1 bi de entregas: Mercado Livre (MELI34) fecha 2022 usufruindo dos investimentos em tecnologia

No acumulado de 2023, as ações da varejista sobem 36%

Foto: Shutterstock/Leonidas Santana

Ignorando as perspectivas de um final de ano mais difícil para as varejistas brasileiras, o Mercado Livre (MELI34) apresentou seu resultado do quarto trimestre, na noite da última quinta-feira (23), superando as projeções do mercado.

De acordo com consultorias especializadas no tema, a Black Friday do ano passado foi a mais fraca desde que a data passou a ser “comemorada” no Brasil. O Mercado Livre não se deixou abater e reportou mais uma alta taxa de crescimento em qualquer uma de suas métricas.

O GMV (valor bruto de mercadoria) cresceu 20% no quarto trimestre, se comparado ao mesmo período de 2021, para US$ 9,61 bilhões. No ano, o montante atingiu US$ 34,44 bilhões (+21,4%).

A linha foi beneficiada pelo forte crescimento do Mercado Envios, o braço da Meli ligado à logística. No ano passado, o serviço realizou 1 bilhão de entregas (quase 32 entregas por segundo), com forte penetração no Brasil, principal mercado da companhia.

Esse forte número é resultado do investimento em tecnologia e infraestrutura do comércio eletrônico como um todo que a empresa fez ao longo dos últimos anos. 

A receita líquida atingiu US$ 3 bilhões no quarto trimestre de 2022, melhora em US$ 813 milhões na comparação anual. No acumulado do ano, a receita líquida somou US$ 10,53 bilhões (+49,09%), e o take rate (fatia do GMV que se torna receita) acompanhou, subindo 0,20 p.p.

O custo da receita cresceu em velocidade muito menor, o que contribuiu para a rentabilidade da empresa. 

No fim das contas, o lucro líquido da empresa saiu de US$ 83 milhões em 2021 para US$ 482 milhões no fechamento de 2022, avanço de 480,7%. A margem líquida saiu de 1,17% para 4,57%. 

O investimento em tecnologia mais do que dobrou nos últimos dois anos, o que implica em capacidade de mão de obra e recursos em inovação para os anos que se seguem.

Na véspera, as ações da Meli subiram 1,61% na Nasdaq, para US$ 1,13 mil. No acumulado de 2023, as ações avançam 36%.

Mercado livre, o carro-chefe

O grosso da receita Mercado Livre ainda vem de sua operação de comércio eletrônico, atuante no Brasil, Argentina e México. Em dólares, a operação de e-commerce cresceu 22%, sendo que o México contribuiu com alta de 55% e o Brasil, mercado mais maduro e concorrido, avanço de 36%.

O GMV no Brasil cresceu 29% ano contra ano, reafirmando a capacidade de entrega de resultados da gestão da companhia, mesmo num período dito desafiador para as demais varejistas no Brasil.

Na Argentina, seu país de origem, a perda do poder de compra é sentida por toda a economia e não é diferente da Meli, mas mesmo assim houve um sólido avanço de 13% no GMV. É a geografia que menos entrega resultado por conta de uma questão conjuntural, mas que perdura há anos. 

O diferencial do Mercado Livre para seus pares, principalmente os brasileiros, diz respeito à diversificação de amplitude de alcance de seus demais negócios (resultados do viés tecnológico que remete à sua criação, no fim da década de 1990). São eles:

  • Mercado Livre, vertical de e-commerce;
  • Mercado Pago, vertical financeira.
    Desta, advém o Mercado Crédito;
  • Mercado Envios, vertical logística;
  • Mercado Ads;
  • Mercado Shops.

Mercado Pago

O braço financeiro da companhia é uma das maiores beneficiadas pelo crescimento do Mercado Livre para além das fronteiras do comércio eletrônico.

Hoje, todas as transações são realizadas por meio da fintech, que atualmente tem 44 milhões de usuários únicos.

Desde 2019, o TPV (valor total transacionado) do Mercado Pago cresceu quatro vezes, e a receita da fintech avançou cinco vezes. Com margens maiores, hoje a vertical financeira é uma das maiores contribuidoras para o lucro da companhia como um todo.

Leia também:

Os números do TPV são separados por on-platform (que considera todo o ecossistema) e off-platform (que desconsidera as transações realizadas dentro do site do Mercado Livre. Nos últimos 12 meses, o Mercado Pago tem crescido entre 50% e 100% trimestre a trimestre, nas respectivas comparações anuais.

No que se refere ao crédito, a maior parte está alocada em cartões de crédito – como tradicionalmente acontece nas fintechs. A inadimplência acima de 90 dias está em 10%, acima do que as demais varejistas reportam

A falta de provisões um pouco mais conservadoras num momento de alta dos juros no Brasil pode ser um ponto de atenção no balanço. 

Mercado Ads

Para monetizar a plataforma, o Mercado Livre tem incentivado cada vez mais seus clientes a utilizarem o ads. Os produtos que aparecem na parte de cima das páginas de busca por produtos, assim como no Google, são financiados pelos seus anunciantes.

A receita da linha foi equivalente a 1,4% do GMV no quarto trimestre, representando US$ 134,6 milhões.

O crescimento se dá em todas as geografias, segundo o Mercado Livre. No ano passado, a empresa mais do que dobrou os profissionais de tecnologia responsáveis por essa área, que cresceu 400% nos últimos três anos. 

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.