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Crise da Americanas (AMER3) pode elevar custo do setor de varejo no curto prazo, avalia Fitch

Mas agência de classificação de risco vê como baixo a chance de rebaixamento da nota das empresas do setor

Foto: Shutterstock/thiago bacelar

As empresas do setor de varejo estão entre as que mais devem sentir os efeitos da desaceleração da economia em 2023, ainda em um ambiente de juros elevados e contração da renda das famílias. Adicionalmente, a recuperação judicial da Americanas (AMER3) pode elevar, ao menos no curto prazo, o custo de captação do setor, segundo avaliação da agência de análise de risco Fitch, que vê baixo o risco de refinanciamento para essas empresas.

“A disponibilidade ao setor deve ser monitorada, dado que esses acontecimentos podem afetar o investidor e elevar o custo de captação de algumas empresas, mas não é algo que a gente ache que se sustente no longo prazo, ainda mais para os maiores participantes do setor”, avalia Fernanda Rezende, diretora da Fitch, durante o Credit Outlook 2023.

A Americanas é uma das empresas que é avaliada pela agência de classificação de risco. Após a fraude contábil e o pedido de recuperação judicial, a nota da empresa como emissor local foi rebaixada de C para D, o que significa dizer que passou de risco de inadimplência para algum evento de inadimplência.

Caixa negativo

Na avaliação de Rezende, as companhias do setor vão ter fluxo de caixa livre negativo, ou seja, vai sair mais dinheiro do caixa do que entrar, mas devem conseguir fazer o repasse do aumento de custos e reduzir os estoques.

“Muitos participantes do setor estão com alavancagem elevada, acima do trigger (gatilho) de rebaixamento de nota, e o ambiente de negócios adiciona riscos a empresas com esses indicadores já fracos”, diz.

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Das empresas do setor que estão com riscos mais elevados, Rezende cita a situação de Guararapes (GUAR3) e C&A (CEAB3).

“Mas essas empresas devem preservar uma liquidez saudável. Elas têm conseguido emitir dívidas de longo prazo e possuem os recebíveis dos cartões de crédito, o que reduz o risco de refinanciamento”, conta.

Risco de rebaixamento

Outros setores que devem encontrar uma maior dificuldade ao longo do ano é o de aço e cimento, uma vez que juros elevados e endividamento das famílias restringem a atividade do setor de construção civil. Mas, como contraponto, há a expectativa de que os projetos de infraestrutura melhorem as perspectivas para o setor.

Já no caso das empresas de saúde, o desafio é para que elas retornem aos níveis pré-pandemia em um ambiente de negociação de reajuste com os prestadores de serviços.

“As operadoras de saúde continuam com o desafio de reduzir a sinistralidade e as companhias têm que capturar as sinergias das aquisições realizadas e assim conseguir melhorar as margens operacionais”, afirma a diretora da Fitch.

Apesar do ambiente de desaceleração da economia, com o PIB saindo de um crescimento em torno de 3% em 2022 para algo perto de 1% em 2023, a Fitch acredita que apenas 5% das empresas do universo de cobertura podem exceder os gatilhos de alavancagem e sofrerem rebaixamento. Para 84% das empresas, a expectativa é de estabilidade nas notas.

Já o segmento de alimentação sofre menos pressão, mesmo com as margens pressionadas pela inflação. Há expectativas positivas também em relação às empresas de educação.

“O segmento de alimentação deve continuar se beneficiando de um ambiente mais estável, mas com margens pressionadas. Por outro lado, potenciais medidas em relação ao Bolsa Família podem apoiar o setor. E nesse novo governo, o retorno do Fies tem papel de estimular a demanda, o que ajuda as empresas de educação”, conta a executiva.

Outro setor que deve sofrer menos pressão é o de saneamento, que possui repasses de preços de acordo com a inflação.

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