preços mais altos dos alimentos devido a questões climáticas.

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IPCA: Disseminação da inflação é a maior em 20 anos; 78% dos itens subiram em abril

BC sob pressão

O dado é divulgado uma semana antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que anuncia sua decisão para os juros na próxima quarta-feira (15).

Após considerar a possibilidade de interromper o processo de aperto monetário, o BC reconheceu pressões inflacionárias maiores do que era esperado e sinalizou no comunicado da última reunião, no início deste mês — a Selic subiu 1 ponto, a 12,75% ao ano— que a alta de juros continua, em menor grau, na próxima reunião.

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BC sinaliza alta menor no próximo Copom, mas não se compromete com fim do ciclo

De março do ano passado para cá, a taxa básica subiu 10,75 pontos, o maior choque de juros de um ciclo de aperto monetário desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC elevou a taxa em 20 pontos percentuais em uma só reunião.

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